Fundadora da escola de dança Studio D1, Dora Soares recebe Cidadania de Curitiba

por João Cândido Martins | Edição e revisão: Alex Gruba — publicado 11/12/2024 12h11, última modificação 11/12/2024 12h11
Em 1978, Dora de Paula Soares criou uma escola que se tornou mais que uma referência na dança, mas também um centro de ações sociais.
Fundadora da escola de dança Studio D1, Dora Soares recebe Cidadania de Curitiba

A Câmara de Curitiba concedeu a Cidadania Honorária a Dora de Paula Soares, fundadora da escola de dança Studio D1. A iniciativa da homenagem foi do vereador Hernani, a pedido do vereador Herivelto Oliveira. (Fotos: Claudio Sehnem/CMC)

Nesta terça-feira (10), a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) realizou uma sessão solene com o objetivo de conceder a Cidadania Honorária a Dora de Paula Soares, fundadora da escola de dança Studio D1. A iniciativa da homenagem foi do vereador Hernani (Republicanos), a pedido do vereador Herivelto Oliveira (Cidadania), sendo a honraria concedida por meio do Decreto Legislativo 23/2024. A sessão foi presidida pelo vereador Mauro Ignácio (PSD), segundo-vice-presidente da CMC.

A mesa foi composta por: vereadores Mauro Ignácio, Hernani e Herivelto Oliveira; Dora de Paula Soares, a homenageada; Ana Botafogo, bailarina; Virginia Pilati, representando a família da homenageada; Andrea de Paula Soares, representando a Escola de Dança Studio D; Larissa Carrera Baginski, diretora de Recursos Humanos da Câmara Municipal de Curitiba. Também estava presente o vereador Bruno Pessuti (Pode), presidente da Comissão de Constituição e Justiça da CMC.

Assista à sessão solene no canal da CMC no YouTube

 

Uma vida inteira dedicada à pesquisa e ao ensino da dança

O vereador Herivelto Oliveira iniciou sua saudação explicando que, como esgotou sua cota regimental de homenagens previstas nesta legislatura, conseguiu realizar essa homenagem por gentileza do vereador Hernani, que lhe cedeu uma das datas que lhe eram disponíveis.

Na sequência, Herivelto disse que a dança é uma das mais primitivas manifestações culturais da humanidade, tendo importância nas atividades da civilização, como a busca de alimentos, de água, de caça e também nos rituais de agradecimento. “Além disso, a dança pode ser lúdica , relaxante, emocional, bela e até sensual. Para manter a dança viva e de pé, é preciso homenagear quem tem uma vida inteira dedicada à pesquisa, ao ensino e ao incentivo das mais diversas formas dessa arte”, explicou.

Dora de Paula Soares, nome artístico de Aracy Santos de Paula Soares, iniciou seus primeiros passos na dança aos 14 anos, no Rio de Janeiro. De acordo com Herivelto, Dora é formada pelo Conservatório Brasileiro de Música e graduada em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia da Universidade do Paraná. Aos 30 anos, se formou na Escola de Dança Teatro Guaíra.

Mãe de sete filhos, nascida no Rio de Janeiro, ela se tornou também professora da escola do Teatro Guaíra. Mas ela não fez por menos e foi empreender, em 1978, fundando a Escola de Dança Studio D1. Foi a primeira escola em Curitiba a apresentar um espetáculo completo, mesclando alunos e profissionais convidados, com cenários e coreografias. A peça tinha o título ‘Bodas Campestres’, e obteve expressivo sucesso”, relatou o vereador.

Contribuições sociais do Studio D1

Herivelto lembrou que, em 1993, com a Campanha contra a Fome capitaneada por Herbert de Souza, o Betinho, Dora resolveu dar a sua contribuição social e ajudar os mais necessitados. Criou o espetáculo "Dançando Por Amor", para arrecadar alimentos (leite em pó, para doar às entidades assistenciais).

Até hoje, prosseguiu Herivelto, já foram realizadas 27 edições do evento, que arrecadou mais de 30 toneladas de leite em pó para Provopar, FAS, Hospital Erasto Gaertner e Asilo São Vicente de Paulo. Em 2003, o Studio D1 iniciou um projeto para formação cultural e profissional de meninos carentes, do orfanato Las Hermínia Schleder. A ação, coordenada pela sua filha Virginia Pilati, foi o embrião para o projeto Dançando Para um Futuro, que visa criar oportunidades par5a jovens da rede pública de ensino entre 7 e 14 anos.

Herivelto revelou que conheceu a homenageada na década de 1990, quando fez muitas reportagens e matérias sobre saúde e dança, com apoio do Studio D1. “Uma dessas reportagens mudou minha vida. Dora disse que estava com dificuldade em encontrar professores. Minha namorada era professora de balé e passou a participar do Studio D1. Assim, mais de 30 depois, essa funcionária do Stúdio D1 está até hoje comigo”, concluiu Herivelto Oliveira.

Ana Botafogo: “A arte da dança é homenageada na figura de Dora”

Ana Botafogo, primeira-bailarina do ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, disse que tem uma história longa com a família Paula Soares: “Comecei no Teatro Guaíra e participo da história da Dora em Curitiba há 40 anos”. Para Ana Botafogo, Dora fez muita coisa em prol de Curitiba, sempre tendo a dança como mote. “A arte da dança é homenageada na figura de Dora”, disse Ana, que concluiu lembrando que Dora foi sua madrinha de casamento.

A filha da homenageada, Dorinha Wolokita, que também é bailarina, comentou que tudo que construiu no tempo em que estudou e trabalhou em Paris teve por base a fundamentação que ela aprendeu no Studio D. “Ali, aprendi toda a carga emocional e desenvolvi a vontade de fazer um espetáculo de qualidade”, disse Dorinha.

Lena Correa, professora e coreógrafa do Studio D1, disse que entrou em 1994 na faculdade de Dança e, no ano seguinte, participou de um mapeamento da dança na cidade de Curitiba. “Resolvi fazer a história do Studio D1 e isso foi o equivalente a contar a história da dança em Curitiba, no Paraná e no Brasil”, disse a professora, agradecendo por todo o repeito e amizade que estabeleceu com Dora nesses 30 anos de trabalho.

Comecei a frequentar Curitiba há 70 anos”

Nasci em Belo Horizonte e, aos nove anos, fui para o Rio de Janeiro, onde, aos 19 anos, conheci Francisco de Paula Soares, com quem me casei”, disse Dora de Paula Soares. “Comecei a frequentar Curitiba há 70 anos. A Cidadania que hoje recebo só documenta minha versão”, disse ela. Para a homenageada, o sucesso da escola se deve ao fato de que a tranquilidade de Curitiba nos anos 1970 permitiu as condições. Dora comentou que seu maior tesouro são seus sete filhos e 11 netos.

E nada teria disso seria possível sem o apoio do meu marido. Como conseguiria criar filhos sem seu apoio? Como conseguiria cursar a faculdade, estudar piano, lecionar na Cultura Inglesa, trabalhar como professora de balé e pertencer ao corpo de baile do Teatro Guaíra dos anos 1970?”, questionou Dora. A homenageada, que aceitou o desafio de administrar uma escola de dança aos 45 anos de idade, entende que esse empreendimento continua sendo um desafio nos dias atuais. Ele encerrou sua fala agradecendo às famílias de alunas e alunos que confiaram na excelência do Studio D1.

Veja fotos da sessão solene no Flickr da CMC

 

10/12/2024 - Sessão solene: Cidadania honorária à bailarina Dora de Paula Soares