Mulheres negras falam sobre as dificuldades no mercado de trabalho
Uma reunião pública realizada na Câmara Municipal de Curitiba (CMC), na tarde desta terça-feira (27), debateu a situação das mulheres negras no mercado de trabalho. Com o tema “Mulheres Negras, trabalho e resistência no Município de Curitiba”, o evento promovido pela vereadora Professora Josete (PT) também homenageou trabalhadoras da capital que atuam em diversas áreas, de catadoras de papel a educadoras.
“Ao mesmo tempo que ficamos felizes de fazer esse evento, é claro que temos que fazer a reflexão da realidade, mais do que nunca temos que nos organizar para esse próximo período”, alertou Professora Josete. Ela lembrou que, quando estudou, na década de 1970, aprendeu “que a libertação dos escravos foi um ato de bondade da princesa Isabel”, mas na década seguinte, com uma abertura democrática maior, passou-se a discutir a luta dos negros pela liberdade “passei a debater Zumbi dos Palmares, Dandara, o que era um quilombo, aprendi muito para ajudar as crianças a refletir. Mas a gente nesse momento parece que está correndo o risco de perder o direito de ensinar isso nas escolas”, disse Josete, manifestando preocupação com o projeto Escola sem Partido.
Juliana Mittelbach, ativista da Rede de Mulheres Negras e da Marcha Mundial das Mulheres, ponderou que apesar dos 130 anos da abolição da escravatura completados neste ano, não houve uma política de reparação histórica aos negros e que eles “foram colocados pra fora sem direito a um espaço”. Como consequência, houve “a marginalização nas periferias [no sentido de estar à margem] e no mercado de trabalho”. Para ela, “só depois de muito tempo do movimento negro se organizando e gritando, as mudanças começaram a aparecer”.
Juliana acredita que, apenas a partir de 2003, iniciaram as primeiras políticas públicas “entendendo que houve um crime no Brasil e que este é um país racista, que tem uma base escravocrata”. Ela citou como avanço no país o programa Bolsa Família, do Governo Federal, e que dos 46,6 milhões de brasileiros atendidos pelo programa, 76% são negros e negras. “Teve muita gente que aproveitou pra superação da miséria, e isso fez o Brasil sair do mapa da fome. Esse discurso de que negro faz filho pra poder sobreviver [com o Bolsa Família] é um absurdo.” Citou ainda o Pronatec, programa voltado à capacitação de pessoas de baixa renda para o mercado de trabalho, as cotas para ingresso nas universidades públicas e a PEC das Empregadas Domésticas, que proporcionou direitos como fundo de garantia e seguro desemprego a essas trabalhadoras. “Foi uma conquista muito grande.”
“Mas em 2015, tivemos um revés político e essas políticas começaram a retroceder”, lamentou, citando a aprovação da Lei da Terceirização que, segundo ela, resultou na “precarização do mercado de trabalho”, com salários mais baixos e falta de dispositivos de segurança para exercer o ofício. “Boa parte desse trabalho terceirizado é de negros e negras.” Ela acrescentou que dados do IBGE indicam que 8 dos 13 milhões dos desempregados no país são negros e negras e que a mulher negra, além de estar “entre as piores colocações de trabalho”, quando vai para casa ainda tem uma divisão de serviços domésticos desigual em relação ao homem.
A militante e defensora pública, Andreia de Lima, contou que chegou a Curitiba com sete anos de idade e foi morar na favela da Vila Lindóia. Ela defendeu a luta contra o racismo e a desigualdade e falou sobre sua experiência nas comunidades pobres. “Quando rico quer "pirar o cabeção" ele vai na favela comprar drogas. Mas quando um favelado sai de casa para catar papel na frente de uma mansão, o rico chama a polícia para tirar ele de lá. Peço que tenham respeito pelo favelado. Se for para brigar por todas e todos, me chamem, eu estarei aqui.”
