Gasto com pessoal está bem abaixo do limite, diz diretora da CMC
Na prestação de contas relativa ao segundo quadrimestre de 2017 do Legislativo de Curitiba, que engloba os meses de janeiro a agosto, a diretora de Administração e Finanças da Câmara Municipal, Aline Bogo, afirmou que a instituição está dentro dos limites orçamentários e deverá se manter assim até o final do ano. Segundo ela, o maior gasto, que é a folha de pagamento, está longe do limite constitucional, com a utilização, até agosto, de 26,94% da receita total (o limite é de 70% do orçamento). Ao todo, do orçamento previsto em R$ 148,778 milhões, foram recebidos da prefeitura R$ 99,185 milhões, com despesa empenhada nos oito primeiros meses de R$ 71,212 milhões (47,86% do orçamento).
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Para o presidente da Câmara, Serginho do Posto (PSDB), este é o resultado de um trabalho conjunto da Mesa Diretora, a Comissão Executiva e a administração da Casa para adotar a economicidade. “Nós entendemos que a Câmara precisa ter sua atividade plena e tem que funcionar administrativamente e politicamente, porém adotamos alguns critérios. Nós entendemos que, nesse primeiro momento, em relação a uma questão financeira que passa o país, a Câmara também deve colaborar com a cidade através da sua austeridade.
Ao todo, o gasto com pessoal e encargos foi de R$ 59.164.481,10 empenhado até agora, sendo que o orçamento previsto até o final do ano é de R$ 125,859 milhões. Com efetivos, o total empenhado até agosto foi de R$ 16.698.255,19 e com comissionados R$ 19.501.558,54. Na conta total entram também despesas com indenizações, férias e 13º salário, por exemplo.
Em relação ao limite constitucional com a folha de pagamento, que não deve ultrapassar 70% da receita (conforme a emenda constitucional 25/2000), Aline Bogo explicou que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) considera o total a que a Câmara tem direito a receber do Executivo, que nesse ano seria R$ 181,810 milhões. Nesse caso, o empenhado até agora estaria em R$ 26,94%. Mas se for considerado o orçamento previsto pela prefeitura, que é de R$ 148,778 milhões, a Câmara empenhou 32,92% com pessoal. “Acredito que até o final do ano chegaremos a 40%, então estamos bem abaixo do nosso limite”, reforçou.
Outras despesas
Com equipamentos, materiais permanentes, obras e instalações, que fazem parte das despesas de capital, foram empenhados R$ 118.439,06, dos R$ 3 milhões previstos para o ano todo. Já com despesas de benefícios assistenciais, materiais de consumo, locação de mão de obra, serviços de pessoa jurídica, dentre outras despesas correntes, foram orçados R$ 19,9 milhões e empenhados R$ 11.929.715,45 até agora. Os gastos com viagens de vereadores e assessores chegaram a R$ 22.920,23 e para servidores a R$ 1.258,48, num total de R$ 24.178,71 (confira o detalhamento destes gastos na apresentação em PDF).
Serginho reforçou o trabalho que vem sendo feito para cortar gastos. “Todos os contratos em que foi possível nós repactuamos, e alguns contratos tivemos êxito na redução de até 30%, como é o caso das locações dos veículos da Câmara. Hoje eles custam em média R$ 48,16 por dia, não existe no Brasil locação menor que esta”, comemorou.
Ele também falou sobre a redução de terceirizados, sobre a economia nas postagens e da modificações no sistema de controle nos gastos com combustível, “que não será mais com guia, mas com cartão, e também diminuímos a taxa de administração, é um custo menor ao abastecer”. Citou ainda que houve redução drástica nas passagens e diárias. “Se compararmos a Câmara com outras administrações, estamos à frente”.
Bruno Pessuti (PSD), que compõe a Mesa Executiva, dirigindo a Câmara Municipal ao lado de Serginho e de Mauro Ignácio (PSB), reforçou a necessidade da postura econômica. “Um momento de crise que vivemos hoje fazendo o exercício para poupar os recursos públicos que eventualmente poderão ser usados em benefício de toda população”, afirmou.
Questionamentos
A vereadora Professora Josete (PT) ponderou a necessidade de um novo prédio. “Temos hoje um acesso limitado da população pra participação tanto nas sessões como nas audiências públicas. No anexo 2 temos um auditório inadequado, sem saída de incêndio. Se estamos com as contas equilibradas precisamos pensar em constituir recursos para a construção de um novo prédio, principalmente para a garantia da participação da população nas audiências públicas e nas sessões.”
Serginho do Posto disse que está sendo feito um estudo entre as diretorias para um planejamento estratégico, que até então não existia. “Nós estamos apurando a curto e médio prazo para saber o impacto financeiro que a Câmara tem e as possíveis melhorias. Por exemplo, a construção de um prédio. Faremos uma discussão muito responsável, com todos os vereadores, da necessidade. Hoje temos quatro portarias e com a construção de um prédio novo reduziria para uma.”
Dentre outros pontos, Josete sugeriu também a realização de novo concurso público. “Hoje a Câmara gasta 40% e poderia gastar 70% com pessoal, então fica aqui a nossa reivindicação de concurso público para equipes técnicas nas comissões, principalmente para as de Economia e de Legislação, que precisa de assessoria técnica qualificada para a gente cumprir nosso papel”, insistiu a vereadora.
Noemia Rocha (PMDB) parabenizou a política de economia, mas questionou se a devolução não traria problemas futuros. “A gente percebe que, enquanto prefeitura, é como você dar mesada para seu filho: se ele fica devolvendo, demonstra que não está precisando.” Ela quis saber da possibilidade de fornecer vale alimentação aos servidores, quanto sobraria este ano do orçamento da Câmara para devolver à prefeitura e se esse valor poderia ser direcionado para alguma área, como a da saúde.
Segundo Aline Bogo, o direcionamento pretendido por Noemia Rocha não é possível. “Isso é receita de fonte livre, não pode ir com uma fonte vinculada. O uso desse valor na prefeitura não pode ser direcionado”. Quanto ao retorno de valores para o Executivo em 2017, a diretora de Finanças disse que poderia chegar a R$ 30 milhões. Com relação ao vale alimentação, ela afirmou que foi pedido um estudo à Diretoria de Administração e Recursos Humanos, que calculou o impacto financeiro e agora a proposta está sendo analisada pela Comissão Executiva.
Roberto Prebianca, do Sindicato dos Servidores da Guarda Municipal de Curitiba (Sigmuc), questionou o valor do contrato de locação das impressoras (cujo gasto até agosto foi de R$ 211.997,38) “Haja vista que o gasto com aluguel de impressoras remonta a R$ 543 por impressora, esse valor acho que está acima do valor de mercado, porque tínhamos uma [impressora] locada por R$ 250 e, se comprar uma nova, consegue por R$ 300.” Segundo ele, “Dá para contar uma nova todo mês.”
Aline Bogo respondeu que as impressoras, na maior parte dos gabinetes e setores da Câmara, têm um valor de R$ 77 de aluguel por mês. “Esse é o valor do aluguel com o valor que eu passei embutido de impressão por papel.” Ela complementou que há exceções com valores maiores para algumas que imprimem colorido e executam outros serviços, “mas não há nenhuma impressora locada por esse valor de R$ 500”.
Sobre a contratação de serviços de manutenção de software (cujo gasto foi de R$ 218.237,75 desde o início do ano), Goura (PDT) sugeriu que Câmara estude a possibilidade de implantar software livre em todos os serviços de Tecnologia da Informação. “Acho que é uma iniciativa no setor público que tem tido bons exemplos e temos uma equipe de TI aqui na Câmara muito talentosa para isso”, sugeriu.
A diretora de Finanças respondeu que na ponta do lápis não compensaria, pois existe dificuldade na área pública com a questão de softwares de gestão, principalmente para a área contábil, de folha de pagamento, licitação, almoxarifado e frotas, por conta de um sistema do TCE que capta tudo através de arquivos no formato texto. “Temos mais de mil páginas e layout de arquivos que temos que enviar para o Tribunal e pra gente ter uma equipe desenvolvendo, de forma a estar sempre atualizando e se adaptando a novas normas, teríamos que ter uma equipe de contadores, analistas de RH”, ponderou.
Confira a íntegra da apresentação da Diretoria de Administração e Finanças.
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