Metrô é apenas uma alternativa de mobilidade para Curitiba
O metrô de Curitiba, cuja implantação passa por estudos da prefeitura, foi o tema da segunda audiência pública sobre mobilidade urbana, realizada nesta quarta (03) no plenário. O debate foi proposto pelo vereador Jorge Bernardi (PDT), membro do Fórum de Mobilidade Urbana. Bruno Pessuti (PSC) secretariou a reunião. Entidades representadas na audiência concordaram que a nova modalidade de transporte coletivo é uma alternativa de deslocamento necessária, mas que não deve ser pensada como a solução definitiva para o problema.
Assessor da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), André Gustavo Fialho condenou a política econômica do Governo Federal, que incentiva o transporte privado com a redução de impostos, como o IPI. “As medidas fazem com que os carros sejam a prioridade, enquanto o uso do transporte coletivo – no caso de Curitiba, o ônibus – fique pouco atrativo, somado ao desgaste do modelo”.
Opinião que foi corroborada pelo coordenador do curso de Doutorado em Gestão Urbana da PUC/PR, Fábio Duarte, ao apontar dados do IBGE sobre o crescimento da frota de veículos do país e da capital paranaense. De 2000 a 2010, o número da frota brasileira de carros aumentou 114%, enquanto o crescimento populacional foi de 12%. “Nas eleições de 2010, Curitiba tinha 1.256.272 eleitores e 1.240.632 veículos. Para quem vamos planejar? Vamos olhar para nós, eleitores? Ou para os motoristas? Os vereadores vão correr através de votos de carros ou de cidadãos?”, questionou.
Fialho também fez críticas ao modelo de gestão do transporte público curitibano, que não engloba todas as modalidades de deslocamento. Ele ainda defendeu a desoneração, quando disse que o ônibus ou o metrô só serão atrativos se a tarifa for baixa. Outra colocação importante do representante da Comec foi sobre a necessidade do plano de mobilidade urbana ser executado em conjunto com o plano habitacional do município, “para fazer com que o cidadão seja levado para perto do seu trabalho, e não o inverso”.
Para o professor do Departamento de Transportes da UFPR, José Ricardo de Faria, isso ocorre porque as moradias populares, que concentram a maior parte dos usuários do transporte público, estão localizadas nas pontas dos trajetos, contribuindo para a defasagem do modelo atual de transporte coletivo. “Como vamos fazer para que as pessoas estejam mais próximas do seu local de trabalho? Essa distribuição da dinâmica populacional contribui para o fracasso do ônibus. Você tem uma distribuição das pessoas na cidade dissociada da distribuição do sistema. O planejamento habitacional de Curitiba não está ligado a um ambiente estruturado”, defendeu.
Alternativa e não solução definitiva
“O problema de Curitiba é muito sério. Não estamos satisfeitos com isso. Precisamos pensar num jeito de encarar a cidade. Para melhorar, a gente precisa se deslocar menos. Temos atuado junto à URBS e junto à Setran, na busca de soluções para melhorar a mobilidade urbana”, disse o presidente do IPPUC, Sérgio Póvoa Pires, ao defender o projeto do metrô como uma opção de transporte coletivo.
A implantação do projeto também foi apontada pelos vereadores como alternativa viável para o sistema curitibano. “A cidade está inviabilizada em si mesma. Estive em Moscou e na cidade, que possui 12 milhões de habitantes, 8 milhões usam o metrô. Nossa cidade é conhecida por seu planejamento e não tem um sistema como esse. Quando se vai começar a pensar no metrô?”, questionou o presidente da Câmara de Curitiba, Paulo Salamuni (PV).
O líder do prefeito, Pedro Paulo (PT), destacou dois sistemas centenários: o de Londres, Inglaterra, e o de Buenos Aires, na Argentina. “Curitiba é reconhecida mundialmente por seu planejamento e tem plenas condições de implantar sua linha de metrô em breve”.
