Discussão sobre água gratuita em bares é adiada por 20 sessões

por Assessoria Comunicação publicado 26/04/2016 13h25, última modificação 06/10/2021 09h29
Nesta terça-feira (26), foi adiada por vinte sessões a votação em primeiro turno do projeto de Julieta Reis (DEM) que torna obrigatório aos estabelecimentos comerciais o fornecimento de água potável filtrada aos clientes que solicitarem (005.00163.2015). O pedido partiu da autora do projeto que, após receber uma carta da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) sobre o tema, alegou a necessidade de um maior aprofundamento.

Ela lembrou também que a Comissão de Saúde, Bem-Estar Social e Esporte sugeriu que o projeto abrangesse todos os estabelecimentos que comercializam alimentos, e não apenas bares e restaurantes. A sugestão se converteu num substitutivo geral (031.00055.2015).

A ideia do projeto é que os bares e similares forneçam água potável de forma gratuita aos clientes que pedirem, oportunizando assim um hábito de vida mais saudável. De acordo com Julieta, a essência do projeto consiste em criar uma cultura da gentileza entre estabelecimentos e consumidores. “Isso existe em muitos lugares do mundo como Estados Unidos e países da Europa, por exemplo”. O descumprimento tornaria o estabelecimento sujeito às sanções previstas pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC).

Julieta destacou o parecer positivo ao projeto emitido pelo vereador Bruno Pessuti (PSD) na Comissão de Legislação, Justiça e Redação que confirma a validade do mérito do projeto e também nega que ele possa trazer custos adicionais aos estabelecimentos. Mas não é essa a posição da Abrasel que enviou uma carta à vereadora com alguns argumentos contrários ao projeto.

“Nesta carta”, diz Julieta, “a Abrasel fala em crise e que esse projeto poderia ser o empurrão final para que os estabelecimentos fechem suas portas. Não cremos neste argumento, mas em respeito a essa instituição, pedimos adiamento do projeto por 20 sessões”.

Sabino Picolo (DEM) concorda com Julieta: “gentileza gera gentileza. Uma prática simples, adotada em muitos lugares do mundo, que pode ser positiva para os estabelecimentos e para os clientes”. O vereador lembrou que no Brasil a água é abundante: “na Europa, vende-se uma água de boa qualidade, mas caríssima. E mesmo assim os estabelecimentos fornecem água filtrada a quem pede”.

A mesma ideia foi partilhada por Bruno Pessuti. “Encaminhei favoravelmente porque acredito que a água deva ser tratada como um item indispensável à vida”, declarou Bruno, que complementou:“se os funcionários do estabelecimento bebem água potável porque ela não pode ser fornecida aos clientes?”

Professora Josete (PT) disse que realmente há projetos e legislações que interferem na atuação dos estabelecimentos comerciais, como é o caso do que proíbe o uso de telefones celulares em agências bancárias. “Mas esse projeto do fornecimento de água mineral aos clientes é interessante”. De acordo com Josete, existem filtros que custam de R$70 a R$80: “não creio que isso represente uma despesa substancial para um restaurante. A Abrasel reclamaria independente da crise econômica e, como nós todos sabemos, essas crises passam”, entende Josete.

Entendimentos contrários
Felipe Braga Côrtes (PSD) lembrou que quando o projeto foi para a Comissão de Legislação, seu voto foi pelo arquivamento. “Muitos projetos são bem-intencionados, mas interferem diretamente na iniciativa privada criando custos. Não cabe fazermos uma regra dessa natureza”. Para ele a discussão é válida, mas se o projeto for aprovado, vai ser vetado pelo prefeito. Braga Cortes sugeriu, então, adiamento ou retirada da proposta

Dirceu Moreira (PSL) e Mauro Ignácio (PSB) também se manifestaram contrariamente ao projeto. De acordo com Moreira, se os restaurantes vendem água [alguns até com ph elevado], não cabe aos vereadores obrigarem o fornecimento gratuito. Ignácio destacou que é necessário um maior debate com os representantes do comércio, já que “todos os custos são repassados aos clientes. Devemos saber se essa necessidade é, realmente, imperiosa”.