Gratidão, dever cumprido e aprendizado: os sentimentos no fim da 17ª legislatura
A última sessão da 17ª legislatura, em razão da pandemia de coronavírus, foi realizada por videoconferência. (Foto: Carlos Costa/CMC)
Metade dos 38 vereadores da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), nesta quarta-feira (16), pediu a palavra durante a sessão plenária para comentar o fim da 17º legislatura. No próximo dia 31 termina o ciclo político de quatro anos iniciado em 2017 e começa um novo, com os vereadores eleitos e reeleitos neste ano – que implicará numa renovação de 18 das 38 cadeiras do Legislativo. A sessão foi transmitida ao vivo pelas redes sociais da CMC (confira aqui).
Foi consenso entre as falas a certeza de os parlamentares da 17ª legislatura terem vivido um momento particular da história de Curitiba. A começar pela experiência da votação do Plano de Recuperação, no início do mandato, quando a CMC teve que se mudar para a Ópera de Arame para deliberar sobre os projetos de ajuste fiscal apresentados pelo Executivo. Agora, em razão da pandemia do novo coronavírus, cujos desafios para contenção do contágio, por exemplo, obrigaram a realização por videoconferência das sessões plenárias.
Todos fizeram elogios, e disseram estar gratos, pela assessoria que receberam dos servidores públicos da Câmara, e das suas equipes de mandato, pelo trabalho desempenhado no período. “Eu chamo eles de 'Equipe 10'!”, brincou Osias Moraes, numa alusão ao número do partido Republicanos, que o vereador representa na CMC. “A gente precisa agradecer aos servidores, que sempre nos trataram com cordialidade, paciência e competência”, disse, antes, Dalton Borba (PDT). “Talvez eu não estivesse preparado no começo, mas entender o serviço foi um desafio que eu encarei. Quero agradecer aos servidores e pedir desculpas, por exagerar um pouco nas brincadeiras”, pediu Mauro Bobato (Pode).
Entre os vereadores que disputaram o pleito, mas não foram reeleitos, além dos agradecimentos, houve comentários sobre o resultado das urnas. Para o Professor Silberto (MDB), que relatou a série de visitas às escolas, o gabinete itinerante que buscou implementar e a redação colaborativa de projetos de lei. “Apresentei 80, infelizmente só 6 foram aprovados”, disse, acrescentando que exerceu um mandato independente, apesar de “acharem que era de oposição”.
Bruno Pessuti (Pode) se despediu dos colegas, servidores e eleitores. “Ao longo desses 8 anos [2 legislaturas], me dediquei muito ao mandato”, disse ele, ainda hospitalizado devido a uma pneumonia em função da Covid-19. “Optei por vocação estar na vida pública”, disse, para acrescentar que “quero continuar fazendo a diferença em prol da população”. O ano atípico, acrescentou ele, começou com a alegria pelo nascimento do filho e depois trouxe diversas dificuldades, como problemas de saúde na família.
“Como eu saí do futebol, com a cabeça erguida, eu saio da política com a cabeça erguida”, disse, bem-humorado, Paulo Rink (PL). “Tenho a certeza que tentei contribuir [com a cidade], que fiz novos amigos. Aos novos vereadores, minha dica é que tenham posição, que tenham posicionamento. Nos últimos anos, foram R$ 2 milhões [em emendas parlamentares dele] para a Saúde; R$ 1 milhão para o Esporte”, comentou. Foi elogiado por Tito Zeglin (PDT), que presidiu a sessão, como “o melhor presidente da história da Comissão de Economia, Finanças e Fiscalização”.
Sobre os mais de 16 anos que passou na CMC, Felipe Braga Côrtes avaliou que “saio melhor do que eu entrei”. Ele atribui a mudança ao aprendizado que ser representante do povo na Câmara provoca. O vereador disse estar feliz, inclusive pelo pai ter sido vereador, em 1967, e pelo irmão, Fabiano, que faleceu neste ano, também ter desempenhado esse papel. “Eu escolhi não ser candidato [à reeleição] e vi uma renovação [na CMC] muito legal. A política está mudando e há uma transparência muito maior”.
