Mulheres defendem mudanças na política
"Mais importante que a disputa eleitoral é transformar a forma de exercer o poder, que ainda é antidemocrático, de um mundo patriarcal. Precisamos revolucionar, mudar a cultura, a forma de fazer política, com a sensibilidade, competência e intuição das mulheres". A análise é da deputada federal Luíza Erundina (PSB), ao comentar a reforma política em discussão na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal. A parlamentar participou nesta sexta-feira (13), no Anexo II da Câmara de Curitiba, do seminário sobre a reforma política e eleitoral, promovido pela bancada do PT na Casa. Ao final da reunião, os participantes tiraram a Carta de Curitiba. No documento, defendem a "organização eleitoral através de listas partidárias e reivindicam que a lista seja constituída por alternância de gênero, um homem e uma mulher ou uma mulher e um homem. Desta forma, garante-se maior representatividade na sociedade, corrigindo grave distorção, quando atualmente menos de 10% do Congresso Nacional são representados pela mulheres, apesar destas constituírem mais da metade da população. Mais democracia geral, representatividade igualitária e, assim, estaremos corrigindo e acertando os rumos do presente em nosso País".
Participação
Para as vereadores Roseli Isidoro e Professora Josete, ambas do PT, o assunto é de fundamental importância para a sociedade. Na opinião da deputada federal Clair da Flora Martins (PT), que também participou do encontro, esta discussão deve ganhar as ruas, para que a sociedade civil possa participar e pressionar o Congresso a votar a reforma, que contempla temas como a fidelidade partidária e o financiamento público das campanhas. No atual sistema, as pessoas vão para assistir aos shows e não para ouvir o que os candidatos têm a dizer, afirmou a parlamentar.
A parlamentar diz que a cota de 30% das candidaturas femininas não é respeitada pela maioria dos partidos políticos. Como exemplo, cita que, em 2000, foram registradas as candidaturas de 70.321 mulheres, representando 19,4% do total. E foram eleitas 7.001. Dois anos depois, para deputada estadual, foram 1.908 candidatas (14,84% do total), sendo 133 eleitas (12,5%). Para federal, foram 509 candidatas (11,52%) e 42 eleitas (8,2). Ao analisar o projeto em discussão nacional, Clair da Flora Martins defende a eleição unificada, a suplência de senador (hoje biônico), fiscalização das urnas eletrônicas com o voto impresso e o voto distrital. "Estes temas não foram incluídos nesta reforma", diz.
Para a diretora financeira da Itaipu, Gleise Hoffmann, é preciso transferir os valores femininos na política.
Funcionamento
O cientista político Fábio Kerche, mestre em ciência política pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisador licenciado da Fundação Casa Rui Barbosa e assessor da Presidência da República, falou sobre Resgate Social da Reforma Política Eleitoral. Afirmou que participava do evento como cientista político e não como representante do governo federal e que os objetivos da reforma podem ser distintos, como incrementar a governabilidade, estreitar laços entre o representante e o representado, além de facilitar a construção de maiorias ou refletir com mais precisão o desejo dos eleitores expressos nas urnas.
Sistema brasileiro
Segundo Kerche, o sistema brasileiro de eleições proporcionais não reflete totalmente o desejo do eleitor e gera distorções. Citou como exemplo a posição de alguns partidos nas eleições de 1994, como o PMDB, que teve 20,8% dos votos nacionais e que ficou com 20,9% das cadeiras; o PT, com 12,8% dos votos, ficou com 9,6% representantes. Por sua vez, o PFL, que obteve 12,9% dos votos, ficou com 17,3% das cadeiras na Câmara Federal. Disse, ainda, que o atual sistema fere a democracia, no que diz respeito à representação dos Estados, pois 21% da população brasileira está em São Paulo e o Eestado tem 70 deputados. Já o Estado de Roraima tem 41 deputados com apenas 1% da população. Se o sistema fosse realmente proporcional, São Paulo teria 111 deputados e Roraima 1. Como está, o voto do cidadão de Roraima vale mais do que o de São Paulo e isso fere o princípio democrático, concluiu.
