Enfrentamento da pandemia predomina no pequeno expediente da CMC

por Pedritta Marihá Garcia — publicado 11/03/2021 20h16, última modificação 11/03/2021 20h16
Seis vereadores usaram o primeiro horário do plenário para defender diferentes pontos de vista sobre medidas restritivas na pandemia.
Enfrentamento da pandemia predomina no pequeno expediente da CMC

O pequeno expediente é o primeiro horário de uma sessão plenária e tem a duração regimental de 30 minutos. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

O enfrentamento à covid-19 foi o principal assunto do pequeno expediente das sessões plenárias de terça (9) e quarta-feira (10) da Câmara Municipal de Curitiba (CMC). Seis vereadores usaram o primeiro horário do plenário para defender diferentes pontos de vista sobre medidas restritivas que deveriam ou não ser aplicadas no atual momento da crise sanitária e econômica que a cidade enfrenta. Os pronunciamentos foram feitos antes da participação da secretária municipal de Saúde, Márcia Huçulak, que ontem fez um apelo ao Legislativo para a sensibilização da população sobre o agravamento da pandemia.

“Qual é a diferença entre a criança que estuda na rede pública e a criança que estuda na rede privada? O que está em jogo? O interesse da criança ou o interesse econômico? Gostaria de chamar os vereadores para que fizéssemos uma discussão lúcida sobre isso”, convocou Dalton Borba (PDT), ao lembrar que as escolas particulares de Curitiba foram autorizadas a retomar as aulas presenciais nesta quarta, enquanto a rede municipal manterá as aulas online até, pelo menos, dia 6 de abril.

Para o vereador, a CMC – que em fevereiro aprovou a inclusão da educação como atividade essencial – precisa discutir a reabertura das escolas de forma “sadia e saudável” e apelar, junto ao prefeito Rafael Greca e ao governador Ratinho Junior, para que ambos os governos tomem “uma atitude condizente à realidade que temos hoje”. “Estou demasiadamente preocupado. Não podemos fingir que em Curitiba está tudo bem. É preciso que mais atos sejam feitos, de uma política mais agressiva. Volta às aulas em um momento que não temos vagas em UTI é uma irresponsabilidade, uma inconsequência. Nós vamos pagar um preço caro”, analisou Borba.

“Precisamos pensar em formas e meios para termos uma atitude mais ativa neste momento em que vivemos. Estamos no meio da pior crise e não é só no Paraná, é no Brasil inteiro. Já perdemos mais de 200 profissionais de saúde, os profissionais vêm denunciando que não tem EPIs adequados”, disse Carol Dartora (PT), ao corroborar com o vereador. Para a vereadora, Curitiba não está na bandeira laranja e diante da “eminência de um colapso”, as escolas particulares deveriam suspender as aulas presenciais.

Sem resposta
“Sinto um desrespeito em relação a esta Casa. Parece que o Legislativo, para a atual gestão, só interessa quando se tem uma base de apoio e que esta base sempre vai votar na concordância de todas as ações da atual gestão”, afirmou Professora Josete (PT), ao reclamar da demora em obter respostas oficiais da Prefeitura de Curitiba, sobre o protocolo sanitário que será adotado pela rede municipal de ensino para o retorno das aulas presenciais.

“Os questionamentos são feitos a partir de demandas da população. Precisamos ter respostas do poder público. É essa solicitação que faço ao líder [do governo, Pier Petruzziello, do PTB]: que nossos ofícios sejam respondidos”, continuou Josete. “Ainda bem que prevaleceu o bom senso e as aulas foram suspensas até o dia 6 de abril. No momento temos uma fila [de espera] enorme tanto para UTIs como para leitos de enfermaria. Não estamos à beira de um colapso, estamos no meio do colapso, no meio do furacão, onde os profissionais de saúde já estão escolhendo quem vive e quem morre”.

Atividade essencial
Herivelto Oliveira (Cidadania) pediu que a Prefeitura de Curitiba cumpra a lei municipal 15.802/2021, que reconhece a prática da atividade física e do exercício físico como essenciais para a população de Curitiba em estabelecimentos prestadores de serviços destinados a essa finalidade. Ao defender que o Poder Executivo não volte a fechar as academias – medida já adotada durante a vigência da bandeira laranja – o vereador apresentou um vídeo, onde um profissional de educação física explicou a importância da atividade física para a manutenção da saúde.

“É um desabafo que muitos donos de academias querem fazer [à população e ao poder público]. Nós votamos aqui na CMC que as academias sejam essenciais. Que assim o seja”, frisou o vereador, ao lembrar que a norma foi aprovada pelos vereadores em dezembro de 2020. A lei abrange as atividades físicas praticadas em espaços públicos e em estabelecimentos destinados a essa finalidade, como as academias. Cabe ao Poder Executivo a definição nas normas sanitárias e protocolos a serem seguidos pelos estabelecimentos privados.

Hospital de campanha
Presidente da Comissão de Saúde, Bem-Estar Social e Esporte, Noemia Rocha (MDB) manifestou preocupação com a reorganização do sistema municipal de saúde para que as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) passem a atender internamentos de covid-19. “Quero lamentar o fato de que o gestor da cidade abriu mão ou não quis fazer o hospital de campanha. Se tivéssemos um hospital de campanha estruturado talvez não estaríamos passando o que estamos passando hoje em Curitiba”, frisou a vereadora.

“Ontem [terça-feira, dia 9] batemos novamente recorde de óbitos, enquanto os Estados Unidos, que tem uma população muito maior [que a do Brasil] teve 800 óbitos. E o Paraná está se destacando no contágio e número de leitos que faltam no estado para o atendimento à covid”, completou Rocha. Segundo ela, houve “sinalização” para que o Hospital Militar do Paraná, “que tem estrutura”, possa também atender uma demanda importante. “Talvez precisasse fazer um convênio com o Estado”, disse. 

Resposta do líder
Em resposta aos vereadores que o antecederam, o líder do governo no Legislativo, Pier Petruzziello (PTB) – que articulou a presença da secretária de Saúde na sessão desta quarta – apoiou a decisão da prefeitura em ampliar o atendimento dos casos moderados e graves da covid-19 para as UPAs. Ele pediu ainda que os colegas deixem “a ciência trabalhar” e ajudem a orientar e acalmar a população.

“Ninguém tem a resposta para esse problema. Se nós tivéssemos a resposta, com certeza absoluta a gente já teria saído da pandemia (...). Somos iguais à sociedade. Tenho certeza de que os 38 vereadores recebem ligações sobre demandas para abrir ou fechar determinados segmentos econômicos. Tenho certeza, absoluta, de que os 38 estão imbuídos em dar uma solução. É um discurso humanista, de pessoas. É o discurso do Pier, cidadão”, finalizou.