Maio Verde: Câmara de Curitiba conscientiza à doença celíaca

por Fernanda Foggiato — publicado 15/05/2024 16h50, última modificação 15/05/2024 16h50
Debate sobre a conscientização à doença celíaca foi realizado na Tribuna Livre da Câmara de Curitiba.
Maio Verde: Câmara de Curitiba conscientiza à doença celíaca

Espaço democrático de debates de Curitiba recebeu a diretora jurídica da Acelpar, Giseli da Silveira. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

O diagnóstico da doença celíaca, as restrições alimentares e o custo da dieta especial foram alguns dos temas levantados durante a Tribuna Livre da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), na sessão plenária desta quarta-feira (15). A convite do vereador Bruno Pessuti (Pode), o espaço democrático de debates da instituição recebeu a diretora jurídica da Associação de Celíacos do Estado do Paraná (Acelpar), Giseli Vilela da Silveira.

Pessuti lembrou que o Dia Mundial de Conscientização à Doença Celíaca é celebrado em 16 de maio. Sede da CMC, o Palácio Rio Branco será iluminado na noite desta quinta (16) em apoio ao Maio Verde, como é chamada a campanha global de conscientização. Além disso, a lei municipal 15.648/2020, de autoria do vereador, declara Curitiba como a Capital dos Celíacos e cria a Semana de Conscientização da Doença Celíaca, celebrada simultaneamente à data internacional.

“Cerca de 1% da população pode desenvolver a condição da doença celíaca”, alertou o propositor da Tribuna Livre. “Não é ‘mimimi’, isto é muito importante falar”, reforçou Bruno Pessuti, que já havia trazido a discussão sobre o tema, no começo deste mês, durante um episódio do CMC Podcasts (confira).

O diagnóstico correto da doença celíaca salva vidas”, reforçou Giseli. “Somos 1% da população mundial e ainda sim somos lembramos pela Câmara de Vereadores de Curitiba”, discorreu a oradora da Tribuna Livre desta semana. Para ela, “é um orgulho” receberem a atenção do Poder Legislativo.

Durante o debate, a representante da Acelpar defendeu a aprovação do projeto de lei que garante a dieta hospital especial ao paciente celíaco internado. A proposta também permite que a pessoa possa levar ou receber suas refeições, sem correr o risco da contaminação cruzada.

Assinada por Pessuti, Herivelto Oliveira (Cidadania) e Pier Petruzziello (PP), a matéria foi acatada logo depois, em primeiro turno, de forma unânime. Para seguir para a sanção do prefeito Rafael Greca e se tornar lei em Curitiba, a iniciativa depende da votação em segundo turno, na sessão plenária da próxima segunda-feira (20).

Ainda durante a fala aos vereadores, Giseli pediu apoio à campanha “Ajuda celíaca consciente”, realizada pela Associação dos Celíacos do Brasil – Seção Rio Grande do Sul (Acelbra-RS). “Precisamos garantir que os celíacos e os portadores de outras alergias alimentares tenham com o que se alimentar”, disse ela sobre as inundações que afetam centenas de cidades gaúchas.

Vereadores falam do passaporte celíaco e da contaminação cruzada

Herivelto Oliveira relatou que a esposa foi diagnosticada em 1998 e que a condição hoje é mais conhecida e existem mais opções, mas que os produtos ainda são caros e “muito restritos, na maioria das cidades”. Coautor do projeto para garantir a dieta hospitalar especial ao paciente celíaco, ele reforçou o compromisso com a luta pelo “passaporte [celíaco] pleno”, para que eles possam levar seus alimentos também a restaurantes, por exemplo. “Esta é uma batalha que vamos lutar ainda este ano.”

O presidente Marcelo Fachinello (Pode) perguntou sobre o processo de certificação dos bares e restaurantes para evitar a contaminação cruzada. “A respeito da contaminação cruzada, ela é extremamente complicada porque até mesmo o ar pode estar contaminado em determinados ambientes”, admitiu Giseli. Um dos meios para inibir a contaminação cruzada, explicou, é a lavagem tripla de todos os utensílios.

Presidente da Acelpar, Ana Claudia Cendofanti complementou que os até mesmo os talheres precisam ser de uso exclusivo da pessoa com a doença celíaca. A certificação de estabelecimento para receber o Selo Sem Glúten, prosseguiu, é feita por auditores voluntários e passa por uma renovação anual.

A Rodrigo Reis (PL), Giseli disse que a ideia nunca foi implementar um hospital de referência, mas que todos os estabelecimentos “estejam aptos” a receber o paciente celíaco, já em caso de emergência ele “será levado ao hospital mais próximo, ao hospital que tenha vaga”. “Caso não seja possível adequar a cozinha do estabelecimento, a ideia é que os hospitais permitam que o familiar o paciente entre com os alimentos ou Acelpar”, complementou.

A doença celíaca clássica são os sintomas gastrointestinais”, explicou Giseli em resposta a questionamento de Tico Kuzma (PSD). “Mas ela [doença celíaca] também pode gerar sintomas em qualquer parte do corpo, inclusive psiquiátricos, inclusive nada [ser assintomática]”, esclareceu a oradora da Tribuna Livre.

Os vereadores Giorgia Prates – Mandata Preta (PT), Mauro Bobato (PP) e Sidnei Toaldo (Patriota) se somaram ao debate. A presidente da Acelpar Kids, Sarah Cendofanti, e a influencer celíaca Daniella de Almeida também acompanharam a Tribuna Livre.