Declarações de empresário no plenário causam polêmica
Convidado por Noemia Rocha (PMDB), o empresário Markenson Marques, fundador da empresa de transporte de carga Cargolift, falou aos vereadores no plenário da Câmara de Curitiba nesta quarta-feira (30). Famoso por ter adesivado parte de sua frota de caminhões com mensagens de apoio ao projeto de iniciativa popular votado nesta madrugada pelos deputados federais, as “10 medidas contra a corrupção”, ele fez críticas aos políticos.
“Eu me envolvi pessoalmente nessa campanha e estive em Brasília para entregar o projeto. No discurso lá, pedi que fosse votado sem alterações”, contou. Para Marques, as mudanças introduzidas pelos políticos “assassinaram mais de dois milhões de brasileiros”, em referência às assinaturas no projeto de iniciativa popular. Ele chegou a dizer que o ocorrido era uma tragédia das mesmas proporções que a queda do avião da Chapecoense (leia mais).
Logo após defender as “10 medidas contra a corrupção” o empresário disse que os vereadores de Curitiba poderiam dar um exemplo, alterando uma lei que, segundo ele, “desincentiva o investimento”. O fundador da Cargolift reclamou da norma que trata da unificação de áreas de um mesmo dono particular, de 1966, que nestes casos estipula doação de 10% do lote ao Município. “Será que estamos num país comunista?”, perguntou. Ele pediu a revisão da norma e a centralização dos procedimentos burocráticos numa só secretaria municipal.
As afirmações geraram manifestações de protesto por parte dos vereadores. A primeira reação ao discurso de Marques partiu de Cacá Pereira (PSDC). Ele sugeriu que o empresário também utilizasse sua frota de caminhões para uma campanha de combate à sonegação de impostos. “São mais de 500 bilhões!”, esbravejou o parlamentar. Josete (PT) comentou depois que, diferente do que se diz, há corrupção também na esfera privada “e que isso não é posto de forma clara”.
Paulo Salamuni (PV) listou os avanços na área de transparência pública e de gestão na Câmara de Vereadores. Frisou que o empresário foi ouvido na mesma condição que, antes dele, “morador de rua, patrão, trabalhador, foram ouvidos com respeito”. “Só que ficou parecendo quando o padre dá sermão sobre quem não vai na missa para quem está na missa”, protestou o parlamentar.
Contudo, a reação mais notada em plenário foi quando o vereador Pier Petruzziello (PTB), fora dos microfones, disse que ele não poderia comparar a votação das “10 medidas” com a tragédia do Chapecoense. “Não pode comparar com um acidente onde morreram mais de 70 pessoas ontem, no qual eu perdi dois amigos. Foi uma tragédia. Não pode comparar”, gritou o vereador. Na presidência da sessão, Felipe Braga Côrtes (PSD) aguardou o plenário se acalmar para dar sequência na sessão plenária.
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