Identidade cultural é destaque em vencedor do concurso Talento Urbanístico Jovem
Imagem do projeto da equipe Ekobé, vencedora do concurso “Talento Urbanístico Jovem”. (Arte: Divulgação/Equipe Ekobé)
Em reunião realizada na tarde desta segunda-feira (15), a Comissão Especial para Avaliação de Pontes e Viadutos da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) elegeu o projeto da equipe Ekobé, da UFPR, como vencedor do concurso “Talento Urbanístico Jovem”. A competição selecionou, entre sete propostas elaboradas por estudantes universitários, o melhor projeto arquitetônico para uma nova ponte de acesso ao parque Tingui, no bairro Pilarzinho. Os trabalhos foram transmitidos ao vivo e estão publicados no canal da CMC no Youtube.
“Ficamos surpresos com a qualidade dos projetos recebidos e decidimos enviar todos eles ao Instituto de Pesquisa e Planejamento de Curitiba (Ippuc) e ao Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), como uma forma de reconhecimento ao trabalho de vocês”, declarou o presidente da comissão, vereador Mauro Ignácio (DEM). O parlamentar frisou que as propostas serão enviadas como forma de sugestão, mas disse acreditar na “sensibilidade” da atual gestão em tirá-las do papel.
>> Conheça aqui todos os projetos.
As ideias da Ekobé para uma nova ponte de acesso ao parque foram apresentadas pelo aluno João Pedro Reguim de Paulo. Segundo ele, o design proposto tem como pilar o respeito com a identidade cultural do Tingui, bem como às construções já presentes no local. “O Memorial Ucraniano serviu como base para a forma da nossa ponte. Decidimos manter a ponte de ciclistas e pedestres, pois ela cumpre seu papel - está em um estado mais atual - e carrega consigo a identidade do espaço, por isso resolvemos usar ela como base para o formato da nossa ponte”.
Ainda segundo o estudante, o objetivo foi projetar uma ponte de fácil construção, com a utilização de materiais ecológicos e de baixo custo. “Sabemos que é um momento de crise e contenção de gastos”, justificou. Assim, o principal material a ser utilizado são toras de madeira de eucalipto reflorestado, que segundo ele têm melhor custo-benefício, são resistentes, cumprem o papel estrutural e carregam consigo a identidade do parque”.
O concreto armado seria utilizado na base do equipamento, porque acaba sendo, a longo prazo, mais resistente contra as intempéries, e mais vantajoso por exigir menos manutenção do que uma ponte de madeira, defendeu. Embora mantenha a identidade cultural, a ponte proposta busca um toque contemporâneo e sugere, na parte superior, a utilização de uma grade metálica, “para trazer mais textura, um sombreado, mas ainda assim fica leve, como parte da paisagem, permeável ao olho do observador”, explicou.
Em relação à parte estrutural, a equipe Ekobé destacou que a melhor opção encontrada foi uma estrutura mista, com toras de madeira e concreto armado. “Isso porque ela acaba sendo mais barata, mais viável, que uma ponte inteira de concreto armado, e mais barata no longo prazo, por ter alta durabilidade”.
“Foi uma decisão muito difícil, dividida, e pesou favoravelmente o fato de ser uma ideia de rápida implantação. A cidade precisa que as jovens cabeças pensantes ajudem a projetar a Curitiba do futuro”, declarou Bruno Pessuti (Podemos), relator da comissão. “Foi decisivo o fato de ser mista, utilizar concreto e madeira, ser de fácil implantação e com custo baixo, além de manter a harmonia com a paisagem do parque”, completou Mauro Ignácio (DEM).
Os vereadores Maria Manfron (PP), Professor Silberto (MDB), Oscalino do Povo (PP) e Serginho do Posto (DEM) elogiaram a qualidade dos projetos e o empenho dos estudantes em colaborar para o desenvolvimento da cidade.
Processo interessante
Composta por três integrantes, a Ekobé agradeceu a oportunidade de participação. Mateus Tedeschi Diogo dos Santos disse que o processo foi interessante, pois reside do outro lado da cidade e teve a oportunidade de pesquisar sobre a região, com a qual não tem contato frequente. “Passo pelo parque diariamente e a ponte atual incomoda um pouco. É muito legal saber que a proposta pode melhorar algo que interfere no meu cotidiano”, emendou Sofia Moresca de Lacerda. Da mesma forma opinou João Pedro, que destacou a oportunidade de projetar algo para cidade, em “um espaço que nós também usamos”.
Cada equipe (veja todos os participantes abaixo) teve 5 minutos para a apresentação e defesa de suas propostas e a escolha dos vereadores foi feita por maioria simples, em votação secreta, e contou com o apoio técnico dos engenheiros Rui Medeiros, do Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), e Mauro Lacerda Santos Filho, da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Além de ter seu projeto enviado ao Ippuc, a equipe vencedora receberá troféu e todos os participantes da competição ganharão certificados de participação de 30 horas complementares. O vereador Mauro Ignácio afirmou que, assim que for possível, será realizada uma solenidade na Câmara para entrega de menção honrosa aos participantes e para que os demais vereadores possam conhecer os trabalhos desenvolvidos.
A ideia
A ponte de madeira do parque Tingui foi o primeiro equipamento vistoriado pela comissão especial, em novembro passado. A inspeção teve o apoio do IEP e do Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura (ITTI) da UFPR. Na ocasião, os engenheiros observaram que a situação da estrutura era de “regular para ruim”. Foi a partir daí que surgiu a ideia de uma nova proposta arquitetônica para o local. Após as constatações do colegiado, a Prefeitura realizou manutenção na estrutura da ponte.
Requisitos básicos
Pelo edital, a ponte deveria ter, no mínimo, 16 metros; respeitar as vias de automóvel, pedestre e ciclovia; e ter guarda corpo em ambos os lados. O projeto deveria observar, obrigatoriamente, a relação urbana e comprometimento com sítio de implantação e sustentabilidade. Foram quatro os critérios de seleção: apresentação, integração com o entorno, solução funcional e design.
A comissão
Formada por nove vereadores, a Comissão Especial de Pontes e Viadutos foi instalada em novembro de 2019 para vistoriar e avaliar a segurança das pontes e viadutos, estabelecer um catálogo oficial e apresentar à Prefeitura de Curitiba e demais órgãos competentes um relatório com o resultado das inspeções e demais atividades. O objetivo é prevenir acidentes e tragédias, como os registrados em outras cidades brasileiras, geralmente por falta de manutenção.
Presidido por Mauro Ignácio, o colegiado tem Professor Silberto na vice-presidência (MDB) e Bruno Pessuti (PODE) na relatoria. Também participam, conforme a proporcionalidade dos partidos representados na Casa, os vereadores Cacá Pereira (Patriota), Dr. Wolmir Aguiar (Republicanos), Marcos Vieira (PDT), Maria Manfron (PP), Oscalino do Povo (PP) e Serginho do Posto (DEM).
Denúncias e sugestões
O site da Câmara de Vereadores disponibiliza um canal para o envio de denúncias e sugestões à Comissão Especial. O banner está disponível na capa do site do Legislativo. Além das redes sociais, postando uma foto da ponte ou viaduto mais a hashtag #ponteseviadutoscuritiba, a população pode enviar um e-mail para comissao.ponteseviadutos@cmc.pr.gov.br.
Equipes participantes com alunos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), do Centro Universitário Autônomo do Brasil (UniBrasil) e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
Carcará
Eduardo Machado Wagner, Caio Santos Fernandes, Eduardo Andrey Meireles e David Kitover Tessler.
Ekobé
João Pedro Reguim de Paulo, Sofia Moresca de Lacerda e Mateus Tedeschi Diogo dos Santos.
Equipe DH
Henrique Anselmo do Nascimento e Danielle Delani.
GMG
Gabriela Ribeiro Martins, Giovana Leal Antonio e Margareth Fruet Peripolli.
Locomotiva
Gabriel Mori de Oliveira.
Pinhão
Christina Santos Gonçalves e Natalia Kuipers.
Studio Frame
Laila Carolina Cunha Costa, David de Moraes Amorelli, Karla Simões Szast, Matheus Narita de Souza e Paola Silva Santos.
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba