Frente parlamentar deve discutir financiamento do Carnaval
Representantes de escolas de samba, do segmento cultural e do poder público se reuniram na Câmara de Curitiba. (Foto: Carlos Costa/CMC)
O financiamento às escolas de samba e aos blocos carnavalescos foi o principal problema levantado pelo segmento cultural durante audiência pública da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) na tarde dessa sexta-feira (17). O encaminhamento sugerido pelo propositor do debate, Angelo Vanhoni (PT), foi de mobilizar os demais vereadores para a criação da Frente Parlamentar da Cultura e do Carnaval.
Regulamentadas pelo ato 3/2013, da Comissão Executiva, as frentes parlamentares são grupos suprapartidários para a discussão de um tema específico, de interesse da cidade. O requerimento precisa da assinatura de, no mínimo, dez vereadores e passa pela votação em plenário, em turno único.
Vanhoni também propôs realizar, entre os meses de abril e de maio, um seminário com convidados de outros estados. Segundo ele, o secretário-executivo do Ministério da Cultura, Márcio Tavares, está aberto ao diálogo. O vereador também falou da nova discussão para a destinação de verbas da União para a cultura e que Curitiba deve receber “um recurso razoável”.
Presidente da Comissão de Educação, Cultura da Câmara de Curitiba, Marcos Vieira (PDT) reforçou que também é importante discutir o Carnaval dentro da Lei Orçamentária Anual (LOA). “Arte não se faz sem financiamento”, pontuou a representante do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões no Estado do Paraná (Sated-PR), Raquel Rizzo. De acordo com ela, o percentual do Orçamento destinado à arte deveria ser de, pelo menos, 1,5%. “Se não aumentar, a gente não evolui.”
“O estado está muito distante de toda essa manifestação tão importante e visceral, como nosso vereador falou com bastante emoção na fala. E eu acho que a cultura é assim mesmo, a cultura é visceral”, afirmou a secretária de Estado da Cultura do Paraná, Luciana Casagrande Ferreira. “Nós já vamos tomar uma providência e não vamos mais desabilitar por documentação. A gente vai diligenciar os proponentes, porque a gente sabe que o edital é uma coisa difícil, burocrática, a gente tem trabalhado muito em cima disso, na questão de formação.”
Segundo o presidente da Liga das Escolas de Samba de Curitiba, Jeferson Pires de Assis, a principal demanda do segmento junto ao poder público é para que as escolas de samba e os blocos recebam mais verba. Lançar mais editais de patrocínio, complementou, também é importante para o crescimento do carnaval da cidade.
“Lembrando que Curitiba é uma capital”, Assis, que também faz parte de uma federação das escolas de samba, comparou o Carnaval daqui ao de outras cidades brasileiras, a exemplo de Florianópolis (SC). “A luta de resistência, as escolas de samba fazem. As escolas, os blocos, precisam de apoio”, acrescentou o convidado.
Para a Professora Josete (PT), o Carnaval e o samba trazem a “resistência de setores da nossa população que sempre foram invisibilizados”. Já conforme a vereadora Giorgia Prates – Mandata Preta (PT), a invisibilidade “é mais do que isso, não é só uma questão de carnaval, uma questão de cultura”. Na avaliação de Oscalino do Povo (PP), o financiamento do Carnaval pode ser feito por meio de parceria entre o Município, o Estado e a União.
Líder do governo na CMC, Tico Kuzma (sem partido) lembrou ter acompanhado os desfiles deste ano. Também contou que a esposa, Poliana Santos, desfilou na avenida sob patins. Mauro Bobato (Pode), por sua vez, sugeriu que o público compartilhasse a transmissão da audiência pública para que a discussão chegue a mais pessoas.
Outras demandas e outras propostas foram apresentadas durante a audiência pública. Conforme Diorlei Santos, por exemplo, do Bloco Afro Pretinhosidade, “a gente vem nessa luta de descentralizar o Carnaval de Curitiba”. Representando o Conselho Municipal de Cultura, Wilson Sávio Paulino frisou o papel do Carnaval como manifestação cultural popular. “Neste ano, a Fundação Cultural completa 50 anos”, comentou o diretor de Ação Cultural da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), Beto Lanza. “E a história do Carnaval se mistura à história da Fundação Cultural.”
Após as falas da mesa, o público também teve espaço para se manifestar. Foram levantadas algumas questões como a criação de um espaço específico para as apresentações do Carnaval de Curitiba e para os ensaios, as ameaças ao bloco LGBTQIA+, a descentralização dos editais e dos recursos culturais, a valorização da cultura popular, o apoio do poder público também para a divulgação dos sambas-enredos e o planejamento, ao longo de todo o ano, para a realização dos desfiles.
>> Confira, no link abaixo, mais fotos da audiência pública:
*Notícia revisada pelo estudante de Letras Brunno Abati
Supervisão do estágio: Alex Gruba
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba