A Câmara Municipal de Curitiba (CMC) acatou, na sessão plenária desta quarta-feira (10), a concessão da Cidadania Honorária da capital ao jogador de futebol Maycon Vinícius Ferreira da Cruz, o Nikão, natural de Belo Horizonte (MG). Autor do projeto de lei, Alexandre Leprevost (Solidariedade) defendeu que a homenagem ao atleta Club Athletico Paranaense “independe de torcida, porque vem por sua trajetória como esportista”. “Esta é maior honraria que Curitiba pode oferecer a um cidadão que não nasceu aqui”, reforçou o vereador, primeiro vice-presidente do Legislativo.

O placar, na análise em primeiro turno, foi de 32 votos favoráveis, 3 contrários e 2 abstenções (006.00016.2021). A proposta de lei será submetida a nova deliberação, na próxima terça-feira (16), para então seguir para a sanção do prefeito. O título deve ser entregue em sessão solene dia 22 de novembro, às 19 horas (061.00014.2021).

No debate da homenagem, Leprevost definiu Nikão como um exemplo de resiliência. O vereador citou sua origem humilde, perdas familiares, o vício em álcool e a superação, consagrando-se como ídolo da torcida rubro-negra. “O encontro com a Igreja e o vínculo com a fé foram essenciais para que o jogador superasse a fase difícil”, relatou o autor.

“Conceder o título de cidadão honorário de Curitiba é reconhecer não só a trajetória profissional e pessoal do Nikão, mas principalmente o vínculo criado com a cidade de Curitiba”, reforçou Leprevost. O atleta chegou a Curitiba em janeiro de 2015, para jogar pelo Athletico. Aqui foi o casamento com Izabela Luz Sampaio da Cruz e nasceram os dois filhos, Thiago Vinícius e João Gabriel.

Em outubro passado, o homenageado completou 300 jogos pela equipe paranaense. O vereador lembrou dos títulos já conquistados, como a Sul-Americana em 2018, primeiro título continental do clube, e a Copa Levian em 2019, primeiro título intercontinental, além das finais da Copa do Brasil e da Sul-Americana que serão disputadas em 2021.

“Com apenas 29 anos, ele é reconhecido no meio esportivo pela habilidade e humildade, sendo idolatrado pela torcida rubro-negra”, continuou. “Fora dos campos, o jogador tem uma importante atuação, ajudando pessoas carentes através de ações sociais, que faz com ita discrição, mostrando o verdadeiro sentido da caridade, que é a caridade com discrição, não anunciada. […] Nós precisamos, ainda mais no mundo atual, levar bons exemplos. E esse é um exemplo de superação, de sucesso, de recuperação, que precisamos expor à sociedade.”

Debate em plenário

Pier Petruzziello (PTB) lembrou que é torcedor do Coritiba, mas disse ser importante “valorizar uma pessoa com história de vida, de luta, muito bacana”. Na avaliação de Sidnei Toaldo (Patriota), Nikão destaca-se pela superação pessoal, como jogador e como ser humano. “Pessoas valorosas como essas precisam desses títulos para inspirar outras pessoas”, observou João da 5 Irmãos (PSL).

Maria Leticia (PV) e Professora Josete (PT) justificaram o “não” – além delas, Carol Dartora (PT) votou contra o projeto de lei. Amália Tortato e Indiara Barbosa, ambas do Novo, se abstiveram da votação, mantendo o posicionamento que têm adotado na análise de homenagens.

Segundo Josete, a imprensa veiculou, em 2018, declarações homofóbicas do jogador, postadas em rede social. “Este tipo de comportamento preconceituoso não é aceitável por ninguém, principalmente por figuras públicas”, afirmou. Maria Leticia defendeu que as comissões sejam mais rígidas na avaliação das homenagens, observando “também o aspecto moral e humano, como essas pessoas se colocam”.

Em segundo turno, os vereadores aprovaram a Cidadania Honorária póstuma à artesã Zélia Gomes de Jesus Scholz, conhecida pela exposição de trabalhos de tecelagem na Feira do Largo da Ordem, e programa para o combate à violência doméstica, além de mensagens do Executivo (confira). As sessões plenárias têm transmissão ao vivo pelos canais da CMC no YouTube, no Facebook e no Twitter.