Jogos e brincadeiras ajudam crianças surdas

por Assessoria Comunicação publicado 20/10/2005 18h25, última modificação 02/06/2021 10h00
“O principal objetivo do trabalho com a criança deficiente auditiva é a comunicação, especialmente a oral.”  A informação é da professora Mônica Aguiar, que abriu nesta quinta-feira (20), no auditório do Anexo II da Câmara Municipal, o segundo dia de atividades da V Resenha Pedagógica da Centrau (Escola de Educação Especial ensino Fundamental). A professora abordou o tema “Ludicidade objetivando criatividade, auto-estima e autonomia”,  projeto  que vem sendo desenvolvido com uma turma de crianças de seis anos. Os jogos e brincadeiras utilizados, segundo ela, vêm complementar o conteúdo e o lúdico ajuda a desenvolver aspectos psicomotores, cognitivos e afetivo-sociais da criança. “Durante os jogos, surge a espontaneidade da fala, sem intervenção do professor”, afirmou.
A professora Renata Vicente Voltolini fez palestra em seguida e falou sobre o projeto “O universo dos trava-línguas, das parlendas e das cantigas de roda como instrumentos para desenvolvimento da linguagem”. Falou como trabalha com o ritmo, tempo, pausa, entonação e gestos, além dos fonemas propriamente ditos. “Fazemos a associação do corpo aos fonemas e a criança aprende a sentir a fala no próprio corpo”, disse. Renata explicou que uma parlenda é a arrumação de palavras rimada e ritmada (sem melodia) que serve para ajudar a formação e o enriquecimento da linguagem; os trava-línguas são parlendas que apresentam dificuldade na pronúncia das frases e as cantigas de roda desenvolvem o gosto estético, disciplinam e socializam. “O folclore alimenta o espírito da criança”, concluiu.
Também participou do evento a instrutora de libras da Centrau, Ivone Ferreira Lisboa, que deu depoimento sobre a sua história de vida. “Quando criança, meus irmãos iam para a escola, eu queria ir junto e minha mãe dizia não. Eu ficava triste, pensando por que não existe uma escola para mim? Hoje trabalho com as crianças e elas me respeitam porque sentem que eu sei exatamente o que eles passam”, disse.
Implante
A professora e fonoaudióloga Taís Rodrigues Lisboa falou aos presentes sobre “Implante Coclear e a (Re) habilitação”. Segundo a professora, o implante possibilita o uso da função auditiva para o desenvolvimento da linguagem, melhora a habilidade de percepção e produção da fala, além de possibilitar à criança monitorar a própria fala, ou seja, ouvir a própria voz. O trabalho é realizado integrando a audição nas diversas situações do cotidiano, possibilitando a aquisição da língua oral por meio da via auditiva e contando sempre com profissionais habilitados para o acompanhamento da criança surda. “É muito importante a troca de experiências entre os fonoaudiólogos responsáveis pelo programa de implante coclear e os profissionais responsáveis pela habilitação auditiva e educação da criança”, ressaltou.
O implante coclear pode ser feito em crianças que apresentem compatibilidade a partir de um ano de idade e a cirurgia é realizada somente em sete pontos no Brasil, sendo três deles em São Paulo e os outros em Bauru, Campinas, Porto Alegre e Natal.
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Alunos da Centrau
têm aulas especiais

"Clientela especial merece atenção especial. O professor não deve ter método único a ser aplicado para todos os alunos, porque cada criança aprende de um jeito." O comentário é da professora Vanessa Rocha Zacarias, que dá aulas de educação física na Escola Centrau e contou sua experiência na V Resenha Pedagógica. Em  sua palestra,  a especialista em educação especial falou das atividades circenses para o desenvolvimento de habilidades motoras.
Vanessa Zacarias conta que, ao iniciar seus trabalhos, teve o cuidado de escolher um método para favorecer a normalização, integração e adaptação da criança com deficiência auditiva. Uma das alternativas foi pesquisar a relação das atividades circenses e capacidades coordenativas de 25 alunos matriculados na 1 e 2ª séries, com idades entre 8 e 11 anos. Elaborou teste de uma escola norte-americana e aplicou nas crianças.
Desenvolvimento
"As crianças responderam ao teste e, depois, tivemos as atividades circenses durante 20 minutos em cada final de aula, dando 40 minutos por semana. Em seguida, após a vivência com malabares, o teste foi reaplicado", diz a professora. O resultado da avaliação foi a "sensível melhora no padrão motor", analisa.
O teste aplicado por Vanessa Zacarias teve como objetivo avaliar o equilíbrio estático, caminhar sobre barra, salto em extensão, saltitamento e lançamento com precisão. Diante desta experiência, a professora sugere "estudos futuros abordando outros técnicas, circenses ou não, para o desenvolvimento de aspectos psicossociais do aluno, visando a formação integral".
A V Resenha Pedagógica da Escola Centrau, realizada nesta quarta (19) e quinta-feira  (20), na Câmara de Curitiba, tem continuidade nesta sexta-feira (21). Os participantes terão a oportunidade de conhecer as atividades desenvolvidas na escola, que funciona  na Rua José Veríssimo, no Tarumã, e conferir no local tudo o que foi mostrado durante o encontro. As atividades desta sexta-feira iniciam às 8h e se estendem até as 11h.