“Foram quatro anos de aprendizado e experiência, entendendo como funciona a iniciativa legislativa e de fiscalização do Município. Eu já tinha um pouco de conhecimento, pela carreira jurídica”, comentou Wolmir Aguiar (Republicanos), suplente do partido na próxima legislatura. Ele destacou sua atuação na Comissão de Constituição e Justiça e na organização do enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. Aos que deixam a CMC e aos que entram, ano que vem, disse que o importante é “que possamos continuar fazendo o melhor para a cidade”. “Continuo no cenário político e podem contar conosco onde estivermos”.
Para Alex Rato (Patriota), que assumiu como suplente no final da legislatura, o sentimento é de “missão cumprida” e que “ser vereador é uma missão abençoada e muito gratificante”. Correligionário do parlamentar, Geovane Fernandes disse entender que é assim mesmo, “que eleição se ganha e se perde”, acrescentando que foi um ano difícil para ele, com muitas perdas – irmão, três tios e na vizinhança. Thiago Ferro (PSC) fez o maior elogio ao prefeito reeleito Rafael no dia, ao afirmar que “Greca trouxe novamente o orgulho de morar em Curitiba”. Ex-presidente da FAS, Ferro disse que exercer a vereança é “sacrificar o horário de estar em casa, com a família, para trabalhar pela cidade”.
A bancada feminina a partir de 2021 continuará com oito integrantes, apesar das perdas registradas neste ano. Homenageadas hoje, Dona Lourdes (PSB) e Julieta Reis (DEM) não disputaram a reeleição. Maria Manfron (PP) também não tentou permanecer na CMC e hoje agradeceu sua família, lembrou da agressão que sofreu de manifestantes durante a votação do Plano de Recuperação, que “isto não foi certo” e que tinha orgulho de ter participado da base de Greca na Câmara. Também ressaltando o “aprendizado”, confirmou que 2020 “foi um ano difícil, nunca tínhamos vivido uma pandemia, foi muito atípico”.
“Liderar governo não é uma tarefa fácil. Muitos dos que não gostam de mim hoje na CMC é justamente por eu ter sido líder”, analisou Pier Petruzziello (PTB), que coordenou a bancada de apoio ao Executivo desde 2017. Em retrospectiva, ponderou que somente o ex-vereador Mario Celso Cunha tem mais tempo de experiência que ele na função. Pier agradeceu nominalmente os vereadores que lhe ajudaram nessa função e que não se reelegeram. Presidente da CMC no biênio 2017-2018, Serginho do Posto (DEM) repetiu o procedimento, concordando com Fernandes, que o resultado das urnas muda conforme o voto da população.
Herivelto Oliveira (Cidadania) estava feliz em retornar à CMC no ano que vem, após ter entrado na política aos 56 anos de idade, desta vez para um mandato completo, já que hoje ocupa a suplência de Helio Wirbiski. “Consegui fazer muita coisa sem vender a minha independência”, comemorou. Reeleito, Ezequias Barros (PMB) agradeceu o apoio da comunidade evangélica, citando os pastores que lhe dão apoio no mandato. Aos novos, Oscalino do Povo (PP) disse que “os saberes de vocês irão contribuir muito”.
Tico Kuzma (Pros) elogiou o atual presidente da CMC, Sabino Picolo (DEM), em recuperação após contrair a covid-19, e desejou “que o ano novo venha com muita saúde e muita paz”. Também com foco em 2021, Professora Josete (PT) desejou que “as políticas públicas aconteçam, para a gente ter uma cidade mais justa e solidária, pois [Curitiba] é uma das cidades mais desiguais da América Latina”. “Que 2021 seja um ano mais tranquilo, com o envolvimento dos três níveis de governo, para reduzir as mortes pela covid-19 e a retomada do desenvolvimento do Brasil”, arrematou.
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