Em audiência, especialistas apontam soluções para a mobilidade

por Assessoria Comunicação publicado 07/08/2014 18h45, última modificação 27/09/2021 07h39

O planejamento da mobilidade urbana e do transporte coletivo na capital, pelos próximos dez anos, foi o tema que pautou a audiência pública promovida pela Comissão de Urbanismo, Obras Públicas e Tecnologias da Informação da Câmara Municipal, com o objetivo de debater a revisão do Plano Diretor de Curitiba. Os encontros têm sido realizados a cada quinze dias com a participação de representantes do poder público, instituições da sociedade civil organizada, estudantes e população em geral. A revisão das diretrizes dos Planos Diretores dos municípios brasileiros é uma exigência do Estatuto das Cidades (lei federal 10.257/2001).

Na abertura dos trabalhos, o presidente da Comissão de Urbanismo destacou que a mobilidade sempre foi um campo de inovações na história do urbanismo em Curitiba, mas nos anos recentes novas condições econômicas e o aumento da densidade demográfica propuseram desafios inéditos para a cidade. A interligação dos modais de transporte e a adoção de soluções pautadas em mobilidade sustentável estão entres estes desafios.  

O primeiro palestrante foi o engenheiro civil Valter Fanini, assessor de políticas públicas do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-PR) e vice-presidente do Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (Senge-PR). Ele lembrou que Curitiba sempre foi palco de experiências bem-sucedidas, como foi o caso do Plano Agache, nos anos 40, e do Plano Serete nos anos 60, entre outras alterações que acabaram sendo adotadas em cidades por todo o mundo.

A criação dos trinários, por exemplo, implicou em se repensar mobilidade e acessibilidade, explicou Fanini. “O caso da avenida Paraná é emblemático, pois a via central demanda menor velocidade dos carros, haja vista que prioriza o comércio. As avenidas laterais, por outro lado, são eminentemente residenciais. Essa lógica até hoje é questionada, mas, de modo geral, novidades são bem absorvidas pela população”. O engenheiro concluiu dizendo que é necessário um pacto entre o poder público e a população para viabilizar as soluções de mobilidade a longo prazo, como as que serão implantadas após a aprovação do Plano Diretor.

Para Luiza Simonelli, titular da Secretaria Municipal de Trânsito (Setran), embora o número de veículos tenha aumentado, é um erro satanizar o uso do carro. “Talvez o mais adequado seja não um desestímulo ao consumo de veículos, mas uma conscientização sobre o uso racional desses veículos”. Outra questão salientada pela secretária foi o fato de que existem mais de mil pedidos para instalação de radares em diferentes locais da cidade, o que, segundo ela, significa um entendimento por parte da população das vantagens desse sistema.

Ariadne Giacomazzi Mattei Manzi, da Supervisão de Planejamento do IPPUC elencou dados gerais sobre a malha viária do município e apontou aspectos positivos de alguns projetos em andamento, como a melhoria da capacidade dos ônibus da linha Inter 2. “Outra obra que certamente vai exercer uma forte influência em toda a dinâmica do trânsito em Curitiba será a construção do terminal do Tatuquara”, destacou Ariadne.

A gestora de Mobilidade Urbana da Urbs, Olga Mara Prestes, destacou uma discrepância: a frota do transporte coletivo representa 1% dos veículos em trânsito na cidade, mas é utilizada por 45% da população. Já a frota de veículos particulares em circulação é composta por mais de 1,3 milhão de veículos, representando 82% do total. “Devemos melhorar as condições do transporte coletivo para atrair novos usuários”,destacou Olga, que também apontou os principais momentos da história do transporte coletivo em Curitiba.

Participações populares
Integrantes da plateia indicaram situações problemáticas da mobilidade em Curitiba, como a carona solidária (que poderia estimular o transporte clandestino de passageiros), as linhas ferroviárias que cruzam a malha urbana, as pesquisas de origem e destino dos ônibus, a integração dos municípios que compõem a Região Metropolitana, uso compartilhado de vias por modais distintos e políticas públicas que privilegiem alternativas sustentáveis, como acontece em outros países.

Programação vai até novembro

De acordo com a programação oficial, até novembro a Câmara de Curitiba vai promover mais sete audiências públicas. Depois do debate sobre mobilidade e transporte, o tema, no dia 22, será “habitação de interesse social e regularização fundiária”. Em setembro, a audiência da revisão do Plano Diretor vai debater a “paisagem urbana, uso do espaço público e as áreas de lazer e esporte”.

Ainda em setembro, o assunto será a Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Em outubro, serão debatidas “segurança, defesa social e cidades digitais”; e “uso do solo, zoneamento urbano e estudo de impacto de vizinhança”. A décima e última audiência pública será em novembro, com o tema “planos regionais e setores especiais”.