Eleições 2016: Descomplicamos o quociente eleitoral para você votar consciente
E se no futebol os pontos conquistados pelo seu time fizessem do seu rival local o campeão do Brasil? Torcer pelo Coritiba e, depois de tantos jogos, ajudar o Atlético a ser campeão brasileiro. Ou os times da capital terem seus gols aproveitados para fazer do Londrina o melhor do país, ou o Operário de Ponta Grossa, ou o Rio Branco de Paranaguá, ou o Maringá, ou até o Combate Barreirinha. Pode parecer confuso, até porque esses times jogam em divisões diferentes, têm histórias e torcidas próprias, mas é assim que uma eleição proporcional funciona.
O truque para entender como a disputa pela Câmara de Vereadores funciona é uma regra chamada quociente eleitoral. E ela é mais simples que a regra do impedimento. Imagine que vai ser campeão brasileiro o time que marcar primeiro 100 gols no ano, só que os Estados competem entre si. Os gols do Paraná contam juntos, os de São Paulo também, de Pernambuco idem. Nesse exemplo, cada Estado equivale a um partido político. Os times estaduais são os candidatos de cada chapa.
Então no partido do Paraná, temos como candidatos os times já listados: Coxa, Atlético, Paraná Clube, Fantasma, Tubarão, Maringá e Combate. Digamos que o ano foi bom para as nossas agremiações e cada uma delas marcou 12 gols, menos o time do Barreirinha, que superou os rivais estaduais e fez 28. Somados, eles bateram a marca dos 100 gols, mas não podem ser todos campeões. A taça vai apenas para um, que é o que mais marcou durante a eleição. Desta forma, o eleito pelo estado do Paraná seria o Combate Barreirinha, porém com a ajuda de seus “adversários”.
Os 100 gols são a meta a ser batida, o quociente eleitoral. Cada chapa inscrita na eleição proporcional quer obter esse resultado – e, pra sorte delas, não é apenas uma vaga de “campeão” que está em jogo, mas 38 cadeiras na Câmara Municipal que estão em disputa. Em 2012, cada vereador eleito representou 24 mil votos – e nenhum deles fez tudo isso sozinho. Foram os times da chapa, os rivais dentro do mesmo partido ou coligação, que ajudaram a elegê-los.
De volta pro nosso exemplo, se o Fantasma tivesse feito 189 gols e o Rio Branco apenas 11, os dois teriam sido vereadores, pois os 200 gols somados equivalem a dois quocientes eleitorais. Não importa como as chapas obtém o resultado, nem as combinações de votos obtidas entre os candidatos. Atingiu um quociente, ganhou uma cadeira. Mas tem um detalhe que deixa a disputa ainda mais emocionante: a gente só descobre quantos gols precisa marcar depois que o campeonato terminou. Depende dos votos válidos.
É preciso saber quantas pessoas efetivamente votaram, descontando os nulos e brancos, para obter o quociente – que não passa da divisão desse número pela quantidade de vagas existentes. Em números aproximados, na última eleição municipal em Curitiba, no ano de 2012, foram 900 mil votos válidos divididos em 38 cadeiras, daí os 24 mil por vaga. Esse foi número de gols que seu Estado precisou marcar durante a eleição para pôr um time na Câmara de Vereadores. O time? O time quem escolhe é você.
Mínimo de gols
Só dá para entender a “invenção” das eleições deste ano se olharmos de novo para 2012. Naquele ano, o quociente foi de 24 mil votos, então por essa nova regra só podem disputar uma vaga os candidatos que obtiverem pelo menos 10% disso – 2,4 mil votos. Ou, descomplicando com o futebol, se a meta são 100 gols e na chapa tem 12 times, caso todos marquem 9 gols na temporada, não adiantou nada. Fizeram 108, mas nenhum superou o mínimo de 10%.
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba