Cumprindo o prometido na audiência pública sobre a crise hídrica no Paraná, a Comissão de Meio Ambiente entregou, nesta terça-feira (22), ao diretor-presidente da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), Claudio Stabile, o relatório contendo sugestões da sociedade civil e as mais de 20 perguntas registradas pela população nas redes sociais da Câmara Municipal de Curitiba (CMC). A atividade foi realizada no dia 29 de abril e transmitida pelo YouTube (confira aqui).

- Confira as imagens das reunião da Comissão de Meio Ambiente com a Sanepar no Flickr

A presidente da Comissão de Meio Ambiente, Maria Leticia (PV), pediu que assim que a Sanepar tiver analisado os questionamentos, os vereadores sejam avisados para que possam mediar a entrega das informações aos autores das perguntas. Na Sanepar, Leonidas Dias (SD) e Nori Seto (PP), membros do colegiado, participaram da reunião com o diretor-presidente da companhia. Claudio Stabile, por sua vez, estava acompanhado de Julio Cesar Gonchorosky, diretor de Meio Ambiente e Ação Social, e do seu gerente de gabinete, Fabrício Castilho Haesbaert.

“Esse tipo de evento [como a audiência pública] é muito importante para a gente”, afirmou o diretor-presidente da Sanepar, exemplificando com uma situação oriunda da própria audiência pública. Durante a atividade, Fabrício, líder comunitário no Bolsão Formosa, relatou a necessidade de transposição de tubulação de esgoto, da recuperação da mata ciliar no córrego e de desassoreamento na área. “Eu liguei para ele após a audiência”, confessou Stabile, dizendo que pelas vias burocráticas esse atendimento poderia ter demorado muito mais tempo e que agora há uma equipe analisando a situação.

No documento entregue a Claudio Stabile está a transcrição da audiência pública, com a íntegra das falas feitas naquele dia, e a sistematização das perguntas da população. Por exemplo, Luciano Padilha indagou se há e como é feita a fiscalização do uso da água pela indústria e agronegócio. Lorena de Paulo quis saber sobre planejamento para pagamento por serviços ambientais nas áreas de manancial e Angela Afonsina de Souza Barbosa perguntou sobre os investimentos da Sanepar nos últimos 10 anos (confira aqui).

Anteriormente, a Sanepar já havia informado à Comissão de Meio Ambiente que 25.521 famílias se beneficiam da tarifa social da água na capital do paraná, sendo que esse número corresponde a 3,4% dos clientes residenciais. Também que o tempo médio para inclusão na tarifa social é de cinco dias, após o protocolo da documentação exigida pelo órgão. Por intermédio desse programa, famílias podem pagar R$ 16,35 por mês pelos serviços de esgoto e de água – se não exceder cinco metros cúbicos.

Rodízio da água
Respondendo a questionamento do vereador Leonidas Dias, Julio Cesar Gonchorosky mostrou-se otimista com a normalização a médio prazo do abastecimento de água. O diretor de Meio Ambiente e Ação Social destacou que junho houve mais chuvas, bastante neblina e certo frio, que são circunstâncias que refletem positivamente na captação e reservação, além de inibirem o consumo de água. “Muito diferente do que vimos em abril, por exemplo, quando quase não choveu e fez calor, elevando o consumo”, disse.

Julio Gonchorosky ponderou que com o fim do fenômeno La Niña em setembro, há possibilidade da normalização das chuvas e a mudança do regime do rodízio, ampliando consecutivamente os períodos de fornecimento ininterrupto. Mas ele e Stabile ponderaram que o cenário não pode ser antevisto, portanto todo cuidado e medidas de economia seguem sendo necessárias. “Para nós [o rodízio] é muito ruim”, afirmou o diretor-presidente, pois, disse, diminui a arrecadação, estressa a infraestrutura e afeta o planejamento da companhia. Acrescentando que, apesar de impopular, a medida é necessária para garantir o abastecimento.

Durante a reunião, que durou cerca de duas horas, também conversaram sobre a instalação de caixas d’água em comunidades carentes, beneficiando famílias atendidas pela tarifa social durante a pandemia e a crise hídrica. Stabile manifestou seu desejo de modernizar as ações de educação ambiental promovidas pela Sanepar e, com seu diretor de Meio Ambiente, repassaram aspectos gerais de um projeto futuro para o rio Iguaçu, com melhora do tratamento da água e da reservação do líquido.