Farmácias de manipulação discutem determinação da Anvisa

por Assessoria Comunicação publicado 24/05/2005 17h40, última modificação 24/05/2021 17h26
“Não é possível que a Anvisa continue a legislar em favor do grande capital. A indústria farmacêutica é a segunda maior no mundo em faturamento.” A afirmação é do secretário municipal de Saúde, Michele Caputo Neto, durante o Fórum de Farmácias de Manipulação, realizado no auditório do Anexo II da Câmara de Curitiba, nesta segunda-feira (23), quando profissionais ligados à área farmacêutica discutiram determinação da Anvisa, que propõe a revisão do regulamento técnico das farmácias de manipulação. Estes estabelecimentos passariam a ter restrição na elaboração de medicamentos também fabricados em escala industrial. O evento, proposto pelo vereador Angelo Batista (PP), contou com a presença de diversas autoridades e profissionais da área.
Segundo o secretário, o medicamento produzido em maior escala é caro em função das estratégias que a indústria adota e os tributos que incidem sobre ele. Já os manipulados têm condição de barateamento. “Temos que lembrar o que se passava com os genéricos antigamente. Toda vez que se discutia o tema tínhamos problemas. Hoje, ainda não alcançamos o ideal de consumo, mas avançamos muito”, explicou Caputo, acrescentando que é preciso que ocorra o mesmo com os manipulados. “Eu, como secretário de Saúde, assumo o compromisso de me colocar frontalmente contra a determinação. Nessa luta vamos até o fim”, afirmou. “A vigilância sanitária de Curitiba não vai se prestar a esse papel”, concluiu.
Já o presidente do Sindicato das Farmácias de Manipulação do Paraná, Sandro Pereira, comentou que a classe quer apenas um texto justo para uma nova resolução. “Não temos medo de ser fiscalizados”, disse, acrescentando que a profissão é humanitária e deve atender aos anseios da sociedade.
O vice-presidente da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), Gerson Appel, explicou que o uso dos remédios preparados teve início para beneficiar a população durante o pós-guerra e a elaboração era baseada na altura, peso e idade dos soldados à época. “Os remédios da magistral são completamente diferentes, adequados às necessidades de cada paciente. No Brasil, temos a maior e melhor manipulação do mundo. Nossos profissionais são altamente qualificados”, comentou.
A sugestão apresentada pela deputada federal Clair da Flora Martins (PT), também presente ao fórum, é a ida de representantes a Brasília, para um café da manhã com parlamentares, quando deverá ser exposto o problema e pedida a prorrogação da consulta e articulação junto à Anvisa, além de buscar solução via judicial.
Também participaram do evento na Câmara Rosemere de Moura, presidente da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag) no Paraná; Marisol Dominguez Muro, do Conselho Regional de Farmácia; Moacir Gerolomo, diretor do departamento de Saúde Ambiental da Secretaria Municipal de Saúde e Gladys Camargo Cardon, da Anfarmag Paraná, entre outros.