Depressão é principal causa de suicídios

por Assessoria Comunicação publicado 18/10/2005 18h30, última modificação 02/06/2021 09h46
"A idade média para ter depressão inicia aos 14 anos. Quanto mais precoce, mais séria é a doença. E foi derrubado o mito que a depressão não atinge crianças e adolescentes." A análise é da psicóloga Lídia Weber, professora da Universidade Federal do Paraná, que participou do I Seminário sobre Estresse, Depressão e Suicídio, nesta terça-feira (18), na Câmara de Curitiba. Profissionais e estudantes da área da saúde mental estiveram reunidos para discutir o assunto, a convite do vereador Aladim Luciano (PV), organizador do seminário, com realização do Instituto de Educação Ambiental e Desenvolvimento Humano Gaia Vitae.
Em sua palestra sobre "Estresse, depressão e suicídio nas diferentes faixas etárias", Lídia Weber disse que de 3% a 10% dos adolescentes podem ser diagnosticados como deprimidos. Este índice salta para 15% na Região Metropolitana de Curitiba. Na sua opinião, a pressão e cobrança da sociedade sobre padrões de beleza, por exemplo, aumentam os casos de adolescentes depressivos. Mas, há outros fatores de risco, como filhos de pais deprimidos que não tiveram tratamento; separação ou perda de um dos pais, demissão, fumo, abuso e negligência.
Suicídio
A depressão é a principal causa de suicídio. Pesquisas apontam que 23% a 27% dos adolescentes pensam em se matar. E 3% tomam a iniciativa. Estudos recentes mostram que mais de 20% dos jovens têm problemas emocionais e 1/3 daqueles que buscam tratamento em clínicas têm depressão. "Os números são alarmantes", diz a psicóloga, dizendo que na última década houve aumento de 200% nas questões ligadas à crise depressiva. Lídia Weber comentou, ainda, os sintomas para identificar os depressivos, as formas de proteção, mitos e verdades, práticas educativas, modelo de pais e fatores de risco.
O seminário foi prestigiado pelo prefeito Beto Richa (PSDB), o presidente da Câmara, vereador João Cláudio Derosso (PSDB); o líder do prefeito, vereador Mario Celso Cunha (PSDB); o secretário municipal de Assuntos Metropolitanos, Rui Hara, Eliane Regina da Veiga Chamatas, diretora do Centro de Informações em Saúde, representando o secretário municipal da Saúde, Michele Caputo Neto, e o presidente do Instituto de Educação Ambiental e Desenvolvimento Humano Gaia Vitae, Jackson Torres Pereira. Também os vereadores Angelo Batista (PP), Zé Maria (PPS) e Paulo Salamuni (PV).
O prefeito Beto Richa parabenizou a iniciativa do evento, enfatizando a gravidade do problema e a necessidade de participação das pessoas. “Todos podemos contribuir para afastar estes males e ter uma vida mais harmoniosa e feliz, começando pelos mais próximos, como família e vizinhos”, disse. Aladim Luciano (PV) disse que temos o dever de dar à saúde mental a atenção merecida. “Com este evento temos a oportunidade de receber informações, que vão orientar a busca de estratégias para combater estas situações”, afirmou.
Palestras
A psicóloga do Centro de Valorização da Vida (CVV) Sizumi Suzuki iniciou o ciclo de palestras, pela manhã, falando sobre o tema “Estresse, depressão e suicídio: o que é? Como se relacionam?” e afirmou que não podemos ser passivos, temos que ser protagonistas da nossa própria vida. “Quem não tem tempo para ser feliz tem tempo para ficar doente e isso depende de nós, somos 100% responsáveis por nossas escolhas”, disse. Sizumi também falou sobre o suicídio como fator que não é apenas conseqüência da depressão, mas que começa muito antes. “A tendência suicida pode surgir até mesmo na vida intra-uterina, numa gravidez indesejada, por exemplo”, afirmou.
A segunda palestra do dia, sobre “Drogadição como agente causador de estresse, depressão e suicídio (passivo)”, foi proferida pela neuropsicóloga e pesquisadora Mary José Cardoso Alcântara. Mary trouxe dados sobre drogas depressivas e estimulantes, fatores que podem levar ao suicídio (ruptura de relacionamentos, uso de drogas, pobreza, entre outros), além de relatos e dicas de livros sobre o assunto. “Não podemos pensar que estes problemas estão longe da gente. Eles estão ali na esquina, aos olhos de todos”, concluiu.
O seminário foi encerrado após mesa redonda com os participantes e convidados.