Em solenidade, CMC comemora os 75 anos do Hospital Cruz Vermelha
Nesta quinta-feira, a Câmara Municipal de Curitiba homenageou os 75 anos do Hospital Cruz Vermelha. (Foto: Carlos Costa/CMC)
Nesta quinta-feira (3), a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) promoveu uma solenidade em comemoração aos 75 anos do Hospital Cruz Vermelha. A iniciativa da homenagem foi da vereadora Noemia Rocha (MDB), presidente da Comissão de Saúde, Bem-Estar Social e Esporte. Ela destacou a importância de se exaltar entidades filantrópicas e de ação voluntária, como o Hospital Cruz Vermelha, que trazem benefícios às vidas dos menos favorecidos.
Além da vereadora proponente da homenagem, compuseram a mesa: Pedro Glein Del Santoro, vice-presidente da Cruz Vermelha do Brasil, filial do Estado do Paraná; Mariane Rigo, diretora-técnica do Hospital Cruz Vermelha de Curitiba; Juliana Cotrim, diretora de enfermagem do Hospital Cruz Vermelha; e Méri Barth, diretora de atendimento do Hospital Cruz Vermelha. O evento teve a participação do Noah Coral Orquestra.
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Saudação oficial
Em sua saudação oficial a vereadora Noemia Rocha manifestou sua alegria pela possibilidade de homenagear os 75 anos de existência do Hospital Cruz Vermelha de Curitiba. “Uma história construída diariamente nos atendimentos realizados, vidas salvas, dedicação, missão e doação. Uma história feita pelos médicos, enfermeiros, técnicos, colaboradores e outros profissionais que se dedicam diariamente ao bem-estar dos pacientes, gerando um impacto positivo na sociedade curitibana”, disse a parlamentar.
De acordo com Noemia Rocha, a Cruz Vermelha do Brasil surgiu em 1907, por iniciativa de Joaquim de Oliveira Botelho, médico que, em parceria com a Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, lançou as bases da Cruz Vermelha do Brasil em 17 de outubro daquele ano. Mas foi somente em 5 de dezembro do 1908 que a Cruz Vermelha do Brasil foi fundada oficialmente, com a instituição dos estatutos da sociedade. O primeiro presidente da Cruz Vermelha do Brasil foi o sanitarista Oswaldo Cruz. “Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a instituição criou o corpo de enfermeiras voluntárias e, em 1916, foi inaugurada a Escola Prática de Enfermagem, sob a direção do médico Getúlio dos Santos, capitão-médico do Exército”, explicou a vereadora. Em 1919, a entidade já tinha 16 filiais distribuídas em todo o país.
No Brasil, frisou Noemia Rocha, “a Cruz Vermelha tornou-se um modelo de instituição hospitalar, em acordo com as previsões da Convenção de Genebra para os tempos de guerra e com atuação também em tempos de paz, levando auxílio a vítimas de secas, enchentes, terremotos e outros desastres naturais”. A vereadora disse que possui forte identificação com o caráter voluntário do Hospital Cruz Vermelha de Curitiba, já que ela mesma tem mais de 20 anos de atuação em atividades sociais e voluntárias. Ela destacou que a Cruz Vermelha é hoje a principal instituição de ajuda humanitária do mundo. No Brasil, está presente em 21 estados, com destaque para o ensino de prontos-socorros. A parlamentar lembrou que em 2017 a Cruz Vermelha lançou as Diretrizes Internacionais de Primeiros Socorros e Reanimação, orientações que são referências para todos que trabalham na área.
Noemia destacou que a Cruz Vermelha nasceu da necessidade de prestar socorros e buscar o alívio do sofrimento humano sob quaisquer circunstâncias, sempre buscando a proteção da vida e a promoção da compreensão mútua e da paz entre as pessoas. “O hospital não adota nenhuma política de discriminação relativa a raça, sexo, opinião ideológica ou qualquer outro fator. Atende pacientes nas áreas de anestesiologia, cardiologia, cirurgia cardiovascular, cirurgia geral, clínica médica, cirurgia vascular, cirurgia torácica, cirurgia do aparelho digestivo, cirurgia plástica, dermatologia, endoscopia, endocrinologia e metabologia, além do programa de residência médica".
“Foi o primeiro hospital da cidade a ter um pronto-socorro e é, até hoje, um dos principais hospitais da cidade, prestando um relevante serviço de atenção à saúde ambulatorial e hospitalar. Possui contrato com o Município de Curitiba para atender a população que carece de atendimento e os inscritos no Sistema Único de Saúde (SUS), além de ser uma referência no atendimento de idosos e integrar a rede de urgência e emergência". Para a vereadora, que é presidente da Comissão de Saúde, Bem-Estar Social e Esporte da Câmara Municipal de Curitiba, é fundamental que os parlamentares utilizem o espaço de homenagens para destacar os profissionais que mantêm o Hospital Cruz Vermelha vivo e ativo.
“Na condição de presidente da Comissão de Saúde, Bem-Estar Social e Esporte, garanto que sempre buscamos melhorar o atendimento aos hospitais de Curitiba, em especial os que atendem a população. Entendemos que as políticas públicas voltadas à saúde e à educação são as mais importantes do país e lutamos para que haja, cada vez mais, garantia de dignidade ao cidadão curitibano”, concluiu a parlamentar.
Agradecimento
Pedro Grein Del Santoro, médico clínico-geral que atua no Hospital Cruz Vermelha de Curitiba desde 2008, agradeceu a homenagem em nome da entidade. Para ele, gratidão e resiliência são as palavras que definem um hospital: “Gratidão pela vida, gratidão por encerrar um sofrimento, gratidão pela cura, que infelizmente nem sempre acontece. Somos gratos por isso. E a resiliência está em se manter funcionando frente a todas as adversidades como falta de financiamento, falta de leitos, falta de recursos e de insumos”, declarou.
O médico revelou que representar o Hospital Cruz Vermelha nessa comemoração é ato que se reveste, para ele, de um caráter pessoal, haja vista ser Pedro Grein, neto do médico Lauro Grein Filho (1921/2015), quem dirigiu a entidade por 44 anos. Em 1968, disse ele, “meu avô foi convidado a dirigir o hospital por iniciativa do doutor Aramis Taborda de Ataide (1900/1971), um dos fundadores da instituição, e lá permaneceu até 2012, quando já contava com mais de 80 anos de idade”. De acordo com Pedro Grein, seu avô Lauro Grein Filho administrou e ampliou o hospital se valendo de parcerias com instituições de ensino e outras entidades. Quando se afastou, deixou o hospital aos cuidados do médico Jerônimo Fortunato, que sempre atuou com muita competência e em favor dos profissionais.
Ele lembrou que o hospital tem destaque por realizar mais de mil cirurgias e 50 mil exames por semestre. “Essas atividades todos conhecem. O que eu gostaria de destacar é a atividade educacional e a atividade filantrópica”, disse o médico. Pedro Grein esclareceu que os hospitais-escola funcionam desde 1960 oferecendo formação em medicina, enfermagem, farmácia, radiologia e outras especialidades. E tudo começou, lembrou ele, com um curso de pronto-socorro ministrado pelo departamento feminino da Cruz Vermelha do Brasil. “Mais recentemente, passamos a oferecer residência médica de pós-graduação e graduação médica. Graças aos hospitais-escola, é possível oferecer atendimento à população".
Com relação à filantropia, Pedro Grein explicou que a Cruz Vermelha Internacional se consolidou como uma entidade filantrópica durante a Primeira Guerra, com o intuito de ajudar os sobreviventes, mas a entidade também presta auxílio à população por ocasião de tragédias naturais. “Foi o caso das enchentes em algumas cidades do Paraná durante a década de 80, como União da Vitória e Prudentópolis. Recentemente, em 2008, a Cruz vermelha também atuou nas enchentes que deixaram milhares de desabrigados no Vale do Itajaí, em Santa Catarina”, exemplificou. Segundo Grein, em Curitiba, o Hospital Cruz Vermelha realiza obras filantrópicas em todos os bairros.
Ele frisou também que atividades filantrópicas dependem de recursos financeiros e, no momento, o Hospital Cruz Vermelha de Curitiba pretende adquirir um novo tomógrafo. “Trata-se de um aparelho caro que é usado centenas de vezes no mesmo dia, beneficiando o tratamento de muitos pacientes”. Ele disse que, para angariar os recursos, a entidade promoverá um jantar beneficente no dia 1º de dezembro. “Esperamos poder contar com o apoio da população de Curitiba e de todo o Paraná”, pontuou o médico.
Ele concluiu sua fala lembrando um episódio sobre seu avô: “Lauro Grein era um apreciador e um colecionador de obras de arte, em particular as produzidas pelos pintores paranaenses. Certa feita, visitou o pintor Arthur Nísio com o objetivo de comprar um quadro, mas encontrou o artista com a saúde debilitada. Lauro Grein acolheu Nísio no Hospital Cruz Vermelha, onde ele residiu e passou por tratamentos por um ano. Durante este período, Lauro Grein montou um ateliê nas dependências do hospital para que o artista pudesse, mesmo doente, desenvolver sua arte”, contou Pedro Grein com emoção ao lembrar do gesto humano de seu avô, que além de médico destacou-se como escritor, em prol da arte paranaense. Entre as obras de Lauro Grein, que presidiu a Academia Paranaense de Letras em 2008, destacam-se “Hora de lembrar”, “Fatos que ficaram”, “Luzes da memória” e “80 crônicas de um tempo”.
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