Religiões
Iyagunã, Dalzira Maria Aparecida, mestre em Tecnologia e graduada em Relações Internacionais, pesquisadora na área de Tecnologia, Relações Raciais com foco nas Mulheres Negras e no Candomblé, contou que veio de Minas Gerais para Curitiba há 46 anos. “A gente vive neste Estado, trabalha neste Estado, paga imposto neste Estado, e tem muito pouca visibilidade. A palavra mais forte é a resistência, que a gente faça de tudo um pouco para sermos reconhecidas nesse Estado e nessa cidade. Tudo é muito difícil para nós, diferente, mas a gente vai com parceiros, parceiras, conseguindo.” Ela ressaltou o preconceito e a intolerância em relação às religiões de matrizes africanas e que o praticante “não é visto como pessoa do bem, que contribui para a sociedade. Poucos entendem a nossa trajetória”.
Negras e surdas
Gabriela Grigolom, promotora popular com formação em Artes Cênicas, com o auxílio de um tradutor contou sobre sua dificuldade de ser inserida no mundo artístico e defendeu maior espaço às pessoas surdas nessa área. “Depois de algumas experiências participando da militância, amigos foram me influenciado e pude participar do movimento negro e da arte de rua.” Segundo ela, quando ia ao teatro “não conseguia se emocionar como as outras pessoas e depois que eu passei a participar percebi que poderia passar toda a essa emoção”.
Queixou-se ainda da dificuldade de comunicação entre o surdo e prestadores de serviços públicos, como médicos e policiais. Alertou que os surdos precisam conhecer a luta pela igualdade, pois muitos são oprimidos e não se defendem porque, “acham que é normal”. Para ela, as mulheres surdas de alguma forma “precisam ter voz para denunciar o machismo. Como elas vão ligar para o 180 se elas não conseguem falar, gritar, denunciar? É preciso criar mecanismos para elas denunciarem.”
O evento contou com representantes da Secretaria Estadual de Justiça, Trabalho e Direitos Humanos, do Movimento Evangélico Negro, do Instituto Brasileiro Trans de Educação, da Frente Feminista de Curitiba, Movimento Nacional de População de Rua, Instituto Afrobrasileiro do Paraná, Rede das Mulheres Negras, sindicatos, dentre outros movimentos sociais da cidade. Também se apresentaram as cantoras Aline Castro Farias, Brisnar e Janine Matias.
Todas as fotos do evento podem ser conferidas no Flickr da Câmara Municipal.
Homenagens
Durante todo o evento foram chamadas mulheres negras para receber votos de congratulações e aplausos, consideradas as que “resistem há mais tempo em Curitiba”:
1. Maria Anatércia da Silva: mora há 60 anos no Parolin. Natural de Lagoa Vermelha (RS). Começou a trabalhar aos 12 anos, como babá, trabalhou também como coletora de recicláveis por mais de 15 anos.
2. Maria Francisca Vitório: nasceu em Minas Gerais, mudou-se ainda jovem para Terra Boa (PR), casou-se aos 19 anos de idade, mãe de 8 filhos, trabalhou na roça durante muitos anos. Ficou viúva aos 39 anos. Terminou de criar seus filhos sozinha, mudou-se para Curitiba. Construiu um barraco, usava lamparina, tirava água do poço. Ajudou os filhos a criar os netos, trabalha e resiste em Curitiba há 60 anos.
3. Tereza Vitória Ignácio: mora há mais de 50 anos no Parolin, natural de Varginha, trabalhou a vida toda como doméstica.
4. Pedrina da Silva: natural de Marialva, trabalhou como doméstica em casas de família, aposentou-se, mas continua trabalhando como diarista, trabalha e resiste em Curitiba há mais de 40 anos.
5. Iracy Paulina da Silva: tem 74 anos, nasceu em São Paulo, na cidade de Presidente Prudente, veio para o Paraná há 43 anos. Começou a trabalhar aos cinco anos de idade acompanhando a mãe na roça. Trabalha com coleta de recicláveis desde que chegou em Curitiba, há mais de 40 anos. Seu principal local de trabalho é o Mercado Municipal. Foi mãe e pai. Teve 10 filhos, 4 meninas e 6 homens, 3 já falecidos.
6. Maria de Lourdes Santana: mora há mais de 40 anos na região do Parolin, natural de São Paulo. Trabalhou como doméstica por mais de 20 anos, atualmente trabalha fazendo marmitex em sua própria residência.
8. Cléo Coelho Almeida: iniciou sua trajetória em Curitiba em 2011. Foi acolhida pela casa de mulheres LGBT em 2016, onde ficou por dois anos até conquistar sua autonomia e independência. É militante do Movimento Nacional da População de Rua. Fez curso de panificação e confeitaria, trabalha em padaria e também realiza serviços como diarista, em casas de família.
9. Maria Lucia de Souza: reside, trabalha e resiste em Curitiba desde 1980. Trabalhou no projeto Kanaambo durante quatro anos na década de 1990, programa de formação de jovens/adolescentes, atuava como formadora em cursos de culinária, panificação e confeitaria.
10. Delcimar Castro Batista: natural de Barra do Corda, Maranhão, ainda criança foi com os pais morar em Brasília. Trabalhou desde a adolescência em diversas atividades, como atendente e frentista. De 1977 até 2017, foi servidora da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Delcimar é mãe de duas filhas.
11 Jairce Maria Fernandes da Silva: natural de Cerro Azul (PR). Veio para Curitiba em 1957. Trabalha desde os 11 anos de idade, começou como babá, sonhava ser professora. Trabalhou 19 anos no comércio como vendedora e no ano de 1992 foi nomeada através de concurso público auxiliar de serviços escolares na Secretaria Municipal de Educação de Curitiba, onde ficou até se aposentar, em 2005. Mãe de três filhos, hoje formados: uma advogada, uma pedagoga e um jornalista.
12. Claudia Maria Ferreira, nascida em Curitiba, mãe de 5 filhos , professora de educação especial na área de educação infantil. Filiada à Rede de Mulheres Negras do Paraná, militante do movimento negro desde 1987.
13. Ângela Maria da Silva: 42 anos, formada em Pedagogia, especialista em Educação Étnico Racial e Mídias Integradas na Educação. Mora em Curitiba há 29 anos e trabalha com educação há 13 anos.
14. Geisa Costa: atriz, produtora, contadora de histórias. Terapeuta holística. Iniciou no teatro com o curso livre da Secretaria de Cultura de Londrina, em 1983. Foi atriz coadjuvante no longa metragem Besouro, produção que recebeu várias indicações para prêmios. Está em cartaz no Teatro Zé Maria com o Musical Primavera Leste.
5. Mirna Mary Silva Batista: natural de Curitiba, graduada em Administração de Empresas, cursa especialização em Gestão Pública pela UEPG e faz residência técnica na Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
16. Nicole de Oliveira: 19 anos, representada por Stephanie de Souza Xavier, natural de Curitiba. Estudante de licenciatura em Letras pela Universidade Federal do Paraná, completou o ensino médio no Instituto Federal do Paraná em Curitiba, onde teve o primeiro contato com o movimento negro e segue lutando por ele até hoje.
17. Gabriela de Araujo: estudante de Medicina da Faculdade Pequeno Príncipe com bolsa pelo ProUni, criadora do Centro Acadêmico de Medicina Maria Estrella, participante da criação do grupo de trabalho em saúde da população negra da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.
18. Lúcia José Francisco: reside em Curitiba há três anos, natural de São Paulo (SP), trabalha desde os 18 anos, já trabalhou como auxiliar de limpeza, copeira e com manutenção. Tem um casal de filhos e uma neta. Trabalha na Higi Serv desde que chegou em Curitiba.
