Educadores debatem gestão da escola pública

por Assessoria Comunicação publicado 02/06/2011 19h15, última modificação 10/08/2021 09h06
Apenas eleições diretas não são suficientes para democratizar a gestão da escola pública. A afirmativa foi consensual no seminário promovido pela vereadora Professora Josete (PT) nesta quinta-feira (2), no auditório do Instituto Federal do Paraná (IFPR), em Curitiba. Cerca de 100 educadores assistiram às palestras.
"O processo democrático precisa do controle do poder. Precisa de mecanismos para estabelecer que ninguém tenha tanto poder a ponto de virar um déspota. Isso vale para o presidente, para o secretário de Educação, para o diretor de escola, mas também vale para o professor, dentro de sala de aula", afirmou a diretora do Setor de Educação da UFPR, Andrea Caldas, uma das palestrantes do evento.
Em fala durante o seminário, Professora Josete concordou. "Minha visão, pelo menos em Curitiba, é que gestão democrática se limitou à eleição para diretor. Esse é o único momento em que debatemos dentro da escola. É pouco", afirmou.
Para Andrea, essa falta de interesse pelo jogo político no período entre eleições se deve ao fato do Brasil ainda não ter perdido todo o seu ranço autoritário. "Nós ainda temos uma relação mítica com o governante. Elegemos e ponto. Ou amamos ou odiamos. Ainda temos uma relação infantil com o poder, inclusive na escola. Até porque a democracia brasileira é muito recente", complementou Andrea Caldas.
A professora da UFPR também ponderou que o ritmo das mudanças dentro do processo democrático não deve servir de desestímulo à construção de uma escola plural. "Às vezes a gente tem pressa para que as coisas aconteçam. Mas a democracia exige paciência".
Para ela, gestão democrática da escola pública tem como pré-requisito o envolvimento da comunidade como um todo. "Democratizar a escola não quer dizer que professores, funcionários e estudantes se tornaram donos da escola. Quer dizer que eles, juntos com a sociedade, vão tomar decisões. Afinal, precisamos prestar contas".
Outra palestrante, Rosimary de Matos, secretária de Educação de Embu das Artes (SP), defendeu a articulação entre a comunidade escolar como força para pressionar governantes por melhorias educacionais. "Não adianta ficar apenas no muro de lamentações. Precisa ir para a segunda parte. Se precisar tem que ir para uma greve e parar tudo. Se todo mundo sentar na mesa de negociação unido, o peso é outro", disse.
Para Nora Lúcia Machado Klingelfus, secretária municipal de Educação de Arroio do Sal (RS), que também colaborou com a administração Tarso Genro na prefeitura de Porto Alegre, dificuldades com o financiamento da educação precisam ser levadas em conta, mas não devem ser desculpa para endurecimentos políticos. "Nós podemos, sim, trabalhar a participação dentro da sala de aula, independente da escola. Não adianta, por exemplo, chamarmos os pais para a gestão da escola, se não somos democráticos dentro da sala".
Plano
Andrea Cladas falou também sobre o Plano Nacional de Educação (PNE), que atualmente é discutido pela sociedade brasileira. Para ela, o plano é importante para que as políticas educacionais não fiquem sujeitas aos humores dos governantes. "A capacidade que o governo tem de desfazer tudo e fazer tudo de novo, em uma sucessão, precisa ser relativizada pelo controle social", avaliou.
Ela ainda elogiou o debate em torno do PNE. "A mobilização do PNE está me impressionando. O Brasil inteiro está discutindo, as pessoas estão querendo discutir e estão acreditando". "Digo a vocês que os planos estaduais e municipais serão ainda mais importantes. De certa forma, estamos ensaiando", concluiu.