Família, amigos e políticos despedem-se do "prefeito do Bairro Alto"

por Assessoria Comunicação publicado 27/01/2019 16h25, última modificação 03/11/2021 11h04

Além de familiares e amigos, o velório do ex-vereador Jair Cézar de Oliveira (PSD), realizado neste domingo (27) no Palácio Rio Branco, foi acompanhado por diversas autoridades da política local. “Ele era chamado de prefeito do Bairro Alto”, lembrou, por exemplo, Ailton Araújo, presidente da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) entre 2015 e 2016. Assim como Jair Cézar, o ex-vereador foi eleito para o primeiro mandato em 1988, para a 10ª legislatura (1989-1992). “Era muito amigo, espontâneo, franco. Foi um lutador”, completou.

Primeiro vice-presidente da CMC, Tito Zeglin (PDT) representou a Mesa Diretora. Além da defesa da comunidade do Bairro Alto, o parlamentar lembrou que Jair Cézar atuava em prol de outros segmentos, como pela causa animal. Foi de sua iniciativa o projeto que deu origem à lei municipal 12.467/2007, que proibiu o uso de animais em apresentações de circo na cidade. “Ele sempre ia para a tribuna preparado. Era um exemplo que muitos vereadores mais novos seguiam. Teve a vida marcada por grandes feitos. Pela honestidade e pela seriedade.”

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“Convivi dois mandatos com ele [2005-2008 e 2009-2012]. Foi uma pessoa que representava em especial a comunidade do Bairro Alto. Como primeiro vice-presidente da Câmara [de 2005 a 2006], presidiu muitas sessões”, citou Serginho do Posto (PSDB), presidente da Casa no último biênio da atual legislatura. O vereador lembrou que em seu último ano na CMC, em 2012, Jair Cézar trouxe a plenário a preocupação sobre a Ponte Preta, na rua João Negrão (relembre). “Seus debates eram muito bons. Ficam nossos sentimentos aos familiares.”

“Era meu braço direito”, afirmou outro ex-presidente do Legislativo de Curitiba, Iris Simões, de quem Jair Cézar foi primeiro-secretário, entre 1995 e 1996. “A gente nunca teve atritos. Ele vai deixar uma grande lacuna. Era um lutador, persistente. Perdemos um grande amigo, um cidadão honrado”, acrescentou. João do Suco, que presidiu a Câmara em 2012, destacou a atuação do ex-colega em prol do meio ambiente, citando a tragédia ocasionada pelo rompimento da barragem de uma mineradora em Brumadinho (MG), na última sexta-feira (25).

Presidente da CMC de 1993 a 1994, Mario Celso Cunha também despediu-se do ex-colega de Legislativo: “Ele era uma figura especial. Muito dinâmico, cheio de vitalidade. Sempre foi muito correto. Fui líder dele por muitos anos. Deixa o legado de ser um homem do bem”. João Claudio Derosso, que presidiu a Casa de 1997 a 2012, inclusive no biênio em que Jair Cézar foi eleito para a primeira vice-presidência (2005-2006), esteve no velório antes da chegada da reportagem.

Mais lembranças
O Poder Executivo de Curitiba foi representado pelo vice-prefeito, Eduardo Pimentel Slaviero, que destacou a liderança política do ex-vereador, em especial na região norte da cidade. Além disso, apontou seu legado em prol do setor produtivo e das questões sociais. “Convivemos 24 anos aqui. Pensem em uma pessoa que zelava pela Câmara Municipal. Diversas vezes presidiu a Comissão de Legislação [atual CCJ] e a Casa [enquanto primeiro vice-presidente]. Trabalhava pela comunidade”, indicou Jairo Marcelino (PSD), que assumiu o primeiro mandato como vereador de Curitiba em 1983.

“Ele foi um dos grandes responsáveis por levar infraestrutura à região norte. Escolas, creches, asfalto, trincheiras. Tinha uma estima muito grande pelo parque Atuba, que chamava de Vilinha. Era um vereador atuante, assíduo”, complementou Marcelino. “Fui vereador com ele por 20 anos. Foi um vereador combativo, que fez um belo trabalho para a cidade. Fui padrinho de seu último casamento [com Vivian Meza Siqueira César de Olíveira]”, afirmou o ex-vereador Celso Torquato.

O ex-vereador Borges dos Reis, que na CMC conviveu com Jair Cézar em duas legislaturas (1993-1996 e 1997-2000), também lembrou do apelido de “prefeito do Bairro Alto”. Eles ainda atuaram juntos na Sanepar, onde destacou o trabalho do amigo pela recuperação do rio Belém. Reis contou que o tema costumava ser levantado pelo ex-parlamentar nos encontros da Confraria dos Amigos de Curitiba, que se reúne nos domingos pela manhã no Mercado Municipal. “Vai deixar lembranças muito boas. Dava umas risadas gostosas com a gente”, continuou.

Ex-vereador, ex-deputado federal e ex-diretor-geral da Itaipu Binacional, Jorge Samek disse que a convivência com Jair Cézar foi de 14 anos, a partir de 1989. “Era um galo de briga. Era persistente. Uma cara de luta”, declarou, em especial sobre a defesa das demandas do Bairro Alto. “Fazíamos boas discussões [Samek era de oposição; Cézar, da base do prefeito]. Muitas vezes estávamos em caminhos opostos, mas sempre com uma respeitabilidade muito grande.”

“Sentei muito tempo perto dele [em plenário]. Era como um irmão. Foram 12 anos juntos”, disse o ex-vereador Zé Maria. “O Jair era muito trabalhador, preocupado com o Bairro Alto, que ele considerava uma pequena cidade. Conhecia as pessoas [da comunidade] pelo nome. Era solidário.” Vereadora desta legislatura e defensora da causa animal, Fabiane Rosa (DC) destacou que o ex-parlamentar atuava em prol do segmento “muito antes das leis de proteção animal, antes da área ter o apoio da população como tem hoje”.

Assessor parlamentar de Cézar por 18 anos, ex-vereador de Piraquara e atualmente na direção de um colégio estadual, Gilmar Cordeiro também citou boas recordações: “Ele foi um homem muito perseverante. Quando entramos na Câmara [em 1989], desenvolvemos um plano de ação. O Bairro Alto era esquecido pela administração e identificamos as necessidades básicas”.

Também acompanharam o velório os vereadores de Curitiba Professor Silberto (MDB), Oscalino do Povo (Pode) e Tico Kuzma (Pros). Entre os ex-vereadores, compareceram Angelo Batista, Chicarelli, Custódio da Silva, Edson do Parolin, Geraldo Bobato, Jonny Stica, Jotapê, Marcos Isfer, Natálio Stica (também ex-deputado estadual) e Paulo Frote. Passaram pelo Palácio Rio Branco, ainda, o deputado estadual eleito e ex-secretário estadual da Saúde Michele Caputo (PSDB) e o ex-secretário estadual da Habitação Mounir Chaowiche.

Familiares
“Um marido muito querido. Ele era companheiro. Sempre feliz, alegre, entusiasmado.” Assim Vivian descreveu o marido, com quem foi casada por 21 anos. “Somos muito gratos pela cidade de Curitiba ter acolhido nosso pai”, disse Alexandre César, um dos seis filhos de Jair, que era natural de Londrina (PR). “Era um orgulho dele ser vereador de Curitiba. O pai gostava de trabalhar, ele vivia para o trabalho”, acrescentou. Para ele, a população critica os políticos, sem pensar que esta é uma área ao qual “se dedicam demasiadamente”.

“Se você perguntar, quase todos os filhos [de políticos] não gostariam [que os pais se dedicassem à área]”, avaliou. Alexandre também agradeceu o apoio de todos passaram pelo velório: “Ouvimos de muitas pessoas o que ele fez por elas, pelo bairro, a rua, a escola. A gente recebeu uma prestação de contas do trabalho do pai para Curitiba. É um orgulho, uma compensação”. “Também agradecemos a Câmara, o Cerimonial, que neste momento de profunda tristeza nos acolhem.”

“Meu pai veio para Curitiba servir o Exército e se apaixonou”, relatou outra filha, Denise César de Oliveira Davidoff. Ele retornou a Londrina por um período, mas se mudou novamente para a capital, onde cursou Direito e também trabalhou, antes de se eleger vereador, como corretor imobiliário. “Neste momento [do velório] estou conhecendo tantas histórias, tantas pessoas”, reforçou. Para um de seus sobrinhos, Artistóteles Pires, “ele lutou por um bairro, por pessoas”. “Desconheço um cara que tenha feito o que ele fez, de visitar todas as galerias pluviais do rio Belém, de ponta a ponta. Se encheu de lama”, citou.