Mulheres compartilham experiências em roda de conversa
A Câmara Municipal de Curitiba (CMC) recebeu, na tarde dessa terça-feira (7), o segundo evento da Semana Pró-Mulher: el@s no centro do debate público. Com o tema “Prazer, Mulher”, a roda de conversa teve o objetivo de levar informação e empoderamento às participantes. A atividade foi mediada pela procuradora da Mulher, Maria Leticia (PV).
Trabalhar o tema da sexualidade, defendeu a vereadora, também é discutir políticas públicas. “Até recentemente, a ausência de virgindade era punida”, citou ela, que também é a segunda-secretária da Casa. “Como médica, questiono inclusive como era feita a avaliação, devido aos diferentes tipos de himens”, completou. Leticia lembrou que o hímen complacente “não rompe, […] vai se romper só no parto vaginal”.
Pela segunda vez à frente da Procuradoria da Mulher (ProMulher), a mediadora defendeu a importância do autoconhecimento do corpo: “[O clitóris], ele tem uma particularidade. É o único órgão que sente prazer exclusivamente”. Ela ainda fez uma demonstração de como usar o preservativo feminino. O método, avaliou, apresenta benefícios em comparação ao preservativo masculino, como poder ser colocado antes da relação, mas “não pegou ainda por resistência da saúde pública”.
Participaram da roda de conversa a fisioterapeuta pélvica Aline Precybilovicz, a socióloga Natalia Rivelini e a enfermeira Juliana Chagas da Silva Mittelbach, da Marcha Mundial das Mulheres. “A nossa curva é muito mais longa que a curva dos homens”, explicou Aline. A curva de resposta da ação sexual feminina, afirmou, começa com o desejo, que pode ser espontâneo ou responsivo (provocado). “Depois do desejo, a gente vai subindo para a excitação, vai subindo, vai subindo, vem o orgasmo e o relaxamento”, apontou. “E o orgasmo, gozar, faz bem para o assoalho pélvico.”
“Parece que tem um script para ser seguido nessa questão sexual também” observou Natalia. A masturbação, para ela, está relacionada à quebra de padrões, a “você quebrar esse primeiro bloqueio” de que existiria um pecado. “A gente precisa se libertar disso.”
“É muito libertador a gente chegar ao prazer, é muito libertador a gente se conhecer”, observou também Juliana. A convidada falou ainda sobre a “cultura do estupro” e da ideia de que a mulher deve se comportar. “Inclusive, quando nós somos mulheres negras, tem a visão de que nós somos da cor do pecado”, citou.
Grande parte do público era de servidoras da Casa, que compartilharam experiências como a autodescoberta e o prazer, mudanças do corpo após o parto, casamento e até sobre violência doméstica. No fim da atividade, a terapeuta integrativa Adriana Czelusniak conduziu uma meditação guiada com o uso de óleos essenciais.
A programação
A Semana Pró-Mulher tem atividades até sexta (10). A abertura do evento, nessa segunda (6), foi realizada em plenário, com o batismo da Escola do Legislativo com o nome da primeira vereadora de Curitiba: Maria Olympia Carneiro Mochel, eleita em 1947, na primeira legislatura contemporânea, aos 21 anos de idade.
Nesta quarta (8), também em plenário, a Tribuna Livre será especial: sobre o enfrentamento à violência contra a mulher. A convidada é a psicóloga Jéssica Paula da Silva Mendes, que atua na Defensoria Pública do Estado do Paraná e na Casa da Mulher Brasileira com demandas relacionadas à violência doméstica e familiar. Às 19h30, será a vez da tradicional sessão solene pelo Dia Internacional da Mulher, em que a bancada feminina indica as homenageadas da noite.
Na quinta (9), a partir das 16 horas, o auditório do anexo 2 será palco de um treinamento gratuito contra o assédio e a importunação sexual contra a mulher nos estabelecimentos comerciais de Curitiba. A atividade será ministrada por Maria Leticia e conta com o apoio de entidades do setor de bares, de casas noturnas, de eventos e de hotelaria. Para mais informações e inscrição na atividade, clique aqui.
A semana dedicada ao Dia da Mulher será finalizada, nesta sexta, na Boca Maldita. Vereadoras e servidores da Câmara de Curitiba promoverão, das 14h30 às 17h30, os serviços ofertados pela ProMulher, que podem ser acessados pela população.
*Notícia revisada pelo estudante de Letras Brunno Abati
Supervisão do estágio: Alex Gruba
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba