Especialistas discutem a violência nas escolas

por Assessoria Comunicação publicado 05/06/2008 18h00, última modificação 21/06/2021 10h50
Para entender as dificuldades de professores, pais, alunos e funcionários de escolas, que convivem com a violência no dia-a-dia, especialistas da área se reuniram nesta quinta-feira (5), na Câmara de Curitiba. Organizado pela vereadora Professora Josete (PT), o assunto foi discutido no seminário “Educação e violência: enfrentando os desafios.” A idéia da parlamentar é buscar alternativas e caminhos para mudar os paradigmas.
Segundo Josete, "a violência na escola é o reflexo da sociedade em que vivemos. Se está cada dia mais acentuada, como a escola não sofreria o reflexo desse contexto social?", questiona. A vereadora afirma que a educação é um processo de construção coletiva, contínua e permanente de formação do indivíduo e que a família ocupa lugar de destaque nesse processo, sendo considerada um espaço de socialização primária.
Resgate
Para a professora e psicóloga do Centro de Estudos em Segurança Pública da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Joyce Kelly Pescarolo, que falou sobre o tema "Educação: refletindo a problemática da violência", o ato de educar é sempre violento (barganhas), mas necessário e bom. Segundo ela, “os pontos que mais devem ser trabalhados são o fim da cultura do medo e o incremento do processo de socialização, resgate do conceito de autoridade e, principalmente, resolução dos conflitos, ao invés de sufocá-los.”
Já a professora Maria Inês Caetano Ferreira, do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas da Universidade de Campinas (Unicamp), relatou experiência em Santo Amaro, considerado um dos locais mais violentas do Brasil. Inês ressaltou que o lugar onde se vive é fundamental. A falta de estrutura, de transporte e as moradias precárias já causam conflitos. As relações de trabalho instáveis, a inserção em postos de pouca qualificação e a falta de carteira assinada geram instabilidade nas famílias. "Hoje, temos que disputar os jovens com os traficantes", argumentou. "O comportamento dos jovens é resultado da socialização a que foram submetidos”, finalizou.
As professoras Flávia Inês Schilling, da Universidade de São Paulo (USP), e Maribel Gil Guterres, da rede municipal de ensino de Porto Alegre (RS), falaram da “Violência na escola: possibilidades de atuação.” As docentes relatam os trabalhos desenvolvidos nas escolas, com o envolvimento da comunidade e pais de alunos. Destacaram, ainda, a importância da autoridade do professor na sala de aula.
Presenças
Participaram do encontro o deputado estadual Tadeu Veneri (PT); a presidente do PT estadual, Gleisi Hoffmann, a professora Beatriz Gabardo (Sismac), Marcela Bonfim (Sismuc), Maria Helena Silva (CUT) e o capitão Hélio de Oliveira Manoel, do Batalhão da Patrulha Escolar da Polícia Militar.