Ideia que também foi compartilhada pelo diretor do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR), Valter Fanini, ao afirmar que o metrô é necessário para diminuir o tempo de deslocamento do cidadão, que hoje não é suprido pelo ônibus. “O modelo de transporte coletivo com os corredores foi constituído no modal ônibus, com ajustes sucessivos, adequando à oferta e demanda do transporte. Mas não funciona mais. Não temos espaços, como tínhamos antigamente. Temos que ampliar o sistema e aplicar um novo modelo, com o uso do solo”, destacou.
Mas para o especialista, o projeto só será viável se o Executivo realizar uma pesquisa de origem e destino, a fim de calcular o número de passageiros transportados e uma projeção futura. “Onde está encalhado o projeto do metrô hoje? Não há modelo de projeção de demanda. Não se sabe a receita. Sem conhecer as necessidades, não dá para saber o tamanho da rede do metrô. Como o projeto não foi detalhado no nível técnico, nem econômico, dá margem para todo o tipo de questionamento”, concluiu.
Nova audiência
Jorge Bernardi (PDT) disse que a segunda audiência sobre o tema cumpriu seu propósito ao reunir e debater ideias a respeito do projeto do metrô, amplamente debatido na campanha de 2012 para a prefeitura. A presidente do Instituto Reage Brasil e ex-deputada federal, Clair Martins, por sua vez, comemorou a abertura da discussão para a sociedade.
“Qual o espaço que a população teve, na gestão anterior, de discutir o projeto do metrô? Por isso pedimos que fossem realizadas as audiências públicas, a fim de buscar subsídios para essa questão. Queremos discutir não só os trajetos do metrô, mas também a licitação a ser realizada, a fim de garantir a boa aplicação dos recursos públicos. Nos últimos anos, temos assistido audiências públicas de fachada. Queremos vivenciar uma nova era de participação, cuja responsabilidade é da administração pública, das entidades, sociedades representativas e universidades”, destacou Clair.
O debate sobre a mobilidade urbana continua no dia 17 de abril, com a realização da terceira e última audiência pública sobre o tema. O evento também será realizado no plenário da Câmara, a partir de 14h, onde representantes do Poder Público, de entidades e da sociedade em geral vão reunir propostas para a elaboração do Plano de Mobilidade, conforme diretrizes da lei federal nº 12.587/2012.
Assessor da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), André Gustavo Fialho condenou a política econômica do Governo Federal, que incentiva o transporte privado com a redução de impostos, como o IPI. “As medidas fazem com que os carros sejam a prioridade, enquanto o uso do transporte coletivo – no caso de Curitiba, o ônibus – fique pouco atrativo, somado ao desgaste do modelo”.
Opinião que foi corroborada pelo coordenador do curso de Doutorado em Gestão Urbana da PUC/PR, Fábio Duarte, ao apontar dados do IBGE sobre o crescimento da frota de veículos do país e da capital paranaense. De 2000 a 2010, o número da frota brasileira de carros aumentou 114%, enquanto o crescimento populacional foi de 12%. “Nas eleições de 2010, Curitiba tinha 1.256.272 eleitores e 1.240.632 veículos. Para quem vamos planejar? Vamos olhar para nós, eleitores? Ou para os motoristas? Os vereadores vão correr através de votos de carros ou de cidadãos?”, questionou.
Fialho também fez críticas ao modelo de gestão do transporte público curitibano, que não engloba todas as modalidades de deslocamento. Ele ainda defendeu a desoneração, quando disse que o ônibus ou o metrô só serão atrativos se a tarifa for baixa. Outra colocação importante do representante da Comec foi sobre a necessidade do plano de mobilidade urbana ser executado em conjunto com o plano habitacional do município, “para fazer com que o cidadão seja levado para perto do seu trabalho, e não o inverso”.
Para o professor do Departamento de Transportes da UFPR, José Ricardo de Faria, isso ocorre porque as moradias populares, que concentram a maior parte dos usuários do transporte público, estão localizadas nas pontas dos trajetos, contribuindo para a defasagem do modelo atual de transporte coletivo. “Como vamos fazer para que as pessoas estejam mais próximas do seu local de trabalho? Essa distribuição da dinâmica populacional contribui para o fracasso do ônibus. Você tem uma distribuição das pessoas na cidade dissociada da distribuição do sistema. O planejamento habitacional de Curitiba não está ligado a um ambiente estruturado”, defendeu.
Alternativa e não solução definitiva
“O problema de Curitiba é muito sério. Não estamos satisfeitos com isso. Precisamos pensar num jeito de encarar a cidade. Para melhorar, a gente precisa se deslocar menos. Temos atuado junto à URBS e junto à Setran, na busca de soluções para melhorar a mobilidade urbana”, disse o presidente do IPPUC, Sérgio Póvoa Pires, ao defender o projeto do metrô como uma opção de transporte coletivo.
A implantação do projeto também foi apontada pelos vereadores como alternativa viável para o sistema curitibano. “A cidade está inviabilizada em si mesma. Estive em Moscou e na cidade, que possui 12 milhões de habitantes, 8 milhões usam o metrô. Nossa cidade é conhecida por seu planejamento e não tem um sistema como esse. Quando se vai começar a pensar no metrô?”, questionou o presidente da Câmara de Curitiba, Paulo Salamuni (PV).
O líder do prefeito, Pedro Paulo (PT), destacou dois sistemas centenários: o de Londres, Inglaterra, e o de Buenos Aires, na Argentina. “Curitiba é reconhecida mundialmente por seu planejamento e tem plenas condições de implantar sua linha de metrô em breve”.
Ideia que também foi compartilhada pelo diretor do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR), Valter Fanini, ao afirmar que o metrô é necessário para diminuir o tempo de deslocamento do cidadão, que hoje não é suprido pelo ônibus. “O modelo de transporte coletivo com os corredores foi constituído no modal ônibus, com ajustes sucessivos, adequando à oferta e demanda do transporte. Mas não funciona mais. Não temos espaços, como tínhamos antigamente. Temos que ampliar o sistema e aplicar um novo modelo, com o uso do solo”, destacou.
Mas para o especialista, o projeto só será viável se o Executivo realizar uma pesquisa de origem e destino, a fim de calcular o número de passageiros transportados e uma projeção futura. “Onde está encalhado o projeto do metrô hoje? Não há modelo de projeção de demanda. Não se sabe a receita. Sem conhecer as necessidades, não dá para saber o tamanho da rede do metrô. Como o projeto não foi detalhado no nível técnico, nem econômico, dá margem para todo o tipo de questionamento”, concluiu.
Nova audiência
Jorge Bernardi (PDT) disse que a segunda audiência sobre o tema cumpriu seu propósito ao reunir e debater ideias a respeito do projeto do metrô, amplamente debatido na campanha de 2012 para a prefeitura. A presidente do Instituto Reage Brasil e ex-deputada federal, Clair Martins, por sua vez, comemorou a abertura da discussão para a sociedade.
“Qual o espaço que a população teve, na gestão anterior, de discutir o projeto do metrô? Por isso pedimos que fossem realizadas as audiências públicas, a fim de buscar subsídios para essa questão. Queremos discutir não só os trajetos do metrô, mas também a licitação a ser realizada, a fim de garantir a boa aplicação dos recursos públicos. Nos últimos anos, temos assistido audiências públicas de fachada. Queremos vivenciar uma nova era de participação, cuja responsabilidade é da administração pública, das entidades, sociedades representativas e universidades”, destacou Clair.
O debate sobre a mobilidade urbana continua no dia 17 de abril, com a realização da terceira e última audiência pública sobre o tema. O evento também será realizado no plenário da Câmara, a partir de 14h, onde representantes do Poder Público, de entidades e da sociedade em geral vão reunir propostas para a elaboração do Plano de Mobilidade, conforme diretrizes da lei federal nº 12.587/2012.
Outros vereadores que participaram da audiência desta quarta-feira foram Valdemir Soares (PRB), Chico do Uberaba (PMN), Tiago Gevert (PSC), Hélio Wirbiski (PPS), Rogério Campos (PSC) e Jonny Stica (PT).
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