Já diplomados, vereadores fazem discursos de despedida
Da esquerda para a direita: Renato Freitas, Carol Dartora e Denian Couto. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)
Os vereadores da capital paranaense eleitos, em outubro passado, para outros mandatos eletivos fizeram seus últimos pronunciamentos no plenário da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), nesta semana. Já diplomados pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), Carol Dartora (PT), Denian Couto (Pode) e Renato Freitas (PT) discursaram na sessão desta terça-feira (20). Já a primeira-secretária da Casa, Flávia Francischini (União), se despediu nesta segunda (19).
Herivelto Oliveira (Cidadania) também foi diplomado, nesta segunda, como suplente de deputado estadual. As cerimônias de posse dos parlamentares, tanto na Câmara dos Deputados quanto na Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (Alep), serão realizadas no dia 1º de fevereiro de 2023.
No discurso de despedida, Dartora falou das barreiras superadas para se tornar a primeira vereadora negra da cidade de Curitiba - além de ter registrado a terceira maior votação, em 2020. Em 2023, ela será a primeira deputada federal negra do Paraná. “Foram ao todo 34 projetos de lei, de autoria individual ou em parcerias, que trazem uma nova visão sobre a cidade, um novo projeto de cidade inclusiva, diversa, equitativa e igualitária, que cuida desde seus servidores públicos até a população minorizada e sempre negada por esta gestão, as populações periféricas, as mulheres, pessoas com deficiência, LGBTs, negras e negros, e a população em situação de rua”, disse.
“O mandato desta mulher preta apresentou um dos projetos de lei mais importantes da história desta cidade e, com o voto da maioria das senhoras e dos senhores, aprovamos as cotas étnico-raciais para os concursos públicos municipais [lei municipal 15.931/2021]. Pautamos a implementação do Plano Municipal de Política Étnico-Racial e incluímos o eixo de moradia, fomentamos o debate sobre o patrimônio histórico-cultural da população negra de Curitiba, inclusive com a oficialização da Comissão Especial sobre a Visibilidade do Povo Negro”, completou. “Fizemos e refizemos cerca de 151 pedidos de informações e 38 requerimentos à prefeitura e outros órgãos, para fiscalizar, cobrar e solicitar dados, informações e levantamento de políticas públicas para a cidade.”
“Aqui não é estágio”
“Ontem, durante a cerimônia de diplomação, esta Câmara Municipal foi, muitas vezes, comentada pelos diplomandos, com os deputados estaduais e federais com quem eu conversei”, comentou Denian Couto. Ele, Francischini e Freitas serão empossados na Alep, em 2023. “Aqui não é estágio para outros cargos. Aqui é a Casa do povo de Curitiba, onde são travados os mais importantes debates naquilo que interessa à vida pública municipal”, afirmou.
“Neste Parlamento, e ele é pouco compreendido pela sociedade, retumba a divergência que há do lado de fora. Nós somos vereadores diferentes porque a sociedade é plural”, definiu. “Eu sou orgulhosamente vereador de Curitiba e serei para sempre.” Couto lembrou da lei municipal 15.810/2021, assinada com as vereadoras do Novo, Amália Tortato e Indiara Barbosa, instituindo a educação como atividade essencial. Também da lei 16.068/2022, que prevê espaços separados para mães de natimortos ou com óbito fetal (saiba mais). Na fiscalização, frisou os radares e o transporte coletivo.
“Nasci para isso"
“Depois de dez anos [nos bastidores], eu descobri que nasci para isso. Porque esta é minha satisfação profissional e o que sei fazer de melhor, que é cuidar das pessoas, daquelas que mais precisam. Aqui construí amizades sinceras, independente da ideologia ou partido. Aprendi que todos estão aqui pelo mesmo propósito, ajudar, fazer pelo próximo e melhorar o local em que vivemos. A Câmara se tornou minha segunda casa”, pontuou Flávia Francischini.
“Foi aqui nesta Casa de Leis que eu conheci minha melhor versão. [...] Aquela lacuna, aquele vazio profissional, aquele algo a mais que até eu mesma não sabia como preencher, foi aqui ocupado.” Francischini ressaltou, entre suas bandeiras, a defesa da pessoa com deficiência (PcD). Também agradeceu aos vereadores, à equipe do gabinete, aos servidores da Casa e à família, em especial pelo apoio do marido, Fernando Francischini. “Tenho certeza de que meu gabinete estará muito bem comandado pelo meu amigo Rodrigo Reis [União], que agora será o nosso vereador. Eu brinco que aqui será a extensão do meu gabinete na Alep”, finalizou.
“Eu voltei”
“Acharam que eu estava derrotado. Quem achou estava errado. Eu voltei”, citou Freitas. Ele fez o último pronunciamento como vereador na forma de letra de rap: “E a história desse país fez com que a sobrevivência fosse a nossa especialidade. Somos fortes porque sobrevivemos. [...] A necessidade de sobrevivência em ambientes hostis como a Câmara de Vereadores de Curitiba, por exemplo, fez com que vocês criassem, desenvolvessem grandes habilidades”, continuou.
“Nós abrimos os caminhos com facão na mão, enfrentando todo dia um leão, como eu enfrentei aqui na Câmara de Vereadores em tantas vezes que tentaram me cassar. Nosso caminho é inaugural. Vereador significa verear. Verear, por sua vez, significa abrir veredas, abrir caminhos”, disse Renato Freitas. “Os caminhos que eu abri, as veredas, nas quais eu fui vereador, serão percorridas pelas novas gerações que estão me assistindo neste exato momento, afiando as palavras, largando as armas, vendo que além do caminho da criminalidade e da subalternidade há um outro que ainda está sendo descoberto, que ainda está sendo aberto por mim e por tantas outras pessoas. E essa nova geração vai revolucionar. E a política que existe nesta Casa, não restará pedra sobre pedra.”
O presidente Tico Kuzma (Pros) parabenizou os diplomados. Ele ainda agradeceu pela “parceria e a dedicação” de Francischini nas reuniões da Mesa Diretora. Sua participação como vereadora de Curitiba, afirmou, foi rápida, “mas com certeza marcante na história da Câmara Municipal”. Na segunda, o primeiro suplente do União, Rodrigo Reis, acompanhou a sessão plenária. Nesta terça, foi a vez dos primeiros suplentes do Pode e do PT, respectivamente Bruno Pessuti e Giorgia Prates.
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