O projeto da reforma política e eleitoral foi o tema abordado pelo deputado federal por Goiás, Rubens Otoni, advogado, professor universitário com pós-graduação em Relações Internacionais e relator da Comissão da Reforma Política Eleitoral da Câmara Federal.
Otoni falou sobre o financiamento público das campanhas, que, para ele, traria maior igualdade na disputa eleitoral, além de representatividade mais natural.
Participação
Para as vereadores Roseli Isidoro e Professora Josete, ambas do PT, o assunto é de fundamental importância para a sociedade. Na opinião da deputada federal Clair da Flora Martins (PT), que também participou do encontro, esta discussão deve ganhar as ruas, para que a sociedade civil possa participar e pressionar o Congresso a votar a reforma, que contempla temas como a fidelidade partidária e o financiamento público das campanhas. No atual sistema, as pessoas vão para assistir aos shows e não para ouvir o que os candidatos têm a dizer, afirmou a parlamentar.
A parlamentar diz que a cota de 30% das candidaturas femininas não é respeitada pela maioria dos partidos políticos. Como exemplo, cita que, em 2000, foram registradas as candidaturas de 70.321 mulheres, representando 19,4% do total. E foram eleitas 7.001. Dois anos depois, para deputada estadual, foram 1.908 candidatas (14,84% do total), sendo 133 eleitas (12,5%). Para federal, foram 509 candidatas (11,52%) e 42 eleitas (8,2). Ao analisar o projeto em discussão nacional, Clair da Flora Martins defende a eleição unificada, a suplência de senador (hoje biônico), fiscalização das urnas eletrônicas com o voto impresso e o voto distrital. "Estes temas não foram incluídos nesta reforma", diz.
Para a diretora financeira da Itaipu, Gleise Hoffmann, é preciso transferir os valores femininos na política.
Funcionamento
O cientista político Fábio Kerche, mestre em ciência política pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisador licenciado da Fundação Casa Rui Barbosa e assessor da Presidência da República, falou sobre Resgate Social da Reforma Política Eleitoral. Afirmou que participava do evento como cientista político e não como representante do governo federal e que os objetivos da reforma podem ser distintos, como incrementar a governabilidade, estreitar laços entre o representante e o representado, além de facilitar a construção de maiorias ou refletir com mais precisão o desejo dos eleitores expressos nas urnas.
Sistema brasileiro
Segundo Kerche, o sistema brasileiro de eleições proporcionais não reflete totalmente o desejo do eleitor e gera distorções. Citou como exemplo a posição de alguns partidos nas eleições de 1994, como o PMDB, que teve 20,8% dos votos nacionais e que ficou com 20,9% das cadeiras; o PT, com 12,8% dos votos, ficou com 9,6% representantes. Por sua vez, o PFL, que obteve 12,9% dos votos, ficou com 17,3% das cadeiras na Câmara Federal. Disse, ainda, que o atual sistema fere a democracia, no que diz respeito à representação dos Estados, pois 21% da população brasileira está em São Paulo e o Eestado tem 70 deputados. Já o Estado de Roraima tem 41 deputados com apenas 1% da população. Se o sistema fosse realmente proporcional, São Paulo teria 111 deputados e Roraima 1. Como está, o voto do cidadão de Roraima vale mais do que o de São Paulo e isso fere o princípio democrático, concluiu.
O projeto da reforma política e eleitoral foi o tema abordado pelo deputado federal por Goiás, Rubens Otoni, advogado, professor universitário com pós-graduação em Relações Internacionais e relator da Comissão da Reforma Política Eleitoral da Câmara Federal.
Otoni falou sobre o financiamento público das campanhas, que, para ele, traria maior igualdade na disputa eleitoral, além de representatividade mais natural.
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba