Goura pede estatização da merenda; Sabino pergunta quem pagaria
“O momento é de desestatização, de transferir para a iniciativa privada aquilo que ela pode fazer com eficiência”, respondeu Sabino Picolo (DEM) à sugestão levantada por Goura (PDT) nesta segunda-feira (14), na Câmara de Curitiba. Na esteira do debate sobre o projeto “Segunda Sem Carne” (leia mais), o pedetista disse que se reuniu, semana passada, com o Conselho Regional de Nutricionistas (CRN), onde ouviu que Campinas (SP) abandonou a terceirização da merenda.
“Eu sei que é uma discussão a longo prazo”, projetou Goura, “tanto que Campinas demorou 10 anos para reinserir o papel educativo da alimentação nas escolas. Não é algo para ano que vem, mas tem que ser debatido”. O vereador relatou reunião na Secretaria Municipal de Educação, dizendo que foi um “encontro produtivo”, no qual percebeu que o debate sobre a merenda deveria ocorrer em três frentes: o cardápio, o modelo de contrato e a estatização do serviço.
Goura entende que as realidades locais deveriam ser consideradas na composição do cardápio, para reforçar a merenda em regiões mais socialmente vulneráveis. Também levantou críticas sobre centralizar todo o contrato, “que atende quase 500 equipamentos públicos”, em uma ou duas empresas. “Pela logística, daria para ter mais fornecedores”, argumentou. “Vejo com preocupação qualquer coisa que aumente a despesa [pública]. Melhor manter aquilo que dá para pagar”, comentou Sabino.
Para o vereador do DEM, “é um sonho, que tem que perseguir”. “Mas quem vai pagar a despesa? Tem diferença no preço”, disse. Antes disso, Goura havia dito que para o CRN seriam necessários 56 nutricionistas no quadro da Prefeitura de Curitiba para atender ao sistema, que serve 285 refeições todos os dias. “Sabem quantos a prefeitura tem? Apenas 3. Precisamos inserir mais profissionais da área para ter o serviço [de merenda] aperfeiçoado”, disse o parlamentar. Professora Josete (PT) participou do debate, elogiando o sistema estatizado, que conheceu quando entrou na rede de ensino, em 1985.
“Quando a alimentação era no interior da escola, a relação entre cantineiras e alunos era interessante. A gente percebia coisas que escapavam dentro da sala de aula. E se uma criança não estava bem, ela fazia um lanche alternativo. Era uma outra dinâmica que ia ao encontro do que a escola deve buscar, que é em todos seus aspectos ter um caráter educativo”, avaliou Josete. Goura disse que, em conversa com o líder do prefeito, Pier Petruzziello (PTB), surgiu a possibilidade de visitar a Ristotolândia, empresa com a maior parte do contrato de merenda. Na semana passada, os vereadores haviam discutido em plenário (saiba mais).
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