Erasto Gaertner pode perder robô cirurgião

por Assessoria Comunicação publicado 27/03/2015 15h10, última modificação 29/09/2021 09h47
O Hospital Erasto Gaertner tem até a próxima terça-feira (31) para atingir 60% de captação de recursos para a implantação de um sistema cirúrgico robótico. Inscrito no Pronon (Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica) do Ministério da Saúde (MS), o projeto depende desta meta para que sua implementação seja autorizada. A informação foi obtida pela Comissão de Saúde da Câmara Municipal, durante visita à instituição nesta sexta-feira (27).

Segundo o superintendente do hospital, Adriano Lago, o potencial de captação aprovado pelo MS foi de R$ 15,6 milhões. A implantação do robô cirurgião e capacitação de uma equipe especializada deverão ampliar a oferta de cirurgias em pacientes com câncer. Serão em torno de 500 procedimentos, demanda extraordinária que atualmente não é atendida pelo convênio com o SUS (Sistema Único de Saúde).

“O projeto é caro porque o custo da cirurgia é muito alto, cerca de R$ 10 mil. Somente o robô custa US$ 3 milhões. Temos captados 43% do valor do projeto e a estimativa agora é estender o percentual para 45, 46% de captação. Mas o prazo vence dia 31 de março. E projetos que não têm um alcance mínimo de 60% são automaticamente excluídos [do Pronon]”, explica Lago.

Ao ser questionado pela comissão se o Erasto Gaertner já acionou o Poder Público sobre a situação, o superintendente afirmou que as duas secretarias de Saúde, tanto municipal quanto estadual, receberam solicitações, mas sem sucesso. “Não tivemos um retorno concreto de como a esfera pública pode nos ajudar. Inclusive, conversamos com o Adriano Massuda (secretário municipal), mas ele nos orientou a marcar uma reunião com o prefeito, que ainda não conseguimos”.

A Comissão de Saúde da Câmara vai intervir nessa situação para ajudar o cumprimento da meta e comprometeram-se a conseguir uma agenda com o prefeito Gustavo Fruet até a próxima segunda-feira (30). “É um problema que pode ser solucionado por meio de uma agenda com a prefeitura e com o governo do estado. Eles estão tentando de todas as maneiras, mas não estão conseguindo. Uma agenda é uma ação simples que já poderia ter resolvido o impasse. A situação é complicada. O prazo termina em quatro dias, e a luta para atingir a meta de 60% já tem três meses”, destaca a vereadora Noemia Rocha (PMDB), presidente do colegiado.

“O projeto trará benefícios à população, à saúde do cidadão. O Erasto Gaertner pode ser impedido de efetivar o sistema robótico por falta de boa vontade do Poder Público, do financiamento das empresas”, complementa. O vereador Mestre Pop (PSC), que é  membro do conselho administrativo do hospital, revelou que o Erasto Gaertner fez mais de 300 mil atendimentos e 7 mil cirurgias no ano passado. “Tem o único pronto-socorro oncológico da cidade. Sem falar que é referência no atendimento humanizado de pacientes com câncer”, disse. Chicarelli (PSDC) considerou inconcebível a situação, sobretudo porque mais de 90% do atendimento do hospital é feito pelo SUS.  

Adriano Lago agradeceu a compreensão dos parlamentares e adiantou que, com ou sem uma resposta do Poder Público, a instituição vai requerer, junto ao Ministério da Saúde, a prorrogação do fim do prazo para a captação limite de recursos. “O Paraná será o quinto estado brasileiro a receber um robô. Precisamos somar esforços em Curitiba, na região metropolitana, no Paraná e, porque não, no sul do país, para não perdemos este projeto”, finaliza.

Doações
A captação de recursos para o projeto “Inovação do Centro Cirúrgico com Sistema Cirúrgico Robótico” é feita por meio de doações com abatimento no Imposto de Renda (IR), tanto por pessoa física, quanto jurídica. No primeiro caso, a destinação é de até 1% do imposto retido ou devido. No segundo, a destinação de 1% deve ser, necessariamente, registrada pelo lucro real da empresa, podendo ser mensal, trimestral ou anual (saiba mais).

Comissão itinerante
A visita ao Hospital Erasto Gaertner foi a primeira de uma série que será realizada neste ano. “Vamos visitar todos os hospitais conveniados, UPAs, postos de saúde, hospitais municipais. O objetivo é conhecer a realidade de cada uma das unidades. Tomamos essa decisão enquanto comissão. Precisamos sair do espaço físico da Câmara Municipal para ver as demandas da população de perto”, explica a presidente. Ainda integram o colegiado, Paulo Rink (PPS) e Valdemir Soares (PRB).