19. Giorgia Prates: nasceu e se criou na periferia de São Paulo, capital. Formada em Jornalismo e Fotografia, trabalha como fotojornalista desde 2016 e é colaboradora do jornal Brasil de Fato e da mídia CWB Resiste. Atualmente estuda Pedagogia na Universidade Federal do Paraná e atua como fotojornalista e documentarista dos movimentos sociais. Trabalha desde os 16 anos de idade e resiste em Curitiba há quatro anos.
“Ao mesmo tempo que ficamos felizes de fazer esse evento, é claro que temos que fazer a reflexão da realidade, mais do que nunca temos que nos organizar para esse próximo período”, alertou Professora Josete. Ela lembrou que, quando estudou, na década de 1970, aprendeu “que a libertação dos escravos foi um ato de bondade da princesa Isabel”, mas na década seguinte, com uma abertura democrática maior, passou-se a discutir a luta dos negros pela liberdade “passei a debater Zumbi dos Palmares, Dandara, o que era um quilombo, aprendi muito para ajudar as crianças a refletir. Mas a gente nesse momento parece que está correndo o risco de perder o direito de ensinar isso nas escolas”, disse Josete, manifestando preocupação com o projeto Escola sem Partido.
Juliana Mittelbach, ativista da Rede de Mulheres Negras e da Marcha Mundial das Mulheres, ponderou que apesar dos 130 anos da abolição da escravatura completados neste ano, não houve uma política de reparação histórica aos negros e que eles “foram colocados pra fora sem direito a um espaço”. Como consequência, houve “a marginalização nas periferias [no sentido de estar à margem] e no mercado de trabalho”. Para ela, “só depois de muito tempo do movimento negro se organizando e gritando, as mudanças começaram a aparecer”.
Juliana acredita que, apenas a partir de 2003, iniciaram as primeiras políticas públicas “entendendo que houve um crime no Brasil e que este é um país racista, que tem uma base escravocrata”. Ela citou como avanço no país o programa Bolsa Família, do Governo Federal, e que dos 46,6 milhões de brasileiros atendidos pelo programa, 76% são negros e negras. “Teve muita gente que aproveitou pra superação da miséria, e isso fez o Brasil sair do mapa da fome. Esse discurso de que negro faz filho pra poder sobreviver [com o Bolsa Família] é um absurdo.” Citou ainda o Pronatec, programa voltado à capacitação de pessoas de baixa renda para o mercado de trabalho, as cotas para ingresso nas universidades públicas e a PEC das Empregadas Domésticas, que proporcionou direitos como fundo de garantia e seguro desemprego a essas trabalhadoras. “Foi uma conquista muito grande.”
“Mas em 2015, tivemos um revés político e essas políticas começaram a retroceder”, lamentou, citando a aprovação da Lei da Terceirização que, segundo ela, resultou na “precarização do mercado de trabalho”, com salários mais baixos e falta de dispositivos de segurança para exercer o ofício. “Boa parte desse trabalho terceirizado é de negros e negras.” Ela acrescentou que dados do IBGE indicam que 8 dos 13 milhões dos desempregados no país são negros e negras e que a mulher negra, além de estar “entre as piores colocações de trabalho”, quando vai para casa ainda tem uma divisão de serviços domésticos desigual em relação ao homem.
A militante e defensora pública, Andreia de Lima, contou que chegou a Curitiba com sete anos de idade e foi morar na favela da Vila Lindóia. Ela defendeu a luta contra o racismo e a desigualdade e falou sobre sua experiência nas comunidades pobres. “Quando rico quer "pirar o cabeção" ele vai na favela comprar drogas. Mas quando um favelado sai de casa para catar papel na frente de uma mansão, o rico chama a polícia para tirar ele de lá. Peço que tenham respeito pelo favelado. Se for para brigar por todas e todos, me chamem, eu estarei aqui.”
