Indagado por vereadoras, Estado diz que Casa da Mulher continua
Nesta terça-feira (14), durante reunião pública na Câmara de Curitiba, a coordenadora estadual de Política da Mulher, Terezinha Ramos, disse que “na Casa da Mulher Brasileira e no Conselho Municipal dos Direitos da Mulher ninguém mexe”. Foi uma resposta a comentários feitos no início do encontro, organizado pela vereadora Maria Leticia (PV), que reuniu 50 pessoas no auditório do Anexo II para debater projetos de lei que combatam a violência contra a mulher.
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Responsável pelo acompanhamento dessas políticas na Secretaria Estadual da Família e do Desenvolvimento Social. Terezinha Ramos, além de dizer que essas ações serão mantidas, disse que a Prefeitura de Curitiba “voltará a conversar com os movimentos sociais”. Sobre a manutenção da Secretaria Extraordinária da Mulher ela não se manifestou, mas disse que “a construção ainda é possível, talvez não neste momento”.
A Casa da Mulher Brasileira, inaugurada em junho de 2016, fica na avenida Paraná, 870, no bairro Cabral. É um espaço que reúne a Delegacia da Mulher, Defensoria Pública, Juizado da Violência Doméstica, Ministério Público, Patrulha Maria da Penha e serviços de suporte psicológico e de assistência social.
Com a decisão do atual prefeito, Rafael Greca, de não nomear alguém para a Secretaria Municipal Extraordinária da Mulher, representantes dos movimentos sociais questionavam se as obrigações de Curitiba com o Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres seriam mantidas. No início da reunião, a vereadora Professora Josete (PT) foi uma das pessoas que formulou esse questionamento.
Portas abertas
Autora de vários projetos de lei rotulados como polêmicos pela imprensa local, a vereadora Maria Leticia disse ter organizado a reunião com dois objetivos. Ela queria recolher opiniões sobre as proposições que, por exemplo, multam quem passar cantadas na rua, dão prioridade às mulheres agredidas na obtenção de empregos, ou garantem a elas transporte público gratuito em Curitiba durante a vigência das medidas protetivas. Também desejava planejar um seminário, com toda a bancada feminina e movimentos sociais, no mês de março, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher.
Além de Josete, as vereadoras Fabiane Rosa (PSDC) e Katia Dittrich (SD) também estiveram na atividade, participando do seu início. Elas relataram experiências pessoais que associam à violência contra a mulher e se dispuseram a apoiar iniciativas que combatam a violência contra a mulher. Goura (PDT), Osias Moraes (PRB) e Marcos Vieira (PDT) enviaram representantes.
Diversos movimentos sociais estiveram presentes, como a União Brasileira de Mulheres, Rede de Mulheres Negras, Coletivo de Jornalistas Nísia Floresta, Mães Pela Diversidade, Rede Feminista de Saúde, Fórum Popular de Mulheres, Mais Mulheres no Direito, as comissões de Estudo de Violência de Gênero e de Apoio às Vítimas de Violência da Ordem dos Advogados no Paraná, além de representantes da Secretaria Municipal de Recursos Humanos, da Defensoria Pública, da Itaipu Binacional e docentes dos cursos de direito da UFPR e da Unibrasil. “A partir de hoje, quero reafirmar que a Câmara de Vereadores está aberta às mulheres e vai ser assim enquanto eu estiver no mandato”, disse Maria Leticia.
8 de Março
Durante a reunião pública, a realização de uma paralisação internacional de mulheres no próximo dia 8 de março foi citada diversas vezes. A iniciativa reúne grupos feministas em 30 países, como o Ni Una Menos (em português “nem uma a menos”), na Argentina. A intenção das vereadoras era utilizar o evento de hoje para planejar um seminário na Câmara Municipal sobre violência contra as mulheres, mas com o dia 8 reservado para a atividade, e outras agendas no Legislativo para a véspera, 7 de março, decidiu-se que a organização continuará sendo feita pela internet. “Vamos buscar o consenso”, disse Maria Leticia.
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