Discussão sobre caso da Igreja do Rosário opõe vereadores em plenário
Marciano Alves, Osias Moraes e Ezequias Barros de um lado, Renato Freitas do outro, voltaram a tratar da Igreja do Rosário. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)
Autores de uma representação contra Renato Freitas (PT) por causa do episódio da Igreja do Rosário, Marciano Alves (Solidariedade) e Osias Moraes (Republicanos) retornaram ao assunto nesta quarta-feira (6). Eles e Ezequias Barros (PMB) utilizaram o espaço do início da sessão plenária, na Câmara Municipal de Curitiba (CMC), para pedir que o Conselho de Ética puna Renato Freitas no âmbito do Processo Ético Disciplinar (PED) 1/2022. Eles disseram que as falas eram uma alusão à passagem de 60 dias do episódio.
O Pastor Marciano Alves disse se tratar de um exemplo de cristofobia a “invasão da igreja” - como ficou conhecido o episódio, no dia 5 de fevereiro, quando um ato contra o racismo, do lado de fora da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, terminou com a entrada dos manifestantes no templo religioso. Dizendo que o pedido de desculpas de Freitas não foi sincero, Ezequias Barros afirmou que Freitas devia ser punido por suas “incoerências”. Osias Moraes reiterou as críticas e disse que mostraria como o padre foi coagido na ocasião e que a missa foi abreviada em 20 minutos em razão da manifestação.
Renato Freitas ingressou na discussão criticando a “política de fabricação de mentiras em nível industrial", destacando a presença de pastores evangélicos no escândalo recente do Ministério da Educação (MEC), com a suspeita de tráfico de influência para liberação de recursos do FNDE, e pondo em dúvida a sinceridade do apoio da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) à Igreja Católica, ao lembrar uma cena, de 1995, quando um membro da congregação chutou a estátua de uma santa dentro do templo.
O tema voltou ao plenário após a Ordem do Dia, quando o vereador Osias Moraes pediu a exibição de um vídeo interno da Igreja do Rosário, no qual o padre à frente da cerimônia se queixa de sons vindos do exterior do templo. As imagens não foram exibidas até o fim, pois protestos em plenário à continuidade dessa discussão levaram o presidente da CMC, Tico Kuzma (Pros), a suspender a sessão e chamar uma reunião entre líderes e membros do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Antes, Kuzma já tinha advertido aqueles vereadores sobre a escalada do tom da discussão.
Decorridos 15 minutos, a sessão foi retomada, com o pedido de Osias Moraes para que o vídeo da Igreja do Rosário fosse interrompido “para não macular o processo [em andamento no Conselho de Ética]”. “Eu vou pedir que retirem o vídeo da minha fala, porque nós, com os líderes desta Casa, e com o vereador Renato Freitas, que estava junto, chegamos a um ponto comum, que esse processo jamais pode ser maculado. Vou deixar, exclusivamente, para o Conselho apurar”, disse.
A decisão de Moraes, de não retomar hoje a discussão do PED 1/2022 em plenário, foi elogiada pelo presidente do Conselho de Ética, Dalton Borba (PDT). “Quero agradecer a compreensão dos vereadores e parabenizar a postura dos vereadores Osias Moraes e Renato Freitas [de não prosseguir com o tema]. Temos que manter o bom senso para que o Conselho observe todos os fatos e provas”, disse o parlamentar, prometendo um “julgamento técnico” e “despido de influência de qualquer parte que seja”.
No âmbito do PED 1/2022, foram ouvidas sete testemunhas da defesa e está agendada nova sessão do Conselho de Ética, na próxima segunda-feira (11), a partir das 14h, para a tomada de novos depoimentos. Nessa data, está prevista a oitiva do vereador Renato Freitas. Todas as notícias relacionadas ao processo estão disponíveis em página específica no portal da CMC na internet (consulte aqui).
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba