Denominação e utilidade pública aprovadas em 1º turno

por Assessoria Comunicação publicado 29/08/2017 14h45, última modificação 21/10/2021 07h06

Além de regras de acessibilidade às agências bancárias, a Câmara de Curitiba aprovou em primeiro turno, nesta terça-feira (29), uma denominação de logradouro público como Moêma Espinola Araújo, médica falecida em abril de 2014, e a utilidade pública municipal à Casa Pró-Vida Mãe Imaculada, de acolhimento e suporte a gestantes. Os projetos para a concessão da homenagem póstuma e da declaração são, respectivamente, de iniciativa dos vereadores Maria Leticia Fagundes (PV) e Tito Zeglin (PDT).

A proposta de lei (009.00019.2017), de Maria Leticia, foi acatada com unanimidade, com 26 votos favoráveis. “Eu conheci a doutora Moêma, uma mulher corajosa, determinada. O trabalho que ela fez foi gigante. Uma construção progressiva, mas discreta, enfrentando problemas de saúde durante sua vida”, defendeu a autora. A parlamentar destacou a luta da homenageada pelas pessoas que tinham alguma deficiência – a da médica era visual.

“A Moêma foi uma dessas mulheres que entendia seu papel na sociedade como agente transformador e formadora de opinião”, continuou. A vereadora leu trecho da autobiografia da médica: “Quando nasci faltou luz no hospital. Na confusão, no escuro, resolvi nascer sozinha, sem a ajuda do médico. E ali estava traçado, seria deficiente visual”. Segundo Maria Leticia, “ela se tornou diabética, e há 50 anos o manejo era muito difícil, mas foi uma lutadora, formou-se no Magistério e em Medicina [pela Universidade Federal do Paraná]”.

Aos 22 anos, no 4º ano de curso de Medicina, Moêma engravidou. “Ela desenvolveu glaucoma, tornou-se completamente deficiente visual. Mas pensam que desanimou? Procurou o Instituto Paranaense de Cegos e a Associação dos Deficientes Visuais do Paraná [Adevipar], fez aulas de braille e locomoção, estava independente. Depois de passar esse trauma, voltou à faculdade”, contou a vereadora. “Daí vi uma das coisas mais bizarras da Medicina, teve que se submeter a comitês, porque a faculdade nunca havia enfrentado essa situação. Incansável, submeteu-se a todos os testes, passou em todos eles. Ela se formou sim, em 1987. Claro que diploma foi concedido na Justiça, mas foi feita justiça.”

Em 1992, Moêma Espinola Araújo foi candidata a vereadora de Curitiba pelo PST (Partido Social Trabalhista). Suplente, não assumiu a cadeira. Recebeu homenagens na Câmara, como o troféu Cidade Sorriso, em 2002. Fez parte do Conselho Científico do Instituto Pró-Renal de Curitiba, dentre outras frentes de apoio à saúde e à pessoa com deficiência. “Também era uma poeta. Escreveu versos, textos e logo teremos livros. Prefaciou outros, como o "Deficiência Visual na Escola Inclusiva", de Carlos Fernando França Mosquera. Melhor para falar sobre Moêma seria a família. Tenho aqui algumas palavras de seu filho”, completou. Para Leandro Espínola Araújo, sua mãe “contribuiu para derrubar barreiras, com fé, luz e energia”.

Maria Leticia concluiu que a homenageada “acreditava na determinação, mas acho que muito mais no amor, porque suas vulnerabilidades a tornaram muito mais forte. Temos que trazer mulheres à luz desta Câmara”. Também acompanharam a votação dois primos de Moêma, Piratan Araújo Filho e João Fernando Araújo Bittencourt.

Noemia Rocha (PMDB) fez o primeiro aparte: “É apaixonante ouvir a história dela. A doutora via além de nossos olhos carnais. Isso é fé. Isso resume, nos empolga. Isso é ser mulher, guerreira”. Julieta Reis (DEM) defendeu que os nomes de logradouros “significam a história da cidade, pessoas que deixaram exemplos”. “A todos que têm vontade de desistir, não desistam nunca”, apontou Maria Manfron (PP). Ezequias Barros (PRP) ponderou que é contra cotas para denominações, mas que “devemos sim buscar nomes de mulheres que fizeram a diferença em nossa cidade”.

Casa Pró-Vida
A declaração de utilidade pública municipal à Casa Pró-Vida Mãe Imaculada também passou em primeiro turno unânime, com 25 votos (014.00027.2017). Fundada em 2012 pelo padre Sílvio Rodrigues Roberto, da Congregação dos Padres Marianos, ela funciona no bairro Sítio Cercado e é inspirada em organizações do exterior.

O autor, Tito Zeglin, destacou que a entidade “atende mulheres grávidas, em crise, oferecendo abrigo e suporte”. “Esta casa foi criada com o objetivo de propagar ações que defendam o direito à vida, que reconheçam o valor da maternidade. Ela recebe todas as pessoas, independentemente de credo ou qualquer outra distinção”, explicou. “O papa Francisco disse, recentemente, que uma vida salva não tem preço.”

De acordo com informações do website da Casa Pró-Vida Mãe Imaculada, a entidade ainda acolhe mulheres “que já abortaram e necessitam de cura interior” e oferece “educação contínua para formar divulgadores da cultura da vida e apoio às paróquias e outras instituições interessadas”. “Quantos anônimos também que estão aí e desenvolvem ações [de voluntariado”, complementou Zeglin.

Nos apartes ao autor, Mauro Ignácio (PSB) destacou o trabalho da organização e de outras entidades ligadas à Igreja Católica, como o Instituto Betânia, e a “importância de fazer bem ao próximo”. “Temos grandes trabalhos sim, assim como os evangélicos”, acrescentou Zezinho Sabará (PDT). Maria Manfron (PP) participou do debate na mesma linha.

“Temos realmente que mostrar isso à sociedade. Como diz Jesus, temos que olhar nosso semelhante”, declarou Barros. Para Osias Moares (PRB), o trabalho da Casa Pró-Vida “pode avançar ainda mais” com a utilidade pública. Thiago Ferro (PSDB) argumentou que é importante “defender a vida desde sua concepção”.