Religiões
Iyagunã, Dalzira Maria Aparecida, mestre em Tecnologia e graduada em Relações Internacionais, pesquisadora na área de Tecnologia, Relações Raciais com foco nas Mulheres Negras e no Candomblé, contou que veio de Minas Gerais para Curitiba há 46 anos. “A gente vive neste Estado, trabalha neste Estado, paga imposto neste Estado, e tem muito pouca visibilidade. A palavra mais forte é a resistência, que a gente faça de tudo um pouco para sermos reconhecidas nesse Estado e nessa cidade. Tudo é muito difícil para nós, diferente, mas a gente vai com parceiros, parceiras, conseguindo.” Ela ressaltou o preconceito e a intolerância em relação às religiões de matrizes africanas e que o praticante “não é visto como pessoa do bem, que contribui para a sociedade. Poucos entendem a nossa trajetória”.
Negras e surdas
Gabriela Grigolom, promotora popular com formação em Artes Cênicas, com o auxílio de um tradutor contou sobre sua dificuldade de ser inserida no mundo artístico e defendeu maior espaço às pessoas surdas nessa área. “Depois de algumas experiências participando da militância, amigos foram me influenciado e pude participar do movimento negro e da arte de rua.” Segundo ela, quando ia ao teatro “não conseguia se emocionar como as outras pessoas e depois que eu passei a participar percebi que poderia passar toda a essa emoção”.
Queixou-se ainda da dificuldade de comunicação entre o surdo e prestadores de serviços públicos, como médicos e policiais. Alertou que os surdos precisam conhecer a luta pela igualdade, pois muitos são oprimidos e não se defendem porque, “acham que é normal”. Para ela, as mulheres surdas de alguma forma “precisam ter voz para denunciar o machismo. Como elas vão ligar para o 180 se elas não conseguem falar, gritar, denunciar? É preciso criar mecanismos para elas denunciarem.”
O evento contou com representantes da Secretaria Estadual de Justiça, Trabalho e Direitos Humanos, do Movimento Evangélico Negro, do Instituto Brasileiro Trans de Educação, da Frente Feminista de Curitiba, Movimento Nacional de População de Rua, Instituto Afrobrasileiro do Paraná, Rede das Mulheres Negras, sindicatos, dentre outros movimentos sociais da cidade. Também se apresentaram as cantoras Aline Castro Farias, Brisnar e Janine Matias.
Todas as fotos do evento podem ser conferidas no Flickr da Câmara Municipal.
Homenagens
Durante todo o evento foram chamadas mulheres negras para receber votos de congratulações e aplausos, consideradas as que “resistem há mais tempo em Curitiba”:
1. Maria Anatércia da Silva: mora há 60 anos no Parolin. Natural de Lagoa Vermelha (RS). Começou a trabalhar aos 12 anos, como babá, trabalhou também como coletora de recicláveis por mais de 15 anos.
2. Maria Francisca Vitório: nasceu em Minas Gerais, mudou-se ainda jovem para Terra Boa (PR), casou-se aos 19 anos de idade, mãe de 8 filhos, trabalhou na roça durante muitos anos. Ficou viúva aos 39 anos. Terminou de criar seus filhos sozinha, mudou-se para Curitiba. Construiu um barraco, usava lamparina, tirava água do poço. Ajudou os filhos a criar os netos, trabalha e resiste em Curitiba há 60 anos.
3. Tereza Vitória Ignácio: mora há mais de 50 anos no Parolin, natural de Varginha, trabalhou a vida toda como doméstica.
4. Pedrina da Silva: natural de Marialva, trabalhou como doméstica em casas de família, aposentou-se, mas continua trabalhando como diarista, trabalha e resiste em Curitiba há mais de 40 anos.
5. Iracy Paulina da Silva: tem 74 anos, nasceu em São Paulo, na cidade de Presidente Prudente, veio para o Paraná há 43 anos. Começou a trabalhar aos cinco anos de idade acompanhando a mãe na roça. Trabalha com coleta de recicláveis desde que chegou em Curitiba, há mais de 40 anos. Seu principal local de trabalho é o Mercado Municipal. Foi mãe e pai. Teve 10 filhos, 4 meninas e 6 homens, 3 já falecidos.
