História de Curitiba precisa ser recontada, diz líder afro-brasileiro

por Assessoria Comunicação publicado 21/11/2012 17h40, última modificação 09/09/2021 10h21
“Temos todos, por ação ou omissão, estímulo ou incompreensão, a responsabilidade pelos fatos da história.” A frase baseada nas palavras de Teotônio Vilela, político alagoano que lutou até a morte pela liberdade e igualdade, foi utilizada pelo líder afro-brasileiro Ademar José da Silva, mais conhecido como Candieiro, para despertar e reiterar a necessidade de rever a história de Curitiba, contada em nossas escolas. A explanação aconteceu nesta quarta-feira (21), na Câmara de Curitiba, por proposição do presidente da Casa, vereador João Cordeiro (PSDB), João do Suco, e no horário reservado à Tribuna Livre.
O encontro entre representantes da comunidade afro-brasileira e vereadores deu sequência às festividades do Dia da Consciência Negra, comemorado anualmente em 20 de novembro, data em que Zezinho do Sabará (PSB) fez homenagem no Legislativo Municipal, relembrando a história de Zumbi dos Palmares, e Tito Zeglin (PDT) apresentou projeto de lei para inserir a Festa da Igreja do Rosário no calendário oficial de eventos da cidade.
Ao saudar os convidados, o presidente João do Suco sintetizou a história da atual Igreja de Nossa Senhora do Rosário, chamada em sua fundação de Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de São Benedito, por ter sido construída por escravos e para os escravos, reiterando apoio ao movimento negro e a inclusão social através do diálogo. Tito Zeglin falou da festa da lavação das escadarias da antiga igreja dos pretos, em celebração à padroeira dos artistas e preservadores das culturas populares. Segundo o parlamentar, “é um ritual que simboliza a limpeza da alma, um momento de reflexão sobre desigualdades sócio-racial, discriminação e racismo”.
Candieiro, que também faz parte do Centro Cultural Humaitá, falou da contribuição de negros e afrodescendentes na formação histórica do Brasil, que, segundo ele, não é fielmente contada nem considerada na grade curricular de ensino. Nesse sentido, pediu o apoio dos vereadores na fiscalização e efetivação da lei federal 10.639/03, que determina a obrigatoriedade do ensino da história e cultura africana, afro-brasileira e indígena, valorizando o papel do negro na formação da sociedade e resgatando as suas contribuições nas áreas sociais, econômicas e políticas, assim como do Estatuto da Igualdade Racial, instituído em 20 de julho de 2010. “Os 65 artigos trazem importantes avanços no que se refere às políticas afirmativas e à igualdade de direitos e oportunidades para a população negra”, explicou, acrescentando que “não queremos nada mais que isonomia”.
Representando a Associação Inter-religiosa de Educação (Assintec), o presidente do Conselho Mediúnico do Brasil, Dorival Simões, informou que a entidade visa enaltecer o respeito às diferenças e ao diferente, colaborando com as secretarias de Educação de todo Paraná, na efetivação do ensino religioso escolar de acordo com a legislação em vigência, bem como promover o diálogo inter-religioso e a participação das diversas tradições religiosas, disponibilizando informações fiéis aos acontecimentos. Segundo Simões, “o intercâmbio religioso mexe muito com a cidade. Há um reflexo positivo na economia e cultura. O que estamos fazendo em Curitiba serve de modelo para o país inteiro”, finalizou.