Legitimidade da nova Mesa Diretora é debatida em plenário

por Assessoria Comunicação publicado 03/02/2015 18h05, última modificação 29/09/2021 06h55
“Não interessa o título que me chamem. Eu sou o presidente eleito. Querem ganhar no tapetão, mas a maioria já decidiu legitimamente. Na vida, temos que saber ganhar com humildade e perder com dignidade. Infelizmente, faltou vocabulário para alguns vereadores se expressarem hoje”. Foi com essa declaração, dada à imprensa logo após o encerramento da sessão desta terça-feira (3), que o vereador Ailton Araújo (PSC) resumiu o debate sobre a legitimidade da nova Mesa Diretora da Câmara Municipal, eleita no final do ano passado e que entrou em exercício na sessão de ontem (2).

Araújo reagiu após Valdemir Soares (PRB) ter se dirigido a ele, diversas vezes, como “presidente sub judice” e de ter ouvido Jorge Bernardi (PDT) afirmar que a eleição teria sido uma “trapaça”. Diversos vereadores se manifestaram sobre o tema, sendo que a grande maioria declarou apoio à Mesa Diretora eleita.

Soares, que foi derrotado por Felipe Braga Côrtes (PSDB) na disputa pela 1ª vice-presidência, sustentou que houve “manobra” para que a chapa encabeçada por Araújo vencesse a eleição, mas ponderou que acatará o que a Justiça decidir, ao mencionar que ações no Poder Judiciário tentam reverter o resultado.

Jorge Bernardi, por sua vez, afirmou que na disputa “houve uma série de irregularidades”. Ele disse não ter perdido nenhum cargo na administração municipal, “por não ter indicado ninguém”, e questionou quantos cargos teriam sido “negociados” para que Paulo Salamuni (PV) fosse eleito (em 2013) presidente da Casa. “Quando eu fui presidente desta Câmara (1989-90), não foi utilizado nenhum tipo de artifício”, garantiu. Bernardi também criticou o repasse de R$ 10 milhões feito à prefeitura em 2013 para auxiliar na redução do valor da passagem de ônibus e declarou que a situação não estaria tão complicada caso as providências indicadas pela CPI do Transporte Coletivo tivessem sido adotadas.

As acusações foram rebatidas por Salamuni, atual líder do prefeito na Casa, que defendeu a legalidade da eleição, bem como a legitimidade dos eleitos. “O Ailton é presidente de fato e de direito”, frisou, ao reforçar que nenhuma ação proposta na justiça pelo bloco adversário prosperou por não se basear em “fato concreto”.

Salamuni ainda desafiou Bernardi a apontar onde houve “trapaça” na eleição e o acusou de ter ficado do “lado errado, que absolveu o ex-presidente João Cláudio Derosso”. “Eu respeito a sua história, mas peço que seja recíproco. O prefeito precisa do seu auxílio e você divaga e tergiversa. Nunca trapaceei, mas você me desrespeitou no dia da eleição e eu relevei isso. Mas tudo tem limite”, desabafou. Já sobre o repasse à prefeitura, o parlamentar disse que a decisão foi coletiva, apoiada por todos os vereadores.

Outras opiniões
“Se alguns ainda não absorveram o resultado da eleição, tratem de absorver, assim como o governo federal terá de fazer após a derrota na Câmara dos Deputados. Ter caráter, para além dos discursos, é respeitar o desejo da maioria”, observou Pedro Paulo (PT), líder do bloco eleito em Plenário para o comando da Casa. Outro a comentar o resultado foi Mestre Pop (PSC): “Foi legítima. Eu, como esportista, aprendi que o mais importante não é ganhar, mas aprender a administrar a derrota”, disse. Pop também comentou sobre o repasse à prefeitura em 2013. Ele disse que, à época, não viu ninguém criticar, mas aplaudir. “Para criticar, tem de ser na hora”, concluiu. Para Serginho do Posto (PSDB), a eleição foi difícil, mas transparente e “a maioria decidiu”.

Dirceu Moreira (PSL), líder do bloco derrotado, reconheceu a legitimidade da Mesa eleita. No entanto, contestou a declaração de Salamuni sobre “ter escolhido o lado que absolveu Derosso”. “Você foi irresponsável em suas palavras e não respeitou quem pensa diferente, pois o bloco foi composto por diversos partidos, inclusive por vereadores da base do prefeito. Ele (Derosso) não foi absolvido e responde na Justiça. Seu posicionamento foi infeliz ao colocar todos os vereadores do bloco na mesma situação”, finalizou.

Regimento Interno

Durante a sessão, os vereadores também discutiram a aplicação do Regimento Interno da Casa. Pier Petruzziello (PTB) considera importante respeitar o regimento durante as sessões, mas disse não concordar com o cerceamento da palavra aos vereadores. “O que as pessoas precisam saber lá fora é que aqui não se discute apenas títulos de cidadão honorário. Não podemos aceitar falta de debate, pois é para isso que fomos eleitos”, declarou.

Mestre Pop reafirmou o papel do Regimento em organizar o trabalho parlamentar e disse concordar com a nova condução do plenário, feita por Ailton Araújo, afirmando que o antigo presidente, Paulo Salamuni, conduzia a sessão com “excesso de democracia”. Por sua vez, Pedro Paulo parabenizou o novo presidente e a maneira de comandar o Legislativo com “respeito ao Regimento, o que garante espaço para todos os parlamentares”, finalizou.