Juíza quer cumprimento da Lei Maria da Penha

por Assessoria Comunicação publicado 31/10/2007 19h25, última modificação 18/06/2021 07h13
“Para realização de políticas públicas eficazes é preciso um trabalho conjunto e ações articuladas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios e iniciativas não governamentais.” A afirmação é da juíza Luciane Bortoleto, que, a convite da vereadora Professora Josete (PT) e da bancada do Partido dos Trabalhadores, usou a tribuna livre desta quarta-feira (31), na Câmara de Curitiba. A juíza, que falou sobre a Lei Maria da Penha e a criação do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, do qual é titular, fez um apelo ao Legislativo para a realização de um trabalho conjunto visando o cumprimento da lei. “É humanamente impossível obter bons resultados sem apoio”, disse.
Professora Josete saudou a convidada e afirmou que a idéia é divulgar e debater o tema, buscando fortalecer a rede de atendimento e também reunir ações que possam auxiliar no desenvolvimento de políticas públicas voltadas ao setor.
Segundo Luciane Bortoleto, o nome da lei é uma homenagem a Maria da Penha Maia Fernandes, que foi agredida pelo marido durante seis anos. “Em 1983, por duas vezes, ele tentou assassiná-la”, informou. Sancionada há um ano pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a lei, além de equiparar a violência doméstica contra a mulher a crimes contra os direitos humanos, cria mecanismos para garantir proteção à mulher e à família contra a violência física, psicológica ou sexual. “Prevê punição ao agressor, com prisão em flagrante ou preventiva, aumento o tempo máximo de permanência na prisão de um para três anos e proíbe a aplicação de penas alternativas”, informou, acrescentando que a lei ainda determina medidas que vão desde a saída do agressor do domicílio à proibição de sua aproximação da mulher agredida e filhos.
Com relação à criação do Juizado de Violência, Luciane Bortoleto esclareceu que o órgão começou a funcionar em março deste ano, no Alto da XV, e vem realizando audiências diárias. “Foram registrados mais de 2,7 mil processos”, afirmou, ressaltando que este número, porém, não reflete a realidade de Curitiba. Na sua opinião, “certamente, caso venha a ser oferecido maior número de atendimentos, adequado à sociedade e com estrutura de serviços capazes de assegurar às mulheres proteção na hora e depois da denúncia, aumenta-se a possibilidade dos registros”.
A juíza também destacou a necessidade de levar este atendimento ao interior e de se criar centros de atendimento integral à mulher vítima de violência. Falou do projeto que será desenvolvido ainda neste ano, quando, junto com uma equipe, percorrerá as nove administrações regionais de Curitiba, para divulgar a lei. Entendendo a complexidade e gravidade desta questão, a vereadora Professora Josete disse que apresentou proposta para criação do Programa de Centros de Referência para o Atendimento à Mulher. O objetivo é que estes espaços orientem e encaminhem as mulheres em situação de violência, auxiliem também no mercado de trabalho, na melhoria da estrutura das delegacias, implementação de núcleos de defensoria, entre outras ações.