6. Maria de Lourdes Santana: mora há mais de 40 anos na região do Parolin, natural de São Paulo. Trabalhou como doméstica por mais de 20 anos, atualmente trabalha fazendo marmitex em sua própria residência.
8. Cléo Coelho Almeida: iniciou sua trajetória em Curitiba em 2011. Foi acolhida pela casa de mulheres LGBT em 2016, onde ficou por dois anos até conquistar sua autonomia e independência. É militante do Movimento Nacional da População de Rua. Fez curso de panificação e confeitaria, trabalha em padaria e também realiza serviços como diarista, em casas de família.
9. Maria Lucia de Souza: reside, trabalha e resiste em Curitiba desde 1980. Trabalhou no projeto Kanaambo durante quatro anos na década de 1990, programa de formação de jovens/adolescentes, atuava como formadora em cursos de culinária, panificação e confeitaria.
10. Delcimar Castro Batista: natural de Barra do Corda, Maranhão, ainda criança foi com os pais morar em Brasília. Trabalhou desde a adolescência em diversas atividades, como atendente e frentista. De 1977 até 2017, foi servidora da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Delcimar é mãe de duas filhas.
11 Jairce Maria Fernandes da Silva: natural de Cerro Azul (PR). Veio para Curitiba em 1957. Trabalha desde os 11 anos de idade, começou como babá, sonhava ser professora. Trabalhou 19 anos no comércio como vendedora e no ano de 1992 foi nomeada através de concurso público auxiliar de serviços escolares na Secretaria Municipal de Educação de Curitiba, onde ficou até se aposentar, em 2005. Mãe de três filhos, hoje formados: uma advogada, uma pedagoga e um jornalista.
12. Claudia Maria Ferreira, nascida em Curitiba, mãe de 5 filhos , professora de educação especial na área de educação infantil. Filiada à Rede de Mulheres Negras do Paraná, militante do movimento negro desde 1987.
13. Ângela Maria da Silva: 42 anos, formada em Pedagogia, especialista em Educação Étnico Racial e Mídias Integradas na Educação. Mora em Curitiba há 29 anos e trabalha com educação há 13 anos.
14. Geisa Costa: atriz, produtora, contadora de histórias. Terapeuta holística. Iniciou no teatro com o curso livre da Secretaria de Cultura de Londrina, em 1983. Foi atriz coadjuvante no longa metragem Besouro, produção que recebeu várias indicações para prêmios. Está em cartaz no Teatro Zé Maria com o Musical Primavera Leste.
5. Mirna Mary Silva Batista: natural de Curitiba, graduada em Administração de Empresas, cursa especialização em Gestão Pública pela UEPG e faz residência técnica na Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
16. Nicole de Oliveira: 19 anos, representada por Stephanie de Souza Xavier, natural de Curitiba. Estudante de licenciatura em Letras pela Universidade Federal do Paraná, completou o ensino médio no Instituto Federal do Paraná em Curitiba, onde teve o primeiro contato com o movimento negro e segue lutando por ele até hoje.
17. Gabriela de Araujo: estudante de Medicina da Faculdade Pequeno Príncipe com bolsa pelo ProUni, criadora do Centro Acadêmico de Medicina Maria Estrella, participante da criação do grupo de trabalho em saúde da população negra da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.
18. Lúcia José Francisco: reside em Curitiba há três anos, natural de São Paulo (SP), trabalha desde os 18 anos, já trabalhou como auxiliar de limpeza, copeira e com manutenção. Tem um casal de filhos e uma neta. Trabalha na Higi Serv desde que chegou em Curitiba.
19. Giorgia Prates: nasceu e se criou na periferia de São Paulo, capital. Formada em Jornalismo e Fotografia, trabalha como fotojornalista desde 2016 e é colaboradora do jornal Brasil de Fato e da mídia CWB Resiste. Atualmente estuda Pedagogia na Universidade Federal do Paraná e atua como fotojornalista e documentarista dos movimentos sociais. Trabalha desde os 16 anos de idade e resiste em Curitiba há quatro anos.
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba