Eleições na Venezuela: vereadores aprovam moção contra Nicolás Maduro

por José Lázaro Jr. | Revisão: Ricardo Marques — publicado 07/08/2024 15h50, última modificação 07/08/2024 16h14
Com falas pró-democracia, vereadores aprovaram moção de protesto contra Nicolás Maduro, que acusam de fraude nas eleições da Venezuela.
Eleições na Venezuela: vereadores aprovam moção contra Nicolás Maduro

Vereadores de Curitiba acusam Nicolás Maduro de fraude nas eleições presidenciais. (Foto: Arquivo/Agência Brasil)

Nesta quarta-feira (7), a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovou uma moção de protesto contra “os atos antidemocráticos do ditador Nicolás Maduro durante a eleição presidencial na Venezuela”. Os vereadores defendem que ele “usou da força militar e policial” e praticou “atos coercitivos” para “fraudar o resultado da eleição visando se perpetuar no poder”. O debate começou na terça e foi finalizado hoje, tendo sido integralmente transmitido pelo canal da CMC no Youtube.

“Após a morte de Hugo Chávez, Nicolás Maduro assumiu o controle do país, sistematizando o regime ditatorial: perseguindo opositores por meio da força militar e do controle judiciário, cassando os poderes políticos daqueles que fazem oposição ao seu governo. Aqueles que acreditam na democracia não devem se calar, não devem fingir que nada está acontecendo”, defendeu Alexandre Leprevost (União), autor da proposição (413.00002.2024).

Não houve quem defendesse Maduro durante os debates na CMC. Ambos os vereadores do PL apoiaram a moção de protesto, com Eder Borges defendendo que “todas as Casas Legislativas devem repudiar a situação de calamidade que vemos na Venezuela” e Rodrigo Reis criticando o Governo Brasileiro que “até o momento não contestou as eleições na Venezuela”.

As vereadoras do partido Novo opinaram no mesmo sentido, com Indiara Barbosa afirmando que, “pelas evidências dos organismos internacionais, existem fortes indícios de fraudes nas eleições”, e Amália Tortato apontando que “somente Rússia e China reconheceram a ‘vitória’ dele [Maduro] nas eleições, nenhum outro país sério fez isso”.

“É inadmissível o que está acontecendo com o povo venezuelano. As igrejas evangélicas têm recebido muitos imigrantes, têm ajudado, mesmo sem serem da religião, e eles estão desesperados, porque seus parentes estão lá [na Venezuela]”, relatou Ezequias Barros (PRD). Com a votação de hoje, a CMC já aprovou 11 moções em 2024. Elas são votadas na segunda parte da Ordem do Dia, em turno único, estando à disposição para os vereadores se posicionarem publicamente sobre acontecimentos locais, nacionais ou mesmo internacionais. 

Entenda as denúncias de fraude nas eleições venezuelanas de 2024

Nikolás Maduro dirige a Venezuela desde março de 2013, quando assumiu o cargo após a morte de Hugo Chávez. A continuidade da sua presidência foi posta à prova no último dia 28 de julho, quando a população foi às urnas para escolher entre ele e Edmundo González Urrutia, representando a oposição. Maduro declarou-se vencedor no dia seguinte e, em 2 de agosto, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) disse que o resultado, com a apuração em 93%, era de 51% para Maduro e 43% para Urrutia.

As denúncias de fraude estão embasadas na demora do CNE em fornecer as atas eleitorais, utilizadas na totalização dos votos, que só foram entregues à Justiça venezuelana mais de uma semana depois do anúncio do resultado. Neste ínterim, cópias de partes desses documentos foram divulgadas pela oposição, colocando em dúvida o resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral. A Organização dos Estados Americanos (OEA) e a União Europeia não reconheceram o resultado.

Após Maduro ter se declarado reeleito, no dia 29, vem ocorrendo protestos na Venezuela contra sua reeleição, noticiados pela imprensa internacional. Segundo a ONG de direitos humanos Provea, 24 mortes de civis já ocorreram durante as manifestações, que tem sido reprimidas pelo regime de Maduro.


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