Música paranaense é tema da tribuna livre

por Assessoria Comunicação publicado 21/11/2007 18h10, última modificação 18/06/2021 08h04
A cultura musical paranaense e as dificuldades enfrentadas pelo Fórum Permanente de Música do Paraná, representado pelo coordenador do órgão, Manoel de Souza Neto, foram apresentadas na Câmara Municipal de Curitiba nesta quarta-feira (21), no horário da tribuna livre. O convite partiu do vereador Valdenir Dias (PSB), que saudou o convidado, refletindo que “temos que valorizar o que é nosso, da nossa terra e da nossa gente”.
Manoel Neto falou sobre as limitações da música local e brasileira frente às estrangeiras, diante da existência de acordos internacionais e imposições enraizadas no Brasil e nos demais países. “Atualmente, mais importante economicamente que a indústria da cultura é a do armamento”, informou, completando que 1% da população economicamente ativa no País é formada por trabalhadores da área musical, em constante crescimento.   
O coordenador destacou os desafios em constituir um sistema cultural democrático e acessível, que valorize a ampla diversidade de manifestações. Neto comentou a necessidade da criação de políticas públicas para o desenvolvimento cultural  e legislação específica que acarrete benefícios aos músicos. Pediu a preservação e fortalecimento das ações e estruturas da cultura paranaense. “Todos devemos ter consciência da importância do reconhecimento da dimensão cultural para o desenvolvimento humano e para a construção de uma sociedade democrática, justa e solidária”, disse.
Em apartes, diversos vereadores, entre eles José Roberto Sandoval (PTB), Zé Maria (PPS), Custódio da Silva (PR), Angelo Batista (PP), Tico Kuzma (PSB), Professora Josete (PT), Paulo Salamuni (PV), Roberto Hinça (PDT), Luis Ernesto (PSDB) e Mario Celso Cunha (PSB) cumprimentaram Valdenir Dias pelo convite e Manoel Neto, pelo trabalho desenvolvido em nome do Fórum.
Pirataria
Assuntos polêmicos também foram levantados pelos parlamentares. O tema pirataria foi questionado pelo vereador Tico Kuzma como “fator atual, complexo, e talvez o que mais preocupa os músicos não só regionais, como de todo o País”. Na sua opinião, deve ser pensada uma alternativa para combater a pirataria, mas que garanta à população acesso à cultura de maneira mais barata. Os valores e cobranças do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição  (Ecad), responsável pela a arrecadação e distribuição dos direitos autorais das obras musicais no País, foram criticados pelos vereadores Roberto Hinça e Luis Ernesto, ambos radialistas. Para eles, “prejudicam, muitas vezes, o crescimento profissional de novos músicos”.
“O Ecad é uma caixa preta. Quem deveria receber não recebe, apesar de ser reconhecido, a partir do momento em que há cobrança. O custo da cultura e do entretenimento cresceu e a economia e os incentivos, não”, considerou Manoel Neto, sugerindo a divulgação da música paranaense em instituições públicas e no transporte coletivo. Foi criticado, também, o direito autoral. Para o líder do prefeito, Mario Celso Cunha, “o direito autoral é a fronteira da música. Por isso, temos que prestigiar o que é nosso”, disse.
Obra 
Durante 15 anos, o produtor musical Manoel de Souza Neto acompanhou eventos musicais em Curitiba e reuniu acervo sobre a cultura musical paranaense. Como resultado, lançou a obra “A (des)construção da música da cultura paranaense”, que relata histórias desde o ano de 1600 até hoje. O livro retrata preconceitos, questões financeiras, desaparecimento de duplas sertanejas, entre outros assuntos.