Mulheres ocupam 65% dos cargos de liderança na Câmara de Curitiba

por José Lázaro Jr. | Revisão: Ricardo Marques — publicado 08/03/2024 18h15, última modificação 11/03/2024 09h23
Protagonismo feminino na Câmara de Curitiba é o dobro da média nacional, onde apenas 38% dos cargos de liderança são de mulheres.
Mulheres ocupam 65% dos cargos de liderança na Câmara de Curitiba

À frente dos cargos de liderança, mulheres são 44% dos efetivos e 38% dos comissionados. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Levantamento realizado pela Diretoria de Gestão de Recursos Humanos da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) mostra que 65% dos cargos de liderança do Legislativo são ocupados por mulheres, colocando a CMC numa posição de destaque no cenário nacional, onde apenas 38% dessas funções estão na mão delas. O panorama brasileiro foi aferido pela consultoria internacional Grant Thornton e mostra que, no país, a desigualdade de gênero vem caindo, mas devagar, pois em 2019 o percentual de mulheres em chefias era de 29%. Na semana em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher, perguntamos a elas o que faz a diferença na Câmara de Curitiba.

“A conquista veio ao longo dos anos, a gente tinha esse potencial, mas ele não era colocado em prática, então quando você muda o olhar e não distingue o ocupante do cargo por ele ser homem ou mulher, mas por ter competência, pelas qualidades, começam a aparecer as oportunidades”, resumiu Ana Cláudia Melo dos Santos, diretora do Departamento de Administração e Finanças (DAF), que coordena a gestão do Legislativo. No DAF, a diretora vê que é hora de a Câmara investir em programas de capacitação para que as mulheres percam o receio de assumir esses cargos e passem a se ver como protagonistas. “A Câmara tem que incentivar”, disse à reportagem.

Na alta gerência da CMC, simbolizada pelas tipologias FG-8, CA-1 e CC-2, Ana Cláudia Melo dos Santos está acompanhada por Izabela Marchiorato, que dirige o Departamento de Plenário e Processo Legislativo (Deprole), pela controladora Margarete Zimmermann Nakano e pela ouvidora Flávia Cristiane Buch. Apenas dois cargos deste escalão são ocupados por homens, a Diretoria Geral e a Procuradoria Jurídica. É um placar de 4 a 2. No organograma da CMC, logo abaixo dos departamentos e órgãos especiais, vêm as diretorias, onde a proporção permanece a mesma. “Recentemente, aqui na Câmara, parece que as altas capacidades das mulheres foram notadas. Não é à toa que tem mais delas nos cargos de liderança”, concorda Jussana Marques, atualmente à frente da Diretoria de Apoio às Comissões, depois de ocupar a direção da CMC.

“Foi-se percebendo a habilidade das mulheres de conduzir tecnicamente, mas com sensibilidade. Neste ano, recebemos a visita de vereadores de Santa Catarina, que vêm para conhecer o funcionamento da Câmara de Curitiba, e eles falaram, meio surpresos, que ‘aqui vocês são comandados por mulheres’. Então, sim, nesse aspecto, a CMC é um exemplo é um caso de sucesso”, comenta a diretora do DAC. Para Débora Reis, gestora da Escola do Legislativo, a equidade de gênero na Câmara de Curitiba é uma conquista a ser comemorada. “Pesquisas mostram hoje que, se a desigualdade de gênero fosse eliminada do mercado de trabalho, o PIB mundial cresceria 20%”, aponta.

"O Dia Internacional da Mulher é uma data histórica e não pode ser esquecido de quando as mulheres enfrentavam uma situação de ameaça, de serem impedidas de trabalhar", lembrou Larissa Carrera Baginski, diretora da Diretoria de Gestão de Recursos Humanos, cujo levantamento comprovou a maioria feminina nos cargos de liderança da CMC. Ela ingressou no Legislativo em 2020 e, em pouco tempo, assumiu um cargo de liderança na Câmara, contribuindo para a estatística positiva. "É uma grande responsabilidade. Eu entrei [na CMC] procurando um lugar para me desenvolver profissionalmente e me foram dadas oportunidades que me permitiram chegar aonde estou hoje", reconheceu, atribuindo a trajetória à confiança dos gestores e à equipe da DGRH.

Olhando os números totais da Câmara de Curitiba, a mão de obra feminina é 44% dos servidores efetivos (89 de 202), 38% dos comissionados (119 de 313), 18% dos vereadores (7 de 38), 54% dos estagiários (42 de 77) e 40% dos menores aprendizes (4 de 10). “Eles são legais, eu gosto de trabalhar com eles”, brincou Maria Eduarda de Souza, estagiária de ensino técnico, que é uma das poucas mulheres da Diretoria de Tecnologia da Informação e Comunicações (DTIC). “Para mim, o Dia da Mulher é a data que eu sou mais valorizada depois do meu aniversário. O estágio aqui na CMC tem sido muito importante, porque eu gerei muito conhecimento e aprendi a conviver com pessoas de todos os tipos”, comentou.


Homenagem às mulheres dá visibilidade às trabalhadoras da Câmara

Na sessão plenária de quarta-feira (6), o presidente da CMC, Marcelo Fachinello (Pode) exibiu em plenário uma homenagem do Legislativo às trabalhadoras da instituição. No vídeo, que pode ser visto nesta notícia, as mulheres da CMC olham para a câmera, num momento de reconhecimento. “Fizemos questão de mostrar o rosto da maioria das nossas servidoras, sejam elas efetivas, comissionadas, terceirizadas, das vereadoras, das estagiárias, das visitantes. São 153 mulheres que foram apresentadas neste vídeo, não são todas, mas é um número muito significativo”, destacou Fachinello.

“Em nome da Câmara Municipal de Curitiba e da sua Mesa Diretora, quero deixar os nossos agradecimentos sinceros a todas as mulheres da capital, que são pessoas tão importantes na vida da cidade, que construímos juntos o futuro com a força e a coragem do seu trabalho, com sua perseverança e resiliência, e que nos inspiram todos os dias. As vereadoras de Curitiba têm histórias e pautas diferentes, até por isso representam a população da cidade com grande competência e seriedade. Todas vocês têm a minha, a nossa admiração e respeito”, parabenizou Marcelo Fachinello. “Quero fazer um agradecimento especial às mulheres que trabalham na CMC. Este Legislativo é um exemplo, aqui elas ocupam os espaços que desejam, com competência”, defendeu.