Homenagem póstuma a César Lattes ganha apoio dos vereadores de Curitiba
Professor Jorge Manika, do IHGP, apresentou biografia de César Lattes na CMC. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)
A palestra do professor Jorge Manika, na Tribuna Livre desta quarta-feira (29), sensibilizou os vereadores da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), que prontamente declararam apoio às homenagens da cidade ao cientista César Lattes. O Instituto Histórico e Geográfico do Paraná (IHGP), do qual Manika faz parte, lidera a mobilização para a celebração do centenário de nascimento do físico, que nasceu na capital do Paraná no dia 11 de julho de 1924, “em uma casa muito próxima aqui da CMC”. Celebridade internacional na década de 1950, Lattes foi indicado sete vezes ao Prêmio Nobel de Física.
Convidado pelo vereador Tito Zeglin (MDB) para a Tribuna Livre, Jorge Manika destacou o nascimento de César Lattes em Curitiba, onde viveu até os dez anos de idade, mudando-se depois para o estado de São Paulo. “Nos anos 1940, cursou Física na recém-criada USP. Muitos professores ali eram estrangeiros, contratados pelo governo para formar a massa crítica. Ingressou com 16 anos incompletos e se formou aos 19 de idade. Formado, transfere-se para a Inglaterra, em Bristol, convidado por um ex-professor, que viria a trabalhar no projeto liderado por Cecil Frank Powell, que buscava identificar a partícula subatômica conhecida por méson pi”, contou.
“[A méson pi tinha sido] Prevista anteriormente, mas não tinha sua existência comprovada. Na época, já se sabia que os átomos eram formados por prótons, nêutrons e elétrons. O que não se sabia era como os prótons eram mantidos unidos e a tese era que haveria uma partícula intermediária chamada méson”, explicou Manika. Lattes trabalhou nos estudos exploratórios dessa hipótese, ainda jovem, com cerca de 20 anos de idade, quando obteve provas da existência da partícula subatômica utilizando chapas fotográficas com emulsão enriquecida e expostas à radiação cósmica, sendo o experimento decisivo aquele realizado no monte Chacaltaya, na Bolívia.
“Em cima desse trabalho, os dois físicos [com os quais Lattes tinha trabalhado] ganharam o Prêmio Nobel de Física [Hideki Yukawa em 1949 e Cecil Powell em 1950]. O curitibano Lattes, ainda muito jovem, era um carregador de piano, essa é a verdade”, opinou o palestrante da Tribuna Livre. Manika defendeu que, após obter o méson pi de maneira artificial, utilizando um ciclotron, na equipe de Eugene Gardner, “Lattes provavelmente receberia um Nobel de Física”. “Gardner faleceu logo depois [da descoberta], em decorrência de contaminação por radiação, pois tinha trabalhado no projeto atômico norte-americano. Com a morte de Gardner, as chances de Lattes receber o prêmio diminuíram drasticamente”, constatou Manika.
“Na década de 1950, Lattes era um ídolo em todo o mundo. Só se falava em Einstein, em bombas atômicas, e surge um brasileiro que tinha descoberto a peça-chave para o quebra-cabeça atômico. Ele era notícia todos os dias. Não existia Pelé, nosso ídolo popular era César Lattes. As vindas dele à Curitiba causavam comoção popular. Ele não aceitou substituir Enrico Fermi em Chicago para poder voltar ao Brasil, porque queria desenvolver a física em território nacional”, registrou. Falando em nome do IHGP, Manika apontou que a única homenagem da cidade a Lattes é a denominação de uma rua pequena, sem saída, no bairro Cachoeira, por isso o instituto está se mobilizando no ano do centenário de nascimento do cientista.
“O IHGP pleiteia que a cidade homenageie condignamente este grande curitibano. A data não pode ser esquecida por ninguém”, defendeu Manika. A articulação do instituto, adiantou Tito Zeglin, levou a uma ação da Prefeitura de Curitiba com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), para a colocação de um busto do cientista César Lattes na praça Santos Andrade, em frente ao prédio histórico da UFPR. Diversos vereadores pediram a palavra para declarar apoio à iniciativa, colocando-se à disposição para novas ações. Professor Euler (MDB) disse que levará ao Governo do Paraná a sugestão de denominar a área dedicada à inovação, na antiga fábrica de mate, no Rebouças, em homenagem a Lattes.
Ex-aluno de Manika, Bruno Pessuti (Pode) elogiou o professor pela palestra e pela própria carreira docente, dizendo que cursou engenharia não por gostar de matemática, mas de física, que foram as aulas que teve com ele. “Quando cheguei em Curitiba, o Manika já era uma celebridade dos cursos pré-vestibulares. Parte da minha formação como professor, foi me inspirando no senhor”, acrescentou Euler. Também Eder Borges (PL), Rodrigo Reis (PL), Indiara Barbosa (Novo) e Tico Kuzma (PSD) pediram a palavra, para elogiar a Tribuna Livre desta quarta-feira. Foi aberta a palavra também para Sérgio Sanchez, chefe do Departamento de Física da UFPR, que endossou a iniciativa do IHGP e pediu apoio da classe política à educação, “porque podemos ter um novo César Lattes nas escolas de Curitiba.
Confira o registro fotográfico da Tribuna Livre sobre César Lattes no Flickr da Câmara de Curitiba.
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