Mudanças na educação municipal questionadas em plenário
“A lógica financeira não pode quebrar a lógica pedagógica”, alertou a Professora Josete (PT), na sessão desta segunda-feira (13) da Câmara de Curitiba, sobre alterações na gestão da Secretaria Municipal da Educação. Apoiada pelos vereadores Goura (PDT) e Noemia Rocha (PMDB), ela pediu que o líder do prefeito na Casa, Pier Petruzziello (PTB), se posicione principalmente sobre a contratação de estagiários de Pedagogia e de Psicologia para o atendimento individual de estudantes em processo de inclusão.
“Segundo informações, são 460 estagiários. Mesmo quem é da área faz uma especialização para atender os alunos de inclusão, como os casos de deficiência auditiva, autismo. Nenhuma preparação rápida [dos estagiários] dá conta de atender com qualidade. Temos uma longa batalha”, afirmou Josete. “Simplesmente se baixou uma ordem, a toque de caixa, sem debate, e dependendo da deficiência ele não dará conta daquela criança. O aluno de inclusão precisa de um profissional qualificado, pois tem direito a aprender.”
A vereadora ainda questionou que a supervisão dos estagiários poderá sobrecarregar ainda mais os professores e pedagogos da rede municipal. “Há diversos aspectos que não foram pensados. A questão econômica está se sobrepondo àquilo que é direito da criança.” Josete citou haver “descontentamento” dos servidores com a transferências de inspetores das escolas e com as mudanças nas regras para a concessão do Regime Integral de Trabalho (RIT).
De acordo com a vereadora, “a primeira orientação era para que os diretores só selecionassem para complementar as vagas em aberto os professores e pedagogos em início de carreira”. Porém, após uma reunião na última sexta-feira (10), chegou-se a um acordo que as direções terão autonomia para indicar 50% das vagas de RIT e os outros 50% serão escolhidos com as chefias de núcleo. “Gostaríamos sim de ver um aceno da gestão para a contratação de novos profissionais, para que os RITs passem a ser responsáveis apenas pela substituição de licenças diversas”, complementou.
“Reforço a preocupação”, disse Goura. Para ele, a Comissão de Educação, Cultura e Turismo, “pode recolher essas demandas”. “Estou recebendo mensagens de vários professores preocupados com estas decisões da secretaria, e o diálogo é o melhor caminho”, acrescentou. “Nada contra os estagiários, mas eles também estão aprendendo. Conte comigo”, aparteou Noemia Rocha.
“Os discursos às vezes são muito fáceis. O amor à cidade se traduz em ações concretas. Mais que falar da boca pra fora precisamos de políticas públicas para garantir a dignidade dos cidadãos. Hoje chegaram a nós fotografias de faixas em escolas com críticas à forma com que as coisas têm sido encaminhadas neste início de ano”, finalizou Josete.
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