Manifestação contra o Uber “fecha” Barão do Rio Branco

por Assessoria Comunicação publicado 28/08/2015 17h55, última modificação 01/10/2021 11h26

“Defendo o direito de trabalho honesto e regulamentado”, disse Márcia Menegolo, taxista em Curitiba há dois anos e meio. Ela e dezenas de profissionais participaram de uma manifestação em frente à Câmara Municipal, nesta sexta-feira (28). O protesto antecedeu o início da audiência pública que discutiu o uso do aplicativo Uber em cidades brasileiras, realizada no auditório do Legislativo pela Comissão de Direitos Humanos, Defesa da Cidadania e Segurança Pública.

Durante uma hora, táxis de Curitiba e de São José dos Pinhais bloquearam a rua Barão Rio Branco, entre as avenidas Sete de Setembro e Visconde de Guarapuava, em defesa da categoria. A ação foi coordenada pela UTC (União dos Taxistas de Curitiba), com a participação da Abracomtaxi (Associação Brasileira das Associações e Cooperativas de Motoristas de Táxi); da Acert (Associação das Rádio-Táxis de Curitiba e Região Metropolitana); e do Sinditaxi-PR (Sindicato dos Taxistas do Paraná).

Na audiência pública, a categoria em peso disse que o aplicativo, que oferece serviço de transporte alternativo a partir de smartphones, é um serviço pirata e clandestino (leia mais). “Meu pai trabalhou como taxista dos 18 aos 80 anos. Assumi o táxi porque ele não tinha mais idade para trabalhar e defendo tudo o que ele passou. Sou radicalmente contra, porque ele não é regulamentado. Qualquer um pode ser motorista, não existe um critério. O Uber é muito mascarado, pois ninguém sabe se o motorista tem bom antecedentes. Ele é muito arriscado para a comunidade”, opinou Márcia Menegolo.

Representantes de outros segmentos também se manifestaram contra o aplicativo. Um deles foi o psicólogo Márcio Jair Possan, que alertou que o Uber só desvaloriza o trabalho do taxista. Já a comerciante Emília Simões disse que a ferramenta pode prejudicar a renda de várias famílias. “Sou contra [o Uber] devido à recessão econômica do país. Os taxistas já estão com dificuldades de conseguir passageiros por causa do baixo poder aquisitivo das pessoas.”

Pelo Uber
Único participante da audiência pública a se posicionar favorável ao aplicativo, Tobias Marques acredita que o Uber será benéfico para a cidade, na medida em que ofertará uma nova opção para quem precisa de um táxi “e muitas vezes não consegue achar”. Ele, que é encanador e eletricista, disse que a categoria não deve ter medo do serviço de carona remunerada, porque será uma oportunidade para “melhorarem o próprio atendimento”.

Ao ser criticado pelos taxistas, o eletricista defendeu a liberdade de trabalho e de expressão. “As pessoas ficaram descontroladas [na audiência pública] por escutar minha opinião contrária. Não concordo que o Uber seja um serviço clandestino. Será que é um grande vilão? Por que em outras partes do mundo ele é aceito? Será que os outros países são muito menos evoluídos do que nós? Para mim é o contrário: lá, eles são mais esclarecidos e aqui somos ignorantes, querendo fechar e proteger o mercado”, finalizou.  

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