Dois projetos voltados à inovação em Curitiba são anunciados na Câmara
Audiência pública "Curitiba e o seu ecossistema de inovação" foi realizada no auditório da CMC. (Foto: Bruno Slompo/CMC)
A oferta de aulas gratuitas sobre uso de Inteligência Artificial para professores da capital do Paraná e a criação de um roteiro turístico para quem deseja conhecer os projetos de inovação da cidade de Curitiba foram os dois projetos anunciados, nesta quarta-feira (24), durante a audiência pública realizada pelos vereadores Herivelto Oliveira (Cidadania), Amália Tortato (Novo), Bruno Pessuti (Pode) e Pier Petruzziello (PP) na Câmara Municipal de Curitiba. A iniciativa reuniu especialistas da área da Inovação e os organizadores do evento Connect Week 2024, que será realizado de 14 a 23 de junho.
“Moldamos a audiência pública sobre inovação em Curitiba para integrar a Câmara de Vereadores a esse debate, com vistas à realização do Connect Week 2024”, explicou Herivelto Oliveira, presidente da Frente Parlamentar da Inovação na CMC. “Antes de 2018, eu tinha pouco contato com o que acontecia na cidade em termos de tecnologia, mas neste ano eu fui convidado para apresentar o Smart Cities e, a partir dali, meus olhos se abriram para esse mundo”, comentou o parlamentar.
Connect Week 2024: expectativa é público de 100 mil pessoas em Curitiba
“Temos muitas iniciativas de inovação no Paraná, mas ele não é reconhecido como deveria. Se você for a São Paulo, e perguntar qual é o estado mais inovador do Sul, vão dizer que é Santa Catarina, mesmo que o Paraná tenhas mais ativos e mais investimentos na área”, disse, na audiência pública, Itamir Viola, por trás da realização do Connect Week 2024. Empreendedor do setor de tecnologia há 32 anos, CEO do Techinvestor e presidente da Via Soft, ele defendeu que eventos como a Connect Week podem reposicionar o Paraná no cenário nacional.
“A Connect Week 2024 é um grande projeto, pensado para ser uma Festa da Inovação. Serão 120 eventos, durante uma semana, de 14 a 23 de junho, com expectativa de público de 100 mil pessoas. Bloqueiem suas agendas e escolham do que participarão”, adiantou Itamir Viola, que agradeceu ao Governo do Paraná, ao Sebrae e à Câmara de Curitiba pelo apoio na organização. Os vereadores organizaram uma emenda coletiva, no valor de R$ 170 mil, para apoiar a infraestrutura do evento na capital do Paraná (308.00640.2023).
“Não é coisa de bairrismo [querer ser reconhecido como Estado do Sul que mais investe e estimula a inovação]. Nós precisamos andar mais rápido, fazer muito mais coisas. A área da inovação é a terceira guerra mundial. Quando você vai para qualquer grande evento no exterior, vê que os países estão investindo pesado na inovação. No futuro, os países que inovarem mais serão os países socialmente justos”, alertou.
A fala foi seguida pelo depoimento do deputado estadual Fábio Oliveira (Pode), presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação da Assembleia Legislativa do Paraná, que deu o exemplo da interiorização da internet no Paraná. “O maquinário já tem tecnologia embarcada, pronta para usar, mas só se tiver internet. Se tiver, a colheitadeira vai dizer como corrigir o ângulo para aumentar a produção. É por isso que o governo está investindo em conectividade rural, com 116 antenas, com foco no aumento da produtividade e na redução do êxodo rural”, adiantou.
Curitiba tem 7.800 empresas de tecnologia, diz secretário de IA
O secretário extraordinário de Inteligência Artificial de Curitiba, Dario Paixão, à frente da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação, definiu os dias de hoje, na audiência pública, como sendo “um momento crucial da sociedade”. “Curitiba tem 420 mil empresas, das quais 7.800 são techs, do ramo da tecnologia, além de 500 indústrias instaladas no CIC. São muitos interesses e muita gente querendo que esse novo momento dê resultado”, avaliou. Ele destacou o serviço Invest Curitiba, com dados atualizados sobre a cidade, para fomentar a atração de negócios.
“Temos que fazer o marketing da cidade, para atrair empresas e talentos, porque estamos sempre colaborando e competindo, ao mesmo tempo, com as outras cidades. É por isso que estamos incentivando a inovação aberta em Curitiba. As pessoas vão poder dizer que aqui, no Vale do Pinhão, além da criatividade, estamos proporcionando negócios, contratos, novos produtos”, defendeu Dario Paixão. Ele destacou os planos, que serão deixados pela gestão atual, de fazer do bairro Rebouças um distrito de inovação, à semelhança do 22@ em Barcelona (Espanha), The Wharf em Washington DC (EUA) e Digital City em Riade (Arábia Saudita).
Agradecendo a Câmara de Curitiba pelo apoio à estrutura das bases legais para a inovação em Curitiba, Dario Paixão anunciou que está em negociação a aprovação da norma que dará para a cidade o instrumento do sandbox regulatório. Nesse modelo, regras podem ser temporariamente suspensas para que um produto ou serviço seja testado por empreendedores certificados pela Prefeitura de Curitiba. “Precisamos de uma legislação forte e competente, que é o que os vereadores têm feito aqui”, registrou.
Inteligência artificial e Turismo de Inovação: projetos são lançados na CMC
Compondo as exposições, os professores universitários Kristian Capeline e Luiz Pinheiro, da Universidade Positivo (UP), anunciaram a oferta de cursos gratuitos sobre uso de Inteligência Artificial. Eles serão ministrados mensalmente, com duração de três horas, por estudantes de doutorado da UP, “para formar professores e educar Curitiba com Inteligência Artificial”, anteciparam, avisando que o lançamento oficial ocorrerá no final de maio, no 17º Congresso Internacional de Cidades Educadoras. “Já superamos a ‘vergonha do uso’ nas escolas, então agora temos que descobrir o que podemos fazer além disso”, disse Pinheiro.
Capeline deu exemplos de oficinas e da própria UP, onde a pesquisa dos dois já é utilizada para o planejamento de aulas, atividades de condução das aulas, atividades pós-aula, atividades de incentivo de uso dos robôs pelos alunos para o mercado de trabalho e para a vida pessoal. “O desafio é que o aluno precisa ter um papel mais ativo”, ponderou o pesquisador, que aposta no letramento digital como oportunidade de mudança social e deu, na audiência pública, o exemplo de uma professora que atualizou sua didática com estudantes autistas por meio do contato com a Inteligência Artificial.
O outro lançamento foi feito pela presidente do Curitiba Convention & Visitors Bureau, Gislaine Queiroz, que apresentou a proposta de criação do Roteiro de Inovação da Cidade de Curitiba. “A capital do Paraná é o terceiro destino do turismo de negócios no Brasil, atrás de São Paulo e Rio de Janeiro, o que coloca a cidade bem posicionada para investir no Turismo de Inovação”, argumentou, apontando que a cidade tem uma rede hoteleira boa, novos voos internacionais conectando Curitiba às capitais da América Latina e um preço baixo para a ponte aérea com a capital paulista. “A inovação é um motivo para vender Curitiba, trazendo mais eventos e negócios, para que a cidade cresça mais”, disse.
Alma digital e contratos com o poder público: abordagens para a inovação em Curitiba
Dando uma visão mais abrangente do ecossistema de inovação em Curitiba, a CEO do Condor Connect e presidente do Instituto DNA, Kauana Yrina, destacou a importância do preparo pessoal para a construção de uma “alma digital”, porque “é necessário ter as competências exigidas para aproveitar tudo que o digital permite, desenvolvendo cada vez mais ideias e conceitos colaborativos”. “Inovação são pessoas e nós não fomos educados para ter uma alma digital, daí temos que aprender rápido e isso causa desconforto”, alertou a especialista.
Há dez anos no mercado da inovação, a consultora Marcela Milano participou da audiência pública e apresentou o panorama das discussões sobre as cidades se tornarem hubs desse novo setor da economia. “Inovação abre caminho para as comunidades serem cada vez mais saudáveis, mais diversificadas, mais conectadas e mais produtivas, gerando benefícios sociais e econômicos para todos. Só que a gente não pode ficar restrito a uma única bolha social, temos que alcançar pessoas de todos os perfis”, cobrou a pesquisadora.
Marcela Milano colocou como eixos de ação para os hubs de inovação que eles devem ter um propósito claro, parcerias estabelecidas, capital e financiamento, talentos e comunidade, infraestrutura, diversidade e inclusão. Ela disse que o poder público tem um papel fundamental na construção dessa cultura, já que pode utilizar a ferramenta jurídica da compra pública de inovação, na qual abre um chamamento para que as empresas apresentem soluções para uma necessidade identificada pelo administrador. “Isto é muito inovador e hoje existe segurança jurídica para que aconteça de forma segura”, disse.
Confira as fotografias do evento no perfil da CMC na rede social Flickr, clicando aqui.
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