Hospitais pedem ajuda emergencial, Câmara e Prefeitura buscam soluções

por José Lázaro Jr. | Revisão: Vanusa Paiva — publicado 04/10/2022 18h05, última modificação 05/10/2022 10h38
Déficit mensal em cinco hospitais da Grande Curitiba é de R$ 23,6 milhões. Falta de recursos ameaça fechamento de 416 leitos e 1.794 demissões.
Hospitais pedem ajuda emergencial, Câmara e Prefeitura buscam soluções

Prefeitura, hospitais e vereadores de Curitiba buscam solução para ameaça de fechamento de leitos. (Foto: Carlos Costa/CMC)

Para evitar o fechamento de 416 leitos e 1.794 demissões em hospitais que atendem o SUS, vereadores da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) ingressaram na articulação de uma solução para o déficit crônico do financiamento da Saúde. Nesta terça-feira (4), eles fizeram acontecer uma reunião dos dirigentes dos hospitais Cajuru, Evangélico Mackenzie e Pequeno Príncipe com os secretários municipais de Governo, Luiz Fernando Jamur, e da Saúde, Beatriz Battistella Nadas.


Pela CMC, participaram da reunião o presidente da Câmara Municipal de Curitiba, Tico Kuzma (Pros), e os membros da Comissão de Saúde, formada por Noemia Rocha (MDB), presidente, Marcelo Fachinello (PSC), vice, João da 5 Irmãos (União), Pastor Marciano Alves (Solidariedade) e Oscalino do Povo (PP). Segundo os hospitais, eles estão operando com um déficit operacional mensal de R$ 23,6 milhões, que subirá para R$ 32,8 milhões se o piso nacional da enfermagem for implantado.

“A ideia é mostrar ao poder público que, além da falta crônica de financiamento, nos últimos três anos, a inflação foi de 22,5%, sem nenhuma recomposição para os hospitais. O endividamento dos hospitais já chega a R$ 500 milhões! Estamos tentando sensibilizar os órgãos públicos que a nossa situação é emergencial. A gente precisa de algum tipo de subsídio agora pra gente sobreviver até o final do ano. Como temos esse endividamento e uma margem negativa, o déficit só cai se a gente reduzir leitos e atendimentos. O impacto é gigantesco e a gente não quer isso”, disse Álvaro Quintas, do Hospital Cajuru, no papel de porta-voz do grupo.

Pelos hospitais, além de Quintas, participaram Juliano Gasparetto (diretor-geral do Hospital Universitário Cajuru), Rogério Donato Kampa (diretor-geral do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie) e José Álvaro da Silva Carneiro (diretor corporativo do Complexo Pequeno Príncipe). O grupo conta ainda com o Hospital do Rocio e com o Hospital Angelina Caron. Eles saíram da reunião com a indicação de que duas frentes de articulação serão mobilizadas nos próximos dias. Uma delas passa pelo acionamento dos deputados federais para obter recursos da União e a outra é a sensibilização do governo do Paraná.

No âmbito municipal, o secretário Luiz Fernando Jamur disse que o assunto será abordado em breve pelo prefeito Rafael Greca com o governador Ratinho Júnior. Ele e a secretária da Saúde, Beatriz Nadas, disseram não haver espaço orçamentário neste momento para um aporte da Prefeitura de Curitiba, que já lida com um déficit interno nas contas da Saúde, que é suportado pelo Tesouro. “Hoje protocolamos um pedido sobre isso junto ao governo”, disse a gestora do SUS. Ela entende que como Curitiba atende mais pessoas de fora da cidade que o pactuado com o Estado, deveria haver uma compensação ao Município por esses atendimentos.

Para a presidente da Comissão de Saúde, se não houver avanço em ambas as frentes, a Câmara de Curitiba precisará ser mais enérgica. “Vamos organizar uma audiência pública para levar essa questão à sociedade, pois se o pior cenário se concretizar, com o fechamento de leitos e demissões, o atendimento de média e alta complexidade será reduzido em 30%. É o caos. A população não merece isso”, disse Noemia Rocha (MDB). Tico Kuzma mobilizou os parlamentares para a articulação com os outros entes, acordando com Jamur e com Marcelo Fachinello linhas de ação para os próximos dias.