Frente parlamentar e Executivo debatem segurança alimentar
Professora Josete preside a Frente Parlamentar da Segurança Alimentar; Nori Seto é o vice. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)
Em reunião nesta segunda-feira (20), logo após a sessão plenária, a Frente Parlamentar da Segurança Alimentar e Nutricional da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) recebeu o secretário Luiz Gusi para debate sobre as políticas públicas da capital para a área. Um dos destaques da apresentação foi a agricultura urbana. A partir dela, frisou o titular da Secretaria Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, “a gente consegue mostrar todo o ciclo de alimento”.
A pedido da presidente da frente parlamentar, a vereadora Professora Josete (PT), Gusi falou um pouco mais sobre a Fazenda Urbana do Cajuru, que nesta sexta-feira (24) completará dois anos. Com foco educacional, o projeto foi inaugurado como o primeiro espaço no país para divulgar a agricultura urbana e a organização comunitária como base no ciclo do alimento. Segundo o convidado, a ideia surgiu a partir do aumento da demanda na área e da concepção de uma cidade inteligente.
“A comida do futuro é periurbana”, acrescentou o diretor do Departamento de Estratégias de Segurança Alimentar e Nutricional, Felipe Thiago de Jesus, que também participou da reunião. De acordo com ele, que é o vice-presidente do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, as hortas comunitárias são uma tendência mundial. O servidor também afirmou que a agricultura urbana como ferramenta de segurança alimentar é uma das principais linhas de ação estratégica da pasta.
A problemática da segurança alimentar, explicou Jesus, baseia-se sobre cinco eixos: alto índice de desperdício de alimentos; aumento do sobrepeso da população; consumo de alimentos ultraprocessados; população em extrema vulnerabilidade social com irregularidade no acesso à alimentação adequada; e modelo agropredominante da Região Metropolitana de Curitiba não sustentável. “Essas são nossas grandes dores, para as quais a gente desenvolve políticas públicas".
O diretor também falou da implantação da Fazenda Urbana do CIC, quase três vezes maior que a do Cajuru e cujo viés é a sustentabilidade. Na sequência é que se deve discutir o projeto do Tatuquara, com foco em ações voltadas ao esporte, ao lazer e à juventude.
No debate com os convidados, Professora Josete perguntou por que foram escolhidos o CIC e o Tatuquara para a implantação das novas unidades da Fazenda Urbana. Conforme Gusi, a proposta foi justamente concentrar os espaços na região sul da cidade, que tem os índices mais altos de insegurança alimentar. “A primeira fazenda tem um viés, é um laboratório. A segunda fazenda, ela amplia essas possibilidades. E a gente tem um terceiro viés, que é a complementação de trabalhar o esporte, o lazer e a qualidade de vida”, declarou o secretário.
Já o vice-presidente da Frente Parlamentar da Segurança Alimentar e Nutricional, Nori Seto (PP), pediu mais informações sobre os cursos da Escola de Segurança Alimentar, que funciona dentro do Mesa Solidária e recentemente formou a primeira turma. Conforme o diretor do Departamento de Estratégias de Segurança Alimentar, a parceria atual prevê atividades até novembro, e as inscrições são divulgadas no site da Prefeitura de Curitiba.
“A fome tem pressa”, comentou Noemia Rocha (MDB) durante o espaço para questionamentos aos convidados. Em resposta à vereadora, Gusi pontuou que a agricultura urbana é abrangente e também contempla as espécies frutíferas. “Lembrando que recentemente, no Bairro Novo, nós inauguramos a primeira agricultura urbana regenerativa na cidade”, completou Jesus sobre a recuperação da beira de rio com o plantio de 250 mudas de árvores frutíferas.
Mapa da Fome
Outros temas surgiram no debate com os vereadores. Em resposta a questionamento de Herivelto Oliveira (Cidadania) sobre o Mapa da Fome, Gusi defendeu a “musculatura” da Prefeitura de Curitiba. O secretário, no entanto, confirmou o impacto da pandemia da covid-19 para o aumento das famílias abaixo da linha da pobreza.
Antes da pandemia, disse Professora Josete, Curitiba tinha 36 mil famílias abaixo da linha da pobreza. Já uma pesquisa recentemente divulgada, segundo a presidente da frente parlamentar, indica que 70% da população, na Região Sul, está em segurança alimentar; enquanto para cerca de 16% a situação é de insegurança leve; outros 3,5%, insegurança moderada; e 10%, de insegurança grave. “É esse os dados que vocês têm para Curitiba? Só para a gente ter noção dos impactos da pandemia”, indagou.
“Os números aqui são um pouquinho menos impactantes”, disse Gusi. Em sua avaliação, Curitiba e os municípios vizinhos precisam ser resilientes “para poder dar respostas a sua população, para que a gente aumente os números da segurança alimentar”. No pós-pandemia, indicou o representante do Executivo, muitas estatísticas, da fome ao sobrepeso da população, precisam ser “recalibradas".
Ao vereador Oscalino do Povo (PP), que perguntou sobre os impactos do clima, como o frio extremo, nas ações em segurança alimentar, o secretário disse que "o olhar estratégico" leva em consideração, na verdade, o aquecimento global. De Flávia Francischini (União), a indagação foi sobre a realização de estudos relacionados à alimentação da pessoa com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), como sobre o impacto do consumo de glúten.
“O universo da segurança alimentar é muito amplo”, ponderou Luiz Gusi. Por isso, em sua avaliação, é necessário ampliar cada vez mais as discussões sobre o tema, inclusive as atividades in loco. Jesus também defendeu a importância do debate para fortalecer as políticas de segurança alimentar em Curitiba.
Assim como as sessões plenárias, as reuniões das frentes parlamentares têm transmissão ao vivo pelos canais da Câmara de Curitiba no YouTube, no Facebook e no Twitter.
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