Frente do Samba pediu e FCC apresentou editais de incentivo às escolas de samba
Reunião articulada pela Frente do Samba entre as agremiações e a Fundação Cultural de Curitiba. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)
Nove escolas de samba de Curitiba e líderes de blocos carnavalescos responderam ao chamado da Frente Parlamentar do Samba e compareceram à reunião com a Fundação Cultural de Curitiba (FCC) nessa terça-feira (13). Na atividade, a FCC comunicou que lançará dois editais da Lei Paulo Gustavo (195/2022), com valores de R$ 10,5 milhões para o audiovisual e de R$ 4,2 milhões para as demais áreas. Nesse segundo, no qual podem se inscrever as escolas de samba e os blocos carnavalescos, informou que haverá reserva de 20% para proponentes negros e de 10% para indígenas.
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“Estamos numa fase de escuta para elaboração dos editais. Por isso, é importante a participação de vocês [das escolas e dos blocos] nesta atividade. Esses recursos da Lei Paulo Gustavo vão movimentar muito a cidade e a cadeia da produção cultural. É um montante de recursos que nunca tivemos, então pedimos que vocês ajudem na divulgação dos editais”, pediu Ana Cristina de Castro, presidente da FCC. Ela explicou que o aporte maior no audiovisual é em razão da fonte dos recursos federais, que, na maioria, são provenientes de superávit no Fundo Setorial do Audiovisual.
“Queremos fortalecer essa identidade cultural, que é própria da periferia da nossa cidade e, com a Fundação Cultural de Curitiba e os organismos de governo, ajudar a ter uma política cultural direcionada ao Carnaval e à preservação do samba, com um fomento maior. As escolas recebem muito poucos recursos”, defendeu Angelo Vanhoni (PT), presidente da Frente Parlamentar do Samba, do Carnaval e das Políticas Culturais da Câmara Municipal de Curitiba (CMC). Dos 11 membros da frente, compareceram à reunião Alexandre Leprevost (Solidariedade), vice-presidente, Rodrigo Reis (União) e Maria Leticia (PV).
Após a exposição das linhas gerais do que serão os dois editais da Lei Paulo Gustavo, feita por Loismary Pache, diretora de Incentivo à Cultura, e por Beto Lança, diretor de Planejamento, a equipe da FCC abriu para perguntas. Foi quando Jefferson Pires Lima de Assis, que é presidente da Imperatriz da Liberdade e da Liga das Escolas de Samba de Curitiba, questionou se, dentro dos R$ 4,2 milhões, haveria um edital específico para o segmento. Loismary Pache recomendou que essa sugestão fosse formalizada à FCC.
Beto Lança respondeu ao presidente da Liga das Escolas de Samba de Curitiba e aos outros presidentes de agremiações que apoiaram a tese do edital específico, que, se não isso não for juridicamente possível, era importante que as escolas se atentassem às cotas, uma vez que o carnaval está diretamente ligado à tradição cultural dessas populações. “Não estarão competindo entre si, por um segmento do valor, mas por uma parte maior, que é do todo”, ponderou.
Reparação financeira
Antes, à CMC, Jefferson de Assis tinha dito que era precisa uma “reparação financeira para o Carnaval curitibano”. “Se for comparar um projeto de gravação de CD, que envolve 15 pessoas, pega R$ 150 mil [das políticas municipais de incentivo à cultura]. Uma peça de teatro, com até 30 pessoas, também pega R$ 150 mil ou até um pouco a mais. Uma escola de samba, que envolve 500 pessoas, que tem dança, que tem bateria, que envolve várias situações sociais, durante o ano inteiro, pega R$ 100 mil. A gente precisa que essa história mude”, defendeu.
O argumento do presidente da Liga das Escolas de Samba de Curitiba tem eco nos membros da frente parlamentar. “Eu não tenho dúvida que há espaço para o crescimento do Carnaval de Curitiba e que esse é o momento propício. Nós, pela frente parlamentar, vamos buscar ações para que isto aconteça e ganhe corpo, correspondente ao tamanho de Curitiba. Temos talentos no carnaval da nossa cidade que precisam de apoio”, concordou Leprevost.
“O curitibano, às vezes, critica o carnaval da cidade, mas eu, que participo dele, vejo a importância e a quantidade grande de pessoas que gosta. É um incentivo à cultura. Quem critica não conhece, e é por isso que a CMC fez questão de implantar uma frente parlamentar para mostrar essa realidade”, continuou Rodrigo Reis. “Eu concordo que deve haver mais financiamento da cultura como um todo e o carnaval é cultura, então a resposta para a demanda das escolas é que sim, que devemos ampliar o fomento”, reiterou Maria Leticia.
“O samba é uma tradição que identifica o povo brasileiro do ponto de vista artístico. E Curitiba tem muito samba, tem muita história, do Maé, do Boca Negra, de músicos que se relacionaram diretamente com a Mangueira no surgimento do Carnaval no Rio de Janeiro, que foi concomitante ao de Curitiba”, afirmou Angelo Vanhoni. Participaram da atividade as escolas de samba Deixa Falar, Imperatriz da Liberdade, Vai na Fé, Internautas, Leões da Mocidade, Realeza, Enamorados, Embaixadores da Alegria, Mocidade Azul e do bloco Garibaldis e Sacis.
A equipe técnica informou que a apresentação com os dados será disponibilizada a partir da semana que vem, na página da FCC na internet, e que, no canal da Fundação Cultural no YouTube, estão disponíveis oficinas para a participação nos editais. Ficou acordada a realização de uma nova reunião da Frente do Samba com a prefeitura no mês de agosto, em data a ser marcada, para discutir especificamente a questão do carnaval em Curitiba.
*Notícia revisada pelo estudante de Letras Brunno Abati
Supervisão do estágio: Alex Gruba
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba