Fundador do Terreiro Pai Maneco dará nome a praça no bairro São Lourenço

por Pedritta Marihá Garcia | Revisão: Ricardo Marques — publicado 24/09/2024 16h55, última modificação 24/09/2024 17h10
A Câmara de Curitiba também aprovou Declaração de Utilidade Pública Municipal ao Instituto Ipê.
Fundador do Terreiro Pai Maneco dará nome a praça no bairro São Lourenço

Pai Fernando de Ogum foi um destacado líder religioso no Brasil, especialmente no que diz respeito à difusão da religião Umbanda. (Foto: Divulgação/Acadêmicos da Realeza)

Com 23 votos “sim”, o plenário da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) foi favorável à proposta para denominar uma praça, que será implantada no bairro São Lourenço, de Fernando Macedo Guimarães. A matéria é uma homenagem póstuma ao advogado e fundador do Terreiro de Umbanda Pai Maneco. O texto foi votado hoje (24), em primeiro turno, e retorna à pauta desta quarta-feira (25), em segunda votação. 

Natural de Curitiba, Fernando Guimarães foi um destacado líder religioso no Brasil, especialmente no que diz respeito à difusão da religião Umbanda. Ele faleceu em julho de 2012, aos 75 anos, deixando a esposa Yedda, os filhos Lucília e Fernando Augusto, e netos. Antes de fundar o terreiro de Umbanda Pai Maneco, em 1987, ele dedicou anos à prática kardecista. O terreiro permaneceu sediado por mais de dez anos na Faculdade Espírita, quando inaugurou a sede própria no Santa Cândida em 1999. 

“Pai Fernando Guimarães dedicou grande parte de sua vida à prática religiosa e ao atendimento espiritual de milhares de pessoas e, desde jovem, demonstrou interesse e talento para a espiritualidade, sendo conhecido por sua sabedoria, carisma e dedicação à comunidade. Ele ajudava pessoas de todas as classes sociais, oferecendo consultas espirituais, curas e orientação. Além de suas atividades no terreiro, Pai Fernando também escreveu livros e artigos sobre Umbanda, contribuindo para a disseminação e compreensão da religião”, cita a justificativa do projeto de lei (008.00009.2024). 

“O legado de Pai Fernando de Ogum é notável. Ele não só desempenhou um papel crucial na vida espiritual dos frequentadores do seu terreiro, mas também orientou diversos dirigentes espirituais na preservação e promoção da Umbanda, o que resultou na fundação de outras casas religiosas”, complementou Bruno Pessuti (Pode), propositor da homenagem. O vereador explicou que a praça que terá o nome de Fernando Guimarães, no São Lourenço, está ao lado do rio e dentro da mata, “símbolos muito importantes para a Umbanda”.

“E este significado vai fazer com que esta religião seja ainda mais respeitada em Curitiba, no Paraná e no Brasil. Que seja esta a primeira de muitas representações que a Umbanda terá em Curitiba e no Brasil. Que sirva de exemplo e de modelo para o combate à intolerância religiosa, que afasta as pessoas do bom convívio. As pessoas têm liberdade de escolher suas próprias religiões e isto não as torna inimigas umas das outras”, ressaltou o autor. Ele foi aparteado por parlamentares, que relembraram a história e o legado do homenageado para a religião.  

Segundo Dalton Borba (Solidariedade), Fernando Guimarães tinha uma importância para a cidade, principalmente por sua empreitada para o pluralismo da cultura e da religião. Giórgia Prates - Mandata Preta (PT), por sua vez, comentou que já frequentou o terreiro Pai Neco, que, inclusive, foi objeto do seu trabalho de conclusão de curso “Umbanda - Potências e Sentidos”, e que é importante fazer o reconhecimento das religiões de matriz africana e combater a intolerância religiosa.

“Todas as religiões pregam o bem, nos levam a refletir sobre a dimensão espiritual da nossa vida, e sempre há as exceções em todas as religiões”, emendou Professora Josete (PT). Maria Leticia (PV) e Professor Euler (MDB) também apoiaram a iniciativa. Além do texto base, o plenário ainda votou e aprovou uma emenda modificativa que faz uma correção técnico legislativa no projeto de lei (034.00026.2024). Foram 24 votos “sim”. As votações foram acompanhadas por familiares, amigos e membros do terreiro Pai Maneco. A iniciativa ainda precisa passar por uma segunda votação, amanhã, no Legislativo. 

Aprovada Utilidade Pública ao Instituto Ipê

Hoje os vereadores e vereadoras de Curitiba ainda aprovaram, em primeira votação, a Declaração de Utilidade Pública Municipal ao Instituto Ipê, uma organização sem fins lucrativos que atua na área de assistência social e saúde, atendendo pessoas diagnosticadas com a AME (atrofia muscular espinhal), uma doença genética rara, neuromuscular, caracterizada por degeneração e perda de neurônios motores da medula espinhal e do tronco cerebral, resultando em fraqueza muscular progressiva e atrofia dos pacientes.

De acordo com a entidade, a AME afeta diretamente a parte motora e respiratória responsável por movimentos voluntários vitais do corpo, como respirar, engolir e se movimentar. As pessoas que têm a doença necessitam de vários aparelhos, equipamentos e terapias para manter-se viva já que a doença afeta diretamente sua habilidade de engolir, manter-se sentada, tossir e respirar. Essa estrutura é para manter os músculos ativos na tentativa de retardar e diminuir ao máximo as sequelas da AME. Mesmo assim, a expectativa de vida do paciente não chega a 10 anos.

A instituição faz uma abordagem proativa a seus assistidos, com fisioterapia motora, terapia ocupacional, com foco na redução da progressão da doença. O Instituto Ipê também presta assistência jurídica às famílias, quando elas precisam buscar o Poder Judiciário para acessar o medicamento que os portadores precisam, que custa em torno de R$ 5 milhões e é considerado o remédio mais caro do mundo. Também oferece respiradores, atendimento psicológico, de fonoaudiologia e outras terapias (014.00032.2024).

Autor do projeto de lei, Marcelo Fachinello (Pode) destacou que a entidade merece todo o apoio da cidade, devido à importância do trabalho que desenvolve, para dar mais qualidade de vida a quem lida com esta doença, “que é muito séria”. “O atendimento é fundamental”, enfatizou. A iniciativa recebeu o apoio da vereadora Amália Tortato (Novo), que ressaltou a necessidade do diagnóstico precoce de doenças raras, como a AME. Rodrigo Reis (PL) também apoiou a Utilidade Pública Municipal, informando que conhece os efeitos da doença para as famílias. Professor Euler foi outro parlamentar a declarar voto favorável à proposta, que também retorna à ordem do dia desta quarta, em segunda votação.

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