Uma das mais recentes fake news nos grupos de mensagens é um áudio sobre o QR Code para a autenticação do título de eleitor, função que também já foi incorporada, por exemplo, à nova carteira nacional de habilitação. Mas, após uma coincidência na numeração de um documento, surgiu a conspiração de que o código traria um candidato pré-selecionado, tirando do eleitor o direito de escolher em quem votar. E depois do boato rodar muito as redes, como fazer para desmentir a (des)informação? 

Na semana passada, a equipe do MiguéNews - da Diretoria de Comunicação da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) - visitou a redação do Gralha Confere, do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), para conferir o processo de checagem e desconstrução das fake news. Coordenadora do projeto, a jornalista Melissa Medroni mostrou o sistema em que as denúncias são recepcionadas e explicou como é o procedimento para passar a informação correta ao cidadão. 

>> Confira dicas para não cair na rede da desinformação 

“Quando algo viraliza, começa a vir de várias pessoas - inclusive internamente - servidores, chefes de cartório começam a mandar. É assim que vemos se é o caso de interferir, cada caso é um caso mesmo”, afirmou Medroni. O TRE-PR conta com um número único de Whatsapp, com um canal para receber denúncias de fake news ou mesmo para o cidadão esclarecer se uma informação é ou não verdadeira. 

Se é algo que já vem circulando há algum tempo, o projeto normalmente possui uma resposta pronta. “Já fizemos mais de 60 checagens em nosso site, então normalmente já temos uma resposta padrão”, disse a coordenadora. Ela ainda explicou que, além das próprias checagens, o Gralha mantém contato com agências e iniciativas contra fake news por todo o país. 

E o QR Code no título?
Enquanto a equipe MiguéNews realizava a visita, o sistema do Gralha Confere recebeu justamente a denúncia sobre os QR Codes dos novos títulos de eleitores. A informação encaminhada dizia que estes traziam um código secreto, que computaria votos automaticamente para um determinado candidato. A notícia, claro, é falsa. 

Uma checagem já realizada pelo projeto, e por outras iniciativas, explica que o QR Code é formado por letras e números aleatórios, e que essa fake news surgiu após uma coincidência, na qual a ordem lembraria o nome e o número de um dos candidatos. O código encontrado nos títulos serve apenas para garantir a autenticidade do documento, sendo mais um avanço tecnológico do processo eleitoral.

Como essa já era uma fake news que vinha crescendo, o Gralha já havia se preparado para desmentir o boato. No caso, o texto padrão da checagem do assunto foi enviado ao eleitor que enviou a denúncia, explicando a verdadeira função do código QR Code no título de eleitor. 

Urnas eletrônicas
Na visita ao TRE-PR, a equipe também acompanhou o 14º Encontro Regional de Combate à Desinformação e Fomento à Inteligência e à Segurança do Processo Eleitoral e das Urnas Eletrônicas (Encosegue). Realizado na última quinta-feira (18), o evento debateu temas relacionados ao processo eleitoral de 2022, como as urnas e o combate à desinformação. 

“Estamos preparados, até porque aqui no Brasil as fake news não são uma novidade. Estamos lutando bravamente contra as notícias falsas”, disse o presidente do TRE-PR, desembargador Wellington Emanuel Coimbra de Moura. Durante o encontro, que já havia passado por outras cidades paranaenses, foi aberta a urna eletrônica de votação e explicado o funcionamento de cada parte do equipamento. O objetivo era mostrar que as urnas são um método seguro. 

MiguéNews 
Em 2022, a Câmara de Curitiba firmou uma parceria inédita com o TRE-PR e se juntou ao projeto Gralha Confere. O objetivo do MiguéNews é informar e também combater a boataria de uma forma descontraída. 

Nas redes sociais, o projeto utiliza de esquetes para satirizar personagens comuns em nosso dia a dia, conhecidos por espalhar fake news (confira). E, como diz o bordão da campanha, não se esqueça: “Quem não confere a informação, passa por bobo na discussão”. 

Restrições eleitorais
Em respeito à legislação eleitoral, a comunicação institucional da CMC será controlada editorialmente até o dia 2 de outubro. Nesse período, não serão divulgadas informações que possam caracterizar uso promocional de candidato, fotografias individuais dos parlamentares e declarações relacionadas a partidos políticos, entre outros cuidados. As referências nominais serão reduzidas ao mínimo razoável, de forma a evitar somente a descaracterização do debate legislativo. 

Ainda que a Câmara de Curitiba já respeite o princípio constitucional da impessoalidade, há dez anos, na sua divulgação do Poder Legislativo, publicando somente as notícias dos fatos com vínculo institucional e com interesse público, esses cuidados são redobrados durante o período eleitoral. A cobertura jornalística dos atos do Legislativo será mantida, sem interrupção dos serviços de utilidade pública e de transparência pública, porém com condicionantes (saiba mais). 

*Notícia elaborada pela estudante de Jornalismo Sophia Gama*, especial para a CMC
Supervisão do estágio e edição: Fernanda Foggiato
Revisão: Vanusa Paiva