História das sedes da Câmara: com última visita guiada, exposição chega ao fim
Ao todo, foram quatro visitas guiadas, mas a exposição esteve aberta de segunda a quarta, durante as sessões plenárias de abril a junho. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)
A última visita guiada à exposição fotográfica “Muitas Casas, Uma História”(MUCH), que conta a história das sedes da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), aconteceu nesta sexta-feira (28), nas galerias do Palácio Rio Branco. Com duração de uma hora, o tour pelo interior de um dos prédios históricos mais bonitos e preservados do estado do Paraná foi feito por historiadoras da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), que também fizeram esse levantamento documental.
A exposição compara imagens antigas e fotografias atuais dos locais onde a Câmara de Curitiba, que é a instituição mais antiga da cidade, já funcionou, ao longo de 331 anos de história. A sede da CMC só se tornou o Palácio Rio Branco em 1963. As imagens antigas são de diferentes acervos, como da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), enquanto as fotografias atuais são do fotojornalista Rodrigo Fonseca, da Diretoria de Comunicação Social (DCS) da Câmara Municipal.
A mostra foi inaugurada no fim de março, como parte das comemorações do aniversário da Câmara e de Curitiba, celebrado em 29 de março. O primeiro grupo a visitar a mostra foi de alunos da rede municipal de ensino. Já a primeira visita guiada pelas pesquisadoras à população em geral ocorreu no final de abril. A segunda aconteceu em maio, e a desta semana foi a terceira e última. Da data do lançamento até a última quarta-feira (26), a exposição também esteve aberta durante a realização das sessões plenárias, que acontecem de segunda a quarta, das 9h às 12h.
“Achei fantástico. É muito interessante esta escolha expositiva de colocar o antes e depois das fotos, até para que a gente consiga se localizar na cidade. E imagino que, saindo daqui, vou ter um outro olhar sobre a cidade, quando tiver caminhando. [Imaginar] que ‘esta lojinha aqui já foi a sede da Câmara’. O que eu sabia que já tinha sido a sede da Câmara foi o Paço da Liberdade. E é muito interessante saber que as ruínas de São Francisco já foram uma sede”, disse Ana Erthal, estagiária na área de Educação Infantil, que esteve na última visita guiada.
Levantamento histórico foi parceria entre PUC e CMC
A pesquisa histórica foi fruto da parceria entre a Câmara de Curitiba e a PUCPR, firmada no ano passado. A linha do tempo até chegar à mudança para o Palácio Rio Branco, em 1963, trouxe, lado a lado, fotografias antigas e atuais das sedes da Câmara de Curitiba. A pesquisa foi apresentada pelas estudantes de História Lorena Elaine Porto, Maria Clara Guerra Azevedo de Barros e Natália Garcia Krainski, responsáveis pelo levantamento das sedes da instituição, com o apoio da Escola do Legislativo.
Nas quatro visitas guiadas, contando com a do lançamento da mostra, em março, os visitantes conheceram outros prédios históricos em que a CMC funcionou e locais por onde ela passou, mas que não existem mais. Da Igreja São Francisco de Paula, casa dos trabalhos legislativos entre 1829 e 1850, por exemplo, só sobraram as ruínas da praça João Cândido, no Alto São Francisco. Ao lado das ruínas da antiga igreja fica outro ponto conhecido da cidade, o Palácio Belvedere. Antepenúltima casa da Câmara Municipal, o Paço da Liberdade recebeu as sessões e demais trabalhos legislativos entre 1916 e 1955. E foi só ali, no prédio da praça Generoso Marques, que Curitiba teve a sua primeira vereadora: Maria Olympia Carneiro Mochel, em 1947.
Lorena Porto contou que esta foi a primeira pesquisa profissional que fez como acadêmica e o trabalho foi um verdadeiro “resgate” da história da cidade. “A Câmara foi a primeira instituição de Curitiba e muita gente confunde a Câmara com a Prefeitura, não sabe a diferença. Mesmo na faculdade de História, muita gente falou errado, achando que a gente trabalhou na Prefeitura. E poder trazer esta história da Câmara, que é muito ampla na história de Curitiba, foi gratificante”, afirmou.
“A gente pensa na história do Paraná e não pensa especificamente na história de Curitiba, da Câmara Municipal. Mas, pensando na história da Câmara Municipal, a gente pensa Curitiba inteira, porque Curitiba surgiu através da Câmara. Foi bastante interessante revisitar estes documentos, ver como foi todo esse processo do surgimento de Curitiba, como a cidade foi se moldando até chegar ao que é atualmente. E poder ver os vestígios que ficaram na cidade, através desses prédios que ficaram e os que também não ficaram, porque isto também quer dizer algo: o que foi conservado e o que não é”, emendou Maria Clara de Barros.
Já Natália Krainski concluiu que a exposição teve um bom aproveitamento, pois “quem esteve presente, esteve realmente presente”, com boa participação e interesse pelas informações. “Foi positivo a CMC ter esta iniciativa de firmar este convênio com a PUC para retomar esta história, que a gente sabe que não é muito valorizada. Foi importante para ganharmos experiência como historiadoras. Realmente senti que a gente colocou a mão na massa, trabalhando, de fato, com o que a gente se propôs na faculdade.”
Além da exposição fotográfica “Muitas casas, uma história”, que terminou nesta sexta-feira, o trabalho resultou numa linha do tempo, disponível para consulta no site da CMC, dentro do projeto Nossa Memória. “O conteúdo foi democratizado”, concluiu Maria Clara de Barros, ao reforçar que a população não terá mais dificuldade para descobrir esta parte da história da cidade, que agora terá fácil acesso na internet.
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