Especialistas sugerem alterações no projeto "telhados verdes"

por Assessoria Comunicação publicado 11/09/2013 18h45, última modificação 20/09/2021 08h49

Em audiência pública na Câmara de Curitiba, nesta quarta-feira (11), advogados, arquitetos e técnicos da prefeitura sugeriram que o projeto de lei que institui o sistema de telhados verdes na capital seja aprimorado. O evento foi uma iniciativa do autor da proposta, Professor Galdino (PSDB), a fim de definir os “encaminhamentos necessários para a adoção da nova técnica construtiva”.
    
O vereador se colocou à disposição para analisar as sugestões apresentadas, já que o projeto de lei tramitou pelas comissões de Legislação e de Meio Ambiente da Casa e está pronto para votação em plenário. “Para que o telhado verde se torne uma realidade, vamos fomentar o debate entre o poder público e a sociedade civil. Nossa cidade tem potencial para voltar a ser referência na área do meio ambiente”, defendeu o parlamentar.
    
A proposição (005.00006.2013) determina que os projetos para construção de prédios com mais de três andares, residenciais ou não, deverão, obrigatoriamente, prever o telhado verde. Segundo o texto, esse tipo de telhado consiste em uma cobertura de vegetação – preferencialmente nativa, para resistir ao clima do município – arquitetada sobre a laje ou a cobertura do imóvel.
    
O regulamento estabelece, ainda, que a área destinada pelas construções ao telhado verde será considerada, “para todos os efeitos”, como tendo as mesmas características da área permeável. Também detalha os critérios para o sistema, que deve ser composto das seguintes camadas: impermeabilização, proteção contra raízes, drenagem, filtragem, substrato e vegetação.

Mudanças sugeridas
    
Advogado e especialista em Direito Ambiental, Renan Eschilleti Guimarães ponderou que o projeto precisa ser adequado do ponto de vista da definição do termo “telhados verdes”. “A definição está incompleta. Precisa explicar os conceitos de fotossíntese e evaporação, a fim de facilitar o entendimento dos benefícios da tecnologia. Quanto mais abrangente for a definição, melhor será a implantação do sistema”, explicou.
    
Para o convidado, a delimitação da altura das edificações e o tipo de vegetação a ser instalada nos telhados – nativa – também engessam a ideia proposta. “Perde-se a oportunidade de promover a biodiversidade vegetal na cidade”. “A possibilidade de transformar nossas coberturas, vinculada a um número específico de pavimentos, deve ser revista. É um delimitar complicado”, completou o técnico da Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU), Leonardo Brusamolin.
    
Já para a especialista em Construções Sustentáveis pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Adriane Savi, outra alteração necessária no projeto de Professor Galdino é quanto à ideia de que os telhados verdes precisam ter características permeáveis: “essa cobertura retém água da chuva, mas não pode ser tratada como uma área permeável, porque não retém 100%. É uma área de impermeabilização que retém água. Não dá para substituir uma área permeável pela cobertura do telhado”.
    
A obrigatoriedade de implantação dos telhados verdes estabelecida pela proposta também foi questionada pelos especialistas, principalmente devido ao alto custo para a implantação da tecnologia e a falta de incentivo para a adoção de projetos sustentáveis. “Considerando a sustentabilidade, se todos nós tivéssemos essa cultura, não seria necessário legislar sobre o assunto”, reiterou Reginaldo Junior, que também é técnico da SMU. Renan Eschilleti, por sua vez, sugeriu que a proposta possa determinar que apenas os projetos municipais de habitação popular sejam obrigados a construir os telhados verdes, “como forma de incentivo à população”.
    
O evento contou, ainda, com a presença estudantes universitários e representantes das secretarias municipais de Meio Ambiente (SMMA) e de Obras Públicas (SMOP), do Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas no Estado do Paraná (sindARQ-PR) e de empresas que atuam no segmento.