Mundial de 2014 preocupa vereador

por Assessoria Comunicação publicado 31/05/2011 17h30, última modificação 09/08/2021 15h16
“Estamos a pouco mais de três anos do Mundial de 2014 e pouco foi feito até agora.” A avaliação é do vereador Celso Torquato (PSDB), primeiro-secretário da Câmara, que registrou preocupação com o compromisso de promover a próxima Copa do Mundo, em artigo lido aos demais vereadores, durante sessão a plenária desta segunda-feira (30), na Câmara de Curitiba. Ao lembrar que a escolha foi realizada há quatro anos e pouco foi investido até agora, o vereador lamentou que a euforia esteja dando lugar à preocupação. “O que antes era motivo de orgulho começa a tomar forma de desastre.” O parlamentar fez questão de registrar que “votará contrariamente”, caso seja enviada alguma mensagem para a Casa solicitando qualquer forma de aporte de recurso público destinado a patrimônio privado.
Torquato sintetizou a situação atual com relação ao Mundial na tribuna do Legislativo. Disse que a maioria das 12 cidades-sedes não iniciou as obras viárias e que, mesmo se concluídas, não serão suficientes para resolver problemas de infraestrutura de transporte. Lembrou que as ampliações de 13 aeroportos estão atrasadas. “Um estudo divulgado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) afirma que nove dos aeroportos não estarão prontos para a competição”, disse, acrescentando que a todo instante a Fifa faz novas exigências em relação aos estádios, sendo que alguns nem existem ainda. “Nosso parque hoteleiro não está pronto, nossos profissionais do turismo não estão treinados. Enfim, os desafios que foram colocados não estão sendo enfrentados.”
A situação, na avaliação de Celso Torquato, se agrava com o passar do tempo, já que os valores das obras são revisados quase sempre para mais. “A reforma do Maracanã, que custaria R$ 600 milhões, agora não sai por menos de R$ 1 bilhão. O preço já licitado da reforma de três estádios, Maracanã (Rio), Mineirão (Belo Horizonte) e Mané Garrincha (Brasília), ficou, em média, 17% mais alto que a previsão inicial. O fantasma dos Jogos Pan-Americanos de 2007, em que o custo final foi de oito vezes o valor previsto, é cada vez mais ameaçador.”
Em 2009, conforme o artigo lido pelo parlamentar, quando foi calculado pela última vez, o custo total estava em R$ 23 bilhões. Hoje, os especialistas de plantão falam que essa cifra deverá ser muito maior. “Além disso, não podemos esquecer que quem vai bancar quase que a totalidade desses gastos é o poder público e não a iniciativa privada, ao contrário do que foi alardeado pelo governo federal à época da escolha do Brasil como sede da Copa.”
Curitiba
Em Curitiba, a questão mais polêmica na opinião de Torquato diz respeito à reforma da Arena da Baixada. O vereador lembrou que até o final de 2010 a reforma estava orçada em R$ 135 milhões, mas na quinta edição de seu caderno de encargos, a Fifa trouxe novas exigências, elevando o valor total para R$ 220 milhões. “São R$ 85 milhões adicionais que precisam vir de algum lugar. O clube diz que não tem como levantar esses recursos extras e pede ajuda ao poder público”, alertou.
Celso Torquato citou os principais legados previstos no projeto do Comitê Gestor da Copa 2014, afirmando ser preciso levar em conta a responsabilidade em relação à aplicação dos recursos públicos. Na opinião dele, em primeiro lugar, é preciso avaliar se as exigências da Fifa são realmente necessárias e se não há uma forma de negociá-las. “Não podemos ficar à mercê de uma entidade que a todo momento aumenta suas demandas sem se preocupar com a situação do país sede”.
O vereador também sugeriu que se busque alternativas para conseguir os recursos adicionais para a reforma da Arena. “Não concordo que o município tenha que arcar com mais esse ônus. Temos diversas outras prioridades maiores às quais não podemos dar as costas.”