Movimento estudantil norteia depoimentos na Comissão da Verdade
Tiveram prosseguimento, na tarde desta terça-feira (8), os depoimentos para a Comissão Estadual da Verdade, realizada no plenário da Câmara Municipal. Em sessão nomeada “Teresa Urban”, em homenagem à jornalista e ambientalista falecida em 26 de junho último, foram relatados os depoimentos de participantes do movimento estudantil, bem como o legado deixado por este movimento.
O professor Milton Ivan Heller homenageou Teresa Urban, a quem descreveu como “a mais combativa e corajosa mulher brasileira que lutou contra a ditadura”. Heller relatou momentos passados pela militante curitibana, como a tortura sofrida, o exílio no Chile e o tempo que passou por um convento, sendo cuidada após sofrer com a violência física exercida pelo regime militar. “Não conseguiram destruí-la. Tinha uma fibra capaz de suportar os coices de mula da ditadura. Foi uma guerreira indomável que combateu com todas as suas energias”, destacou.
A vereadora Professora Josete (PT) salientou a história e a contribuição de Teresa Urban à sociedade brasileira. “Conhecia um pouco da história dela, mas quando convivi com ela, nos últimos três anos, meu respeito e admiração só aumentaram. Temos que registrar e prestigiar as pessoas que têm uma contribuição enorme, ainda mais em um país de grandes desigualdades. Ela lutou muito pela democracia do Brasil. Reitero minha admiração e carinho por estas pessoas que nos foram tão importantes”, afirmou. O presidente da Câmara, Paulo Salamuni (PV), também prestigiou a homenagem.
Judite Trindade
A professora aposentada da Universidade Federal do Paraná, Judite Trindade, falou sobre sua “breve militância”. Breve, segundo ela, porque foi presa tão logo começou a participar de movimentos militantes. Um ano após chegar em Curitiba, em 1968, foi presa, junto com uma amiga e outros 14 rapazes, durante um encontro que seria realizado durante um churrasco, na chamada “Chácara do Alemão”.
“Discutíamos questões do país, principalmente o que envolvia a universidade. Então, como é que chegamos a este ponto de sermos presos e me tornar tão perigosa? Éramos considerados perigosíssimos e fomos presos acusados de portar armas, que nada mais eram que facas e garfos para o churrasco. Eram armas brancas. Os policiais encontraram talheres, muita carne e tudo que faria um bom churrasco. Com certeza foram os militares que aproveitaram tudo aquilo”, descreveu.
Luiz Alberto Manfredini
O jornalistra Luiz Alberto Manfredini afirmou que seu objetivo, assim como do movimento estudantil, era “derrubar a ditadura e buscar uma nova ordem”, destacou. Segundo Manfredini, que foi amigo de Teresa Urban, também teve que se mudar por vários lugares no Brasil, após perseguições sofridas pelo regime militar.
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