Em ano eleitoral, aumenta a troca de críticas em plenário
Criticando a oposição à Prefeitura de Curitiba, o primeiro-secretário da Câmara, Pedro Paulo (PDT), disse estar preocupado com o rumo das críticas à gestão: “Fiquei chocado com algumas ironias feitas em relação ao problema de saúde do prefeito Gustavo Fruet”, que teria apresentado sintomas de gripe H1N1 no fim da semana passada. “Não podemos aceitar como natural que representantes públicos desejem o pior a outros. Isso é doentio”, reclamou Pedro Paulo, ex-líder do prefeito no Legislativo.
“O clima no país está difícil, estão passa-se do limite com muita facilidade. Acaba-se na crítica pela crítica, sem apontar nenhum caminho para melhorar [a vida das pessoas]”, continuou o vereador, que se queixava, já no final da sessão plenária, do comportamento de parlamentares no Legislativo. Para Pedro Paulo, “no afã de desqualificar o prefeito, [alguns] têm exagerado no tom das críticas, pois deixam a desejar no conteúdo”. Ele listou como realizações da gestão duas novas regionais, 20 CMEIs em construção e a quitação de R$ 600 milhões em dívidas não empenhadas do prefeito anterior, Luciano Ducci.
As declarações foram respostas aos vereadores de oposição, que têm usado todos os horários regimentais da sessão plenária – pequeno expediente, grande expediente, horário das lideranças e explicações pessoais – para fazer críticas à administração municipal. O uso desse recurso regimental aumentou nesse ano, em comparação ao ano passado, por exemplo.
O primeiro orador do pequeno expediente da sessão desta segunda-feira (25) foi o vereador Professor Galdino (PSDB), que criticou pedido do Executivo à Câmara Municipal para autorização de empréstimo de R$ 102,8 milhões do Banco do Brasil (005.00013.2016). Segundo o Executivo, o recurso seria utilizado em três projetos diferentes: complementação da Linha Verde (R$ 41,77 mi), aumento da capacidade do BRT (R$ 40 mi) e da linha direta Inter 2 (R$ 21 mi). “É pra fazer média com o curitibano”, criticou.
Galdino entende que, depois de 3 anos e 4 meses de gestão, Curitiba teve poucas obras. “[Esse empréstimo] é para mostrar à imprensa que faz algo”, reclamou. “Quer fazer média e, possivelmente, pagar juros salgados ao Banco do Brasil. Os juros nem são mencionados no projeto”, alertou Galdino. “Até hoje só encontrei uma pessoa que vai votar de novo no Fruet”, disse Chicarelli (PSDC). O parlamentar comentou que ouve mais queixas que elogios ao chefe do Executivo e que conhece mais eleitores de outros pré-candidatos do que de Fruet.
“Vou falar com empresários do Uberaba para pôr, a título de doação, uma cortina na unidade de saúde, para os doentes não ficarem com sol na cara”, disse Chico do Uberaba (PMN) durante a sessão. Para o parlamentar, o caso é exemplo da morosidade da Prefeitura de Curitiba. “E agora querem [devolver ao Executivo] R$ 57 milhões?”, criticou Chico. O valor é uma referência à extinção do Fundo Especial da Câmara (leia mais). “Milhões para quem não fez nada? Pra que dinheiro, se [a prefeitura] nem certidão negativa tem?”, acusou.
Ao comentar a declaração de Pedro Paulo, Aldemir Manfron (PP) considerou que acha criticar algo normal, mas “que dar pedradas é complexo”. “Se tivesse dinheiro no Município, o prefeito deixaria de fazer algo em prol da comunidade? Quero acreditar que não”, ponderou o vereador. “Ele está concluindo obras dentro do orçamento”, defendeu Manfron. Na mesma linha, Mauro Ignácio, do PSB, e Cristiano Santos, do PV, agradeceram algumas realizações do Executivo, mas cobraram mais atuação da prefeitura nas suas regiões.
Cristiano Santos, inclusive, antes de criticar a administração do Cajuru, enalteceu o tratamento dado pela Regional do Portão às demandas dos vereadores. Mais que isso, diante de críticas de Edson do Parolin (PSDB) ao Executivo, na semana passada, dizendo que sua comunidade estava abandonada, Santos leu em plenário publicações de Edson na rede social Facebook agradecendo benfeitorias da prefeitura na área. “Gratidão é virtude de poucos”, comentou.
“Tenho que ser grato ao administrador do Portão”, respondeu Edson do Parolin, “ele é um baita cara”. “Só que na questão da segurança, tem mais a ser feito. Na minha vila, tem duas pontes para serem reformadas. Quando isso acontecer, a polícia vai poder entrar e ampliar a segurança”, exemplificou o parlamentar. Edson do Parolin tomou posse neste mês na Câmara Municipal (leia mais), após a renúncia de Valdemir Soares